Sacrifícios

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(Narrado por Bucky Barnes)

Sozinho naquele box, cheguei quase perto do paraíso. Quase. Pois infelizmente Steve Rogers não estava ali presente.

Mas me aliviei daquele tesão excessivo que sentia desde quando Romanoff fez o favor de nos atrapalhar no dia anterior.

Saí radiante do banheiro. Até fiquei carismático ao lado de Sharon Carter. Tudo ocorreu bem no restaurante, tirando o fato de ter que fingir pra eles que estava adorando aquele rodízio de pratos exóticos.

No retorno para a equipe, decidi voltar com Sam. Steve entendeu perfeitamente. Nossos corpos precisavam manter certa distância por enquanto.

Ele e Carter saíam na frente enquanto o Falcão ligava o motor.

- Beleza, mas tente não me agarrar durante a viagem como fez com Steve! - Wilson sorrindo pra mim.

Fingi não entender.

- Do que está falando?

- Acha mesmo que eu não te vi abraçado no Rogers? - agora ele ria de mim. - Cara, ta acontecendo alguma coisa entre vocês?

Uau. A curiosidade desses agentes secretos é algo admirável.

Fiquei sério encerrando o assunto ao colocar o capacete.

- Cala a boca. Vamos embora.

[...]

Todos da equipe estavam uniformizados e a postos dentro do Quinjet quando eu e Sam chegamos.

Hill nos avisou que a localização do mutante estava em movimento há 20 minutos numa única avenida. Provavelmente fugindo da cidade num carro popular.

Os corpos dos dois agentes já mortos, assim como as motos, foram colocados dentro do jato que chegou primeiro. A equipe fora dividida, e Clint pilotava este comigo e Romanoff. Maria Hill decolava no outro levando Steve, Sam e Sharon.

Nos curtos minutos sobrevoando, me vestia apropriado para a missão. Trajava meu colete equipado de manga longa, que deixava apenas meu braço metalico a mostra.

- Ta, eu realmente quero saber o que aconteceu.

Dizia Natasha aproximando, cautelosamente para que Barton não pudesse ouvir. A encarei rápido e voltei a me ocupava, sem demonstrar carisma, nem aborrecido. E ela continua.

- Sharon voltou com Steve e agora voce está aqui nesse Quinjet. Sem ele.

- Estamos em operação. - respondi sem vontade.

- Bucky...

- Se preparem! - Barton interrompia exclamando.

Já seguíamos o fugitivo. Os dois jatos sobrevoando dois carros da polícia se distanciando da cidade numa avenida que no momento, não estava tão movimentada.

- Ele está com 7 policiais locais. Devem estar sob hipnose. Mantenham alerta! - Maria Hill avisando pelo comunicador.

Após dois minutos sobrevoando em modo lento, para acompanhar os veículos, ambos saem da avenida principal com a mesma velocidade para um matagal já numa area rural.

Provavelmente, o mutante já teria nos avistados quando tentou a fuga. E a comandante pela missão, pilotando o Quinjet principal, bloqueou a brecha que os dois carros adentrariam pelas árvores.

No imediato que Hill aterrissava, os veículos param de frente a nave. E Clint, também pousa por trás.

Eram em torno de 15:00 horas, o céu limpo.

Avisando em nossos comunicadores, Maria Hill ordenou que saíssemos pacíficos dos Quinjets. E assim aconteceu.

Juanes e os exatos sete policiais chineses também saem dos veículos, mas estes, com armas apontadas contra nós.

- Não tema Juanes, vamos apenas ter uma conversa. - dizia Hill enquanto aproximava dos carros parados.

Ela de fato, estava plena e com postura firme. Steve, Sam e Sharon logo atrás. Todos estávamos sem armas nas mãos, porem nossos uniformes trajavam preparados.

Eu permaneci ao lado de Clint e Natasha, com três dos policiais apontando para nós.

Era nítido que o garoto não estava bem. Físico e mental afetados. O cabelo bagunçado, os olhos baixos com olheiras, e marcas peculiares no rosto.

- Não estou com medo. Vocês que deveriam estar. - ele se esforçava para sorrir de forma vingativa à agente.

- Tudo bem. Podemos explicar... - Hill gesticulava quando fora interrompida.

- Ótimo! - agora ele dava passos para perto dela. - Pode começar pelo fato de ter mentido sobre o rastreador.

Ficamos intactos atentando os dois. Maria demonstrava impaciente, posicionando suas mãos na cintura. Ainda calada enquanto ele continuava.

- Eu lhe perguntei o motivo da injeção, e voce assegurou apenas ser testes de sangue! - exaltou.

- Tem razão, eu menti. - retrucava ela com voz firme. - A SHIELD está te rastreando...

- Hill, - interrompe Steve preocupado. - controle-se.

- Ele está certo Capitão. Menti. Infelizmente é assim que agimos, mas saiba que eu tive afeto por você, Juanes. Me perdoe.

Ouvindo aquilo, ascendeu ainda mais a fúria do mutante.

- Sem misericórdia! - falou convicto com os punhos cerrados.

No instante, o garoto forçou seu poder psíquico ferindo o cérebro de todos. A dor em nossas mentes nos fizeram ajoelhar se contorcendo.

Institivamente, as mãos nas cabeças, como se de alguma forma, pudéssemos desfazer ou evitar o sofrimento.

Gritávamos enquanto sua voz penetrava em nossos ouvidos como um eco tenebroso.

- Vocês agentes são todos iguais! Deve ser divertido controlar a vida dos outros não é mesmo?! - mesmo com a intensa tortura, encarávamos ele. - Irei levar um por garantia.

Agora, o jovem nos analisava, se virando para os dois lados. Os policiais ainda com expressões apáticas nos mirando.

- Você, levante!

Juanes aponta para Sharon. Ela se força saindo do chão até dar dois passos para perto dele, em silêncio.

A agente começa a lagrimar involuntariamente. Seu consciente estava sendo invadido. O rapaz procurava seus segredos como profissional dentro da SHIELD.

- Uau. - dizia ele com um forçado sorriso no canto da boca. - Como consegue ser tão boa guardando essas coisas? Me admira eles acreditarem em ti.

Atentamos suas palavras a observando. Ela demonstrava aflição, por provavelmente vários motivos.

- Que estranho. - franziu a testa. - Não imaginava que o Capitão América...

Seus olhos agora foram até Steve. Ainda estávamos sob a tortura mental, mas a tensão de nossa relação ser revelada era maior.

Eu e Rogers nos entreolhamos nervosos. E antes que o mutante continuasse a falar, Sharon Carter retira uma faca do suporte da cintura e a perfura sem pudor na região dos rins. Tudo em míseros segundos.

- O que? - pergunta em tom baixo, assustado com a ação da loira que caía em sua frente.

Com o imprevisto, Juanes dissolveu do uso de seu poder ativo. Era o momento para que agíssemos controlando a situação.

Tentei ao máximo demontrar estar compaixoso com o sacrifício voluntário da moça, entretanto, meu eu interior estava aliviado.

Infelizmente, talvez.

Nossa Proibida CondutaOnde histórias criam vida. Descubra agora