- Eu sei que você sente o mesmo que eu... - Guilhermo se aproximou de Valentina mais um passo. - Não quero que você me ache um atrevido e que não respeito sua opinião... - Mais um passo e seus corpos se tocariam. - Tudo que eu peço é uma chance pra que eu prove que estou certo... - Guilhermo estendeu as mãos e segurou o rosto de Valentina entre as mãos. - Um beijo, Valentina... - O polegar de Guilhermo correu pelos lábios da princesa. - Eu prometo que não me aproximarei mais com assuntos do coração caso não seja do seu agrado, caso eu esteja errado sobre seus sentimentos... - Guilhermo colou a testa na de Valentina, as bocas tão próximas que Valentina podia sentir a respiração quente de Guilhermo tocando-lhe os lábios. - Só me prometa que vai me dizer a verdade... - Guilhermo correu o braço pelas costas de Valentina fazendo seus corpos se tocarem. - Um beijo... um beijo, Valentina... - Guilhermo roçou os lábios dela com os seus e se afastou só o bastante para olhá-la nos olhos.
Aqueles olhos, Valentina não conseguia resistir aqueles olhos, mordeu o lábio inferior provando o sabor adocicado que o leve roçar dos lábios de Guilhermo havia deixado nos seus, ela não tinha como resistir, ela não tinha forças para resistir.
Um clarão lhe cruzou a mente afastando Guilhermo dela.
- Não! - Valentina estendeu os braços tentando segurá-lo.
- Bom dia, Alteza! - A voz de Hulda lhe atravessou os ouvidos como uma flecha a acordando de forma brusca, enquanto terminava de abrir as janelas do quarto.
- Me deixe dormir mais, Hulda! - Valentina cobriu a cabeça com o travesseiro. - E feche essa janela! A claridade! Acabe com essa claridade!
Hulda olhou assustada para a Princesa, nunca a ouvira falar naquele tom, algo entre irritado e desesperado.
- Alteza, está tudo bem? - Hulda se aproximou de Valentina, afastou o travesseiro de seu rosto e tocou-lhe a testa procurando algum sinal de febre. - A Princesa está quente e ruborizada, vou buscar o médico, me parece estar febril, Alteza.
- Não! Não é necessário! Só estou cansada! - Valentina puxou novamente o travesseiro sobre o rosto, precisava voltar ao sonho, aos braços de Guilhermo, ao adocicado sabor dos lábios dele...
- Alteza? - Hulda por mais uma vez puxou-lhe o travesseiro. - Está me deixando preocupada.
Valentina respirou fundo e abriu os olhos para encontrar dois pares de olhos castanhos arregalados a lhe olhar.
- Desculpe, Hulda, acho que a correria dos último dias com o preparativos para a chegada das comitivas me deixaram extremamente cansada. - Valentina sentou-se na cama e deixou escapar um suspiro contrariado. - Que horas são?
- O sol acabou de nascer, Alteza! - Hulda apontou para a janela aberta. - Seu cavalo já está pronto para o seu passeio matinal e seu desjejum já está na antessala.
- Obrigada, Hulda! - Valentina se levantou e caminhou até a antessala com a empregada atrás. - Vou comer algo leve, não é necessário me trazer o desjejum em meus aposentos essa semana. - Hulda a olhou curiosa. - Vovô pediu que eu estivesse a mesa essa semana, já que temos convidados.
- Claro, Alteza! - Hulda concordou enquanto servia uma porção generosa de chá. - E seu passeio?
- Agradeça ao Cavalariço e o avise que só sairei a passeio na parte da tarde. - Hulda concordou com um aceno de cabeça. - E o peça que prepare também dois puro sangues para os Príncipes, eles me acompanharão no passeio. - O cheio do chá chegou a Valentina, aquele cheiro... - E, Hulda?
- Pois não, Alteza.
- Esse chá, é diferente do que me costuma servir. - Valentina olhava a dama de companhia com curiosidade.
- Ah, sim, Alteza! - Hulda sorriu feliz. - Foi um oferecimento do Príncipe Felipo a nossa cozinha. Uma mistura de Canela, gengibre e limão. Dizem que é um revigorante poderoso, além de conter um cheiro maravilhoso.
- Sim, maravilhoso! - Os pensamentos de Valentina voaram para o sonho, para o quase beijo, para o suave roçar dos lábios de Guilhermo nos seus...
- Alteza! - Hulda lhe tirou mais uma vez de seus devaneios. - Está rubra novamente, tem certeza que não devo chamar o médico?
- Não, Hulda! - Valentina lhe disse controlando a impaciência que lhe tomava o corpo, não só pelas interrupções de Hulda, mas pela insistência de seus pensamentos correrem livremente em direção a Guilhermo em toda oportunidade. - Só acordei um pouco acalorada.
- Talvez um banho a ajude, Alteza, se desejar posso providenciar. - Hulda sugeriu prontamente a Valentina.
- Sim, Hulda, um banho, um banho seria perfeito. - Valentina concordou com Hulda que, com um sorriso feliz, se afastou em direção a porta da antessala.
- Sim, um banho quentinho! - Valentina suspirou. Um banho quentinho lhe relaxaria, um banho delicioso, como um abraço quente, quente como o abraço de Guilhermo. - Huldaaa!!! - Valentina chamou antes que a Dama de Companhia rompesse a porta. - Frio, um banho frio, eu diria gelado até.
- Alteza? - Hulda questionou Valentina sem entender as razões da princesa.
- Frio. É isso. Preciso de um banho frio, muito, frio! - Valentina insistiu para a contrariedade de Hulda.
- Pois não, Alteza.
Hulda fechou a porta da antessala e apoiou-se nela. Algo estava acontecendo com sua princesa, algo que alterara seu humor sempre tão estável, que a fazia mais introspectiva do que o normal e lhe instalara um rusga quase imperceptível em sua testa. Não deixaria que nada nem ninguém ferisse ou incomodasse sua Princesa, ela já perdera a chance de ver seu bebê tornar-se mulher e depois, quando conseguiu se aproximar, arrancara-na dela. Não, ela precisava proteger a sua princesa e o faria com unhas e dentes se fosse necessário. Usara de toda a sua força para poder estar ali com ela, vê-la crescer. Perdera seus poderes, mas ainda conhecia alguns truques e os colocaria em prática.
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Valentina
FanfictionValentina, filha de Catarina de Lurton e do Rei Otávio da Lastrilha foi criada por seu avó, o Rei Augusto de Artena. Em sua vida sempre pesou a sombra de sua mãe, enforcada pelos crimes que cometeu em busca do amor e do poder, e de sua vó, uma das b...