Socorro

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             – Eu ouvi, criança. Eu ouvi. – Siri e Gorgoncor entraram pouco tempo depois. A mulher se lançou ao seu lado na cama encaroçada, e o abraçou com força, embalando-o como se ele fosse um bebê.

            –Pela sícy, garoto Ah... – Dizia a voz de Gorgoncor – Pelo amor de Deus... Fui eu, Siri, fui eu quem derrubou ele do cavalo, o pobrezinho, eu que trouxe ele aqui, coitadinho, ele veio gritando... Ah meu deus do céu...Siri...

            Felps levantou o rosto para ver Gong andando de um lado para o outro no aposento pequeno demais para aquilo, de modo que o homem dava dois passos e uma volta, para então repetir o movimento.  A asa única se agitando freneticamente ás suas costas, fazendo-o parecer um pássaro que tentava repelir água das penas.

           – O Mac me pediu e eu simplesmente aceitei. Ele me prometeu, oh meu Deus... Disse que queria impedir o garoto de fazer uma burrada. Eu não pensava que ele ia... Ah, Deus,... Me desculpa, garoto. Pobrezinho... 

          Felps quis dizer que o desculpava, mas não pôde porque ele tinha razão. Era sua culpa também, se não tivesse sido derrubado do cavalo, aquela hora estaria no norte, a salvo, ao lado de Ictar.

        Mesmo assim, Gong se lamentava enchendo o espaço com uivos de arrependimento e palavras aleatórias, enquanto Siri choramingava baixinho, beijando Felps pelo rosto todo. Ela secou as lágrimas do rapaz no próprio avental que cheirava a botahonha, então beijou-o mais, e só depois disse:

          – Chega. –  Ergueu o rosto para o marido –  Goc, você vai na frente, se Mac aparecer, –Ela fez uma pausa cheia de revolta – Acerte a cara dele.

Borboleta (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora