CAP. 13 - VISITANDO A DELEGACIA.

34 2 4
                                    

I - O Perigo me Espreita.

*Por Fernanda Veras*

Acordei um pouco atrasada, meio sem ânimo para o primeiro dia de aula, fiz minhas higienes, tomei café da manhã com minha mãe e fomos juntas para o colégio, sentei na última cadeira do fundo pra que ninguém olhasse pra mim, aproveitei que fazia bastante frio e coloquei o capuz da jaqueta na cabeça, ao meu lado tinha um garoto um pouco estranho, estilo "descolado" ou bagunceiro mesmo, era bem o tipo de pessoa que conseguiria me tirar do tédio, fazer coisas diferentes, qualquer loucura só pra fugir da rotina, fiquei observando ele por algum tempo e ele notou isso.
Ele estava me esperando na saída da escola, a princípio tive medo quando o vi, mas continuei andando em direção ao portão de saída, ao me aproximar dele sou puxada pelo braço.

- E favela, é nova no pedaço? - Disse ele.

- E , blz, sou sim. - Respondo.
Fica tranquila, não mordo, vamos trocar uma ideia? - Perguntou.

- Não posso, minha mãe deve vindo e ela é tipo mãe super protetora, se me ver aqui conversando com um estranho ela me mata. - Respondo.

- Você por acaso é a Rapunzel? - Me perguntou.
- Não entendi o que quis dizer com isso, - Digo um pouco confusa.

- A Rapunzel é que vive presa em seu Castelo, não é muito diferente de ti, - Diz ele meio debochado.

- Também não é bem por meu querido, - ( Digo cheia da razão, sentindo-se dona da verdade, só pra não ficar por baixo).

- Então o que te impede de sair um pouco, conhecer o bairro, aposto que sua mãe nem vai notar, é coisa rápida, Diz ele pondo a mão sobre meu ombro.

- Ela ainda deve demorar um pouco, vamo , acho que ela nem vai notar mesmo, mas tenho que voltar logo. - Digo enquanto ia se afastando do colégio e olhando para trás.

II - Pro Chão, Pro Chão.

Naquela conversa toda fiquei tão distraída que nem perguntei o nome dele, fomos caminhando pela calçada até uma praça próxima ao colégio, sentamos em um banco e ele tirou da mochila uma caixinha, uma vez e outra passava alguém e sem falar nada, ele tocava com o dedo na caixinha tipo uma tela touch screen e saía da caixa um tipo de sachê e repassava para algumas pessoas que deixavam dinheiro em sua mão e ele rapidamente colocava no bolso, curiosa perguntei se ele conhecia essas pessoas e o que era aquilo que ele repassava para elas, ele só me responde que aquilo era seu ganha pão, era o trabalho dele, nisso ele me pede pra segurar enquanto ele ia no banheiro, eu não tinha ideia do que era aquilo, não vi mal nenhum em ficar com aquela caixa por alguns minutos, pedi que ele voltasse rápido pra me levar de volta até a escola, e ele deu sinal de joinha confirmando, minutos depois aproximaram-se de mim, dois policias e apontaram as armas pra mim gritando, PRO CHÃO, PRO CHÃO AGORA.
Sem entender nada do que estava acontecendo, coloquei a caixinha e minha mochila no banco e deitei no chão, meu coração disparou e meu corpo todo tremia de nervosa, e lágrimas começaram a escorrer no meu rosto, fui algemada e colocada na viatura da Polícia e levada pra delegacia, nunca havia desejado tanto a minha casa como naquela hora, pedia pra ligar para a minha mãe, mas os policiais não permitiram, só deixaria fazer uma ligação após o interrogatório.
Fui levada para uma sala um pouco escura e ao centro tinha uma mesa e três cadeiras e acima uma lâmpada que clareava pouquinho o ambiente, se o intuito disso é causar medo, acredite fiquei apavorada, me pediram para sentar em uma das cadeiras e nas duas outras estavam dois policiais, que começaram a fazer perguntas:

UM ANJO SEM ASAS ( O Segredo de Bryan)Onde histórias criam vida. Descubra agora