Ictar

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                      Ele costurou o ferimento como pôde, mas tinha mãos ásperas e pesadas e assim, a todo instante a agulha penetrava fundo demais, de modo que quando terminou, Felps achou que não lhe restara mais nenhum líquido no corpo tal a in...

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                      Ele costurou o ferimento como pôde, mas tinha mãos ásperas e pesadas e assim, a todo instante a agulha penetrava fundo demais, de modo que quando terminou, Felps achou que não lhe restara mais nenhum líquido no corpo tal a intensidade com que tinha chorado.

                    Talvez por pensar a mesma coisa, o homem o fez se deitar em sua própria cama de mantas improvisadas e deu-lhe uma caneca de chá feito de folhas vermelhas.

                      – Meu irmão é um idiota. – Cuspiu no chão, aborrecido – O que quer que ele tenha dito a você, não importa mais. Desculpa mesmo por toda essa merda, é que Marion não sabe diferenciar um humano de uma pantera híbrida.

                            Felps tentou sorrir.

                            –Você veio da vila que queimou? – Perguntou o tal.

                            Felps fez que sim.

                         –Que pena, era um lugar bonito antes de os darfs acabarem com tudo, vocês tinham uma praça de vendas muito próspera, se me lembro bem.  Tinha uma loja de couros muito boa ali. Muito boa mesmo.

                          Era desconfortável estar enrolado apenas na túnica do outro. Sentia-se nu diante do homem e não gostava da sensação. Encolheu-se.  Queria ao menos ter as roupas de volta, mas elas tinham sido abandonadas no meio da clareira, molhadas de sangue e sujas de terra. 

                     -Amanhã vou pegar um remédio pra você na Vila do Morto. Vai fazer a dor passar.  E... Também uma coisa pra você vestir, e aí – Ele baixou a voz – Aí estará livre.

                  Felps fez que sim outra vez, mas não tinha certeza de pra onde iria quando pudesse partir. Uma multidão de darfs o tinha seguido antes e não achava que poderia fugir deles outra vez.

                    –Tem família, não tem? Irmãos ou uma esposa ou...?– Perguntou o homem que novamente devia ter pensado a mesma coisa que ele, porque acrescentou – Eu poderia levar você até os seus parentes.

                   Felps abanou a cabeça e tomou mais um gole de chá.

                   Houve um instante de silêncio no qual o homem coçou a barriga enorme sob a camisa de tecido cru e então tornou a falar chacoalhando duas tranças castanhas feitas com sua barba:

                  –Posso perguntar por quê estava usando um vestido? Digo, você fugiu de um incêndio... Talvez tenha colocado a primeira coisa que viu pela frente...Foi isso?

                O rapaz sentiu o rosto esquentar. Sabia que tinha a cor do chá aquela altura, mas não soube como responder àquilo.

              –Você não fala muito, não é? Tudo bem. – Sorriu-lhe o homem. – Eu vou ficar lá fora na fogueira, e é bem aqui do lado, – acrescentou rápido – fique tranquilo. Nenhum darf vai passar por mim. Mas se tiver algum problema grite "Ictar" e eu virei.Está bem?


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  No próximo Capítulo Felps  recebe uma ESTRANHA proposta. 

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