Sétimo Capítulo

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Jasmim se afastou lentamente do abraço apertado e protetor de Otávio.

Ele a olhava com carinho, saudade, ternura... E outro sentimento que ela não conseguiu identificar.

Hoffmann agarrou sua pequena pela cintura com uma mão, enquanto a outra levou até o rosto de ébano acariciando lentamente, fazendo-a fechar os olhos em apreciação.

— Eu... Eu não entendo — estava surpresa. — O que o senhor está fazendo aqui?

— Eu preciso te pedir perdão por tudo — a encarava atentamente continuando com os carinhos. — Eu estava perdido e acabei descontando todos os meus medos e frustrações em você, que não tem culpa de nada. Me perdoa pequena, por favor?

Jasmim arregalou os olhos com toda aquela intensidade nas palavras e nos gestos dele. Conseguiu se desvencilhar dos braços possessivos do ex-patrão, e se afastou organizando as longas tranças para depois o encarar.

— Eu não sei o que o senh...

— Por favor, me chama de Otávio. Não me sinto bem com você me tratando com tanta formalidade.

— Mas foi o senhor que pediu, e ainda disse para não confundir as coisas, pois eu era apenas uma funcionária.

Otávio sentiu uma dor forte no peito, como se tivesse sido perfurado por várias facas grandes de ponta fina.

— Você não sabe o quanto me sinto um idiota por isso. Imagino que não dá para esquecer tudo que já te falei e todas as vezes que a ignorei sem necessidade, mas quero muito te conhecer melhor, sinto que você é uma pessoa maravilhosa.

— Não vou dizer que não fiquei magoada com você, cheguei à conclusão de que não me queria por perto por eu ser negra e faxineira.

— Nunca! Pelo amor de Deus — chegou mais perto dela. — Sua cor é linda, sou completamente encantado por tudo em você, pequena — Otávio não segurava mais as palavras. — E todas as funções desempenhadas pelos funcionários da Hoffmann são dignas de respeito.

— Aceito seu pedido de desculpas, assim fico mais tranquila para voltar ao meu país.

— Fica Jasmim, por favor. — A agarrou colocando as duas mãos possessivamente na cintura fina. — Eu não quero ficar longe de você.

Ela o encarou por alguns segundos e se afastou retirando as mãos dele do seu corpo.

— Eu preciso voltar, já não aguento mais ficar em uma cidade que não sou bem-vinda. No Brasil tenho minha família e amigos que gostam de mim e que me apoiam... Que me dão forças para conseguir seguir em frente com a cabeça erguida e conquistar tudo que eu almejo sem precisar ficar sendo humilhada gratuitamente.

Otávio estava com os olhos marejados, pensando o porquê existiam seres humanos tão cruéis. Sabia bem o que Jasmim estava falando, pois mesmo quando era muito novinho e pequeno, via como a mãe sofria com todos os olhares maldosos, não entendia o motivo naquela época, mas já tinha noção de que era muito angustiante. E foi algo tão sério, que teve como fim, a tragédia onde perdeu os pais de forma tão fria, covarde e totalmente desumana.

O melhor para Jasmim seria voltar para o país dela, ficar perto da família e dos amigos, mas ele não deixaria sair de sua vida à única pessoa que mexeu com seus sentimentos, aumentou o ritmo das batidas de seu coração e que não saia dos seus pensamentos em nenhum momento desde que a viu pela primeira vez. Não deixaria passar a oportunidade de ter uma pessoa tão especial em sua vida.

Queria ela para ser mais que amiga, mas a sua razão não o deixava ir além de uma grande amizade.

Ter ela ao seu lado já significava muito, somente a presença de sua pequena já o acalmava e deixava sua vida mais leve e feliz. Eram sentimentos estranhos nunca vividos antes, mas que não queria parar de sentir de forma alguma. Era muito bom.

Quero Te Amar Sem Medo - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora