Capítulo 10

146 9 13
                                    

Valentina chegou ao castelo e desmontou de forma apressada. Sabia que Guilhermo estava logo atrás dela e queria evitar que ele a visse daquela forma. Entregou seu garanhão na mão do cavalariço que a esperava, agradeceu rapidamente e entrou em passos rápidos no castelo. Queria chegar logo em seus aposentos, trocar-se e, de alguma forma, dissipar a raiva que sentia de si mesma.

- Princesa! - Sônia, a governanta do castelo a esperava em frente à porta. - Hulda teve um contratempo e precisou se ausentar. Estou aqui a sua disposição para o que as suas necessidades.

- Era o que me faltava. - Valentina resmungou e revirou os olhos, contrariada. Precisava de Hulda ali. Hulda estava acostumada com ela, sabia de como ela gostava das coisas e no momento não estava com vontade, e nem com forças, para ser educada e cordial. Respirou fundo e olhou para Sônia com gentileza. - Por favor, me prepare um banho, sem sais ou especiarias, apenas tenha certeza que a água esteja escaldante.

Sônia assentiu e se retirou do cômodo, deixando Valentina a sós com seus pensamentos. E claro, para angustia de Valentina, seus pensamentos foram direto para o beijo de Guilhermo. Valentina abriu as portas que davam para o balcão e apoiou-se na mureta de pedra, no horizonte uma última linha de luz contrastava com a escuridão do céu sem luar.

- Eu sou uma idiota. - Valentina falava para o vento. - Uma completa idiota.

O vento não lhe respondeu e aquele silêncio aumentou sua angústia.

- Eu quis beijá-lo, eu esperava tanto daquele beijo, mesmo sabendo o risco que eu corria, eu esperava tanto daquele beijo e.... - Tampou o rosto com as mãos sentindo-se mal ao lembrar-se da decepção que fora o beijo de Guilhermo. - Eu não sei o que deveria sentir, mas certamente não era pra ser essa decepção.

Valentina ergueu a cabeça e aguçou os ouvidos esperando uma resposta, mas o que ouviu foram batidas na porta de seus aposentos.

- Entre, Sônia, pode deixar tudo pronto e voltar para seus afazeres, você deve estar bastante ocupada uma vez que estamos com convidados. - Valentina orientou a governanta sem mesmo olhar pra trás. - Em uma hora me envie uma das moças novas para me ajudar a me vestir.

- Se não se importar, eu posso ajudá-la, tanto no banho quanto a se vestir. - A voz de Guilhermo soou as costas de Valentina que virou-se bruscamente.

- O que está fazendo aqui, Guilhermo? - Valentina quis saber indignada.

- Vim me desculpar e tirar a má impressão que deixei. - O olhar de Guilhermo era sério, duro, mas Valentina conseguiu ler também um pouco de mágoa e decepção.

- Não há nada que se desculpar e nem má impressões a serem tiradas, Guilhermo. - Valentina virou-se novamente, dando-lhe as costas. - Você me beijou e eu permiti. Felizmente não foi nada demais, portanto, podemos seguir em frente e deixar essa parte para o passado.

- Eu não quis assustá-la. - A voz de Guilhermo estava mais próxima e com um tom rouco, quase sensual.

Valentina sentiu novamente aquele borboletar em seu estômago, mas dessa vez não deixou que lhe tomasse o corpo, já sabia que a expectativa era muito diferente da realidade.

- E não o fez. Acredite Guilhermo, não estou assustada. - Valentina apoiou as mãos na mureta, mantendo o corpo reto e altivo.

- Decepcionada então seria o termo certo a usarmos? - Guilhermo se aproximou mais ao falar, suas mãos cercaram o corpo de Valentina apoiando-se na mureta, ao lado das dela.

- Como lhe disse antes, criei sim alguma expectativa, mas que moça não criaria? Suas mensagens românticas e suas declarações me levaram a esse lugar. O momento surgiu e decidi que era hora de provar um beijo. - As mãos de Guilhermo cobriram as de Valentina enquanto ela falava fazendo seu coração disparar. - E feito, provei, estou decepcionada, não com você, meu caro amigo, comigo. Eu sempre soube que atitudes românticas e arroubos de paixão não faziam parte de mim. Me perdoe seu lhe magoei.

ValentinaOnde histórias criam vida. Descubra agora