Capítulo 6

215 19 8
                                    

Guilhermo estava escorado em uma das pilastras do castelo de Artena observando Valentina que deslizava com suavidade pelo salão organizando a chegada das comitivas de Montemor e Astrilha. Seu coração batia forte no peito, sabia que depois de todas as recusas que recebera dela, essa era a sua última chance de conquistá-la. Encheu o peito de ar tentando controlar a ansiedade de se aproximar.

- Melhor desfazer a cara de apaixonado senão não terei nenhuma chance! - A voz de Felipo soou de forma jocosa ao lado de Guilhermo.

- Você não tem nenhuma chance, Felipo! - Guilhermo bateu-lhe de ombros.  - E infelizmente,  pelo número de recusas que recebi no último mês, acho eu também não. - Complementou Guilhermo fazendo uma careta.

- Sério? Acha mesmo que não tem chances? Eu os vi no baile, a tensão era quase palpável. - Felipo olhou pra Guilhermo estudando o ar desconsolado do amigo. - Como assim último mês? O que aconteceu no último mês? Pelos céus, odeio ser o último a saber das bisbilhotices do reino.

- Não tem bisbilhotice. Eu enviei seguidas mensagens, declarei meu interesse, fui gentil.... - Guilhermo deu de ombros. - E a única resposta que recebi foi uma linha e, pelo que me disse o mensageiro, por pura compaixão, já que eu havia proibido o pobre rapaz a voltar sem uma resposta.

- Eu não entendo, eu senti algo forte em vocês dois, eu tenho certeza que senti, eu não costumo me enganar nesses assuntos. - Felipo mexeu nos cabelos nervosamente. - Eu tenho certeza, Guilhermo, total certeza que Valentina tem sentimentos por você. - Fazendo uma careta estranha, Felipo sorriu abertamente. - Já sei, já sei, já sei. - Felipo pulava em torno de Guilhermo. - Eu vou ajudar vocês, vou mesmo, serei o cupido de vocês, eu tenho meus truques, amigo. - E dando tapinhas nas costas de Guilhermo, Felipo concluíu. - Agora coloque um sorriso no rosto e disfarce esse desconsolo. Vai ficar tudo bem, vai dar tudo certo, ou não me chamo Felipo.

Guilhermo olhou para o amigo e sorriu, sabia que quando ele tomava para si uma missão não sossegava até conseguir o que queria.

- Obrigado, Felipo, saber que tenho seu apoio me deixa mais confiante. - Guilhermo abraçou o amigo, mas logo o afastou. - Você não fica magoado com isso? Quer dizer, você sabe qual é a real intenção de nossos pais com esse encontro...

- Cruzes, socorro!!!! - Felipo fez uma cara esquisita e Guilhermo riu do jeito do amigo. - Que Deus me proteja! Claro que sei! E só vim para poder assistir de perto o nascimento dessa história de amor. Eu e Valentina... - A gargalhada de Felipo ecoou pelo salão chamando a atenção de todos. - Desculpe, Guilhermo, mas eu e Valentina jamais teríamos qualquer chance juntos, pode ficar tranquilo amigo.

Valentina estava tão compenetrada em organizar a chegada das comitivas que não prestou atenção nos dois príncipes que a observavam até o momento que a risada de Felipo ecoou pelo salão. Virou-se na direção do som e o que viu foi dois olhos castanhos lhe observando atentamente.

Guilhermo.

Era real, ele estava ali, ele estava a olhando com um enorme sorriso no rosto e quando seu olhos se cruzaram fez uma leve mesura com a cabeça, cumprimentando-a. Automaticamente seu estômago entrou em colapso e suas pernas amoleceram. Valentina respirou fundo e devolveu o movimento com a mesma leveza, desviou o olhar para Felipo, que sorria de forma altiva, sorriu para o amigo e voltou-se a seus afazeres.

Valentina não tinha certeza se havia conseguido disfarçar seus sentimentos, mas certamente fizera um esforço descomunal. Mal se restabelecera e uma voz conhecida soou próxima, mas essa voz não lhe abalava, muito pelo contrário, só lhe dava forçar para resistir as tentações e seguir com seus planos.

- Valentina, como é possível que estejas mais linda hoje do que a um mês atrás?

- Tia Amália! - Valentina sorriu e recebeu o abraço retribuindo-o. - Acho que é a alegria de tê-los conosco, por que outra razão seria? Estou muito feliz de estarem aqui, é tão bom ter um pouco de movimento no castelo.

ValentinaOnde histórias criam vida. Descubra agora