Capítulo 7

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- Hulda, como estou? - Valentina quis saber de sua dama de companhia. Queria passar o mais desapercebida possível no jantar de boas vindas ao convidados, por isso escolhera um vestido cinza, sem detalhes, de colo alto e mangas retas.

- Bem, como sempre, Alteza! - Hulda sorriu a responder, mas não conseguiu disfarçar uma leve crítica no olhar.

- Diga, Hulda, o que realmente pensa? Notei uma leve olhar de crítica. O vestido não me cai bem? - Valentina procurou os olhos da Dama de Companhia incentivando-a a dizer o que pensava.

- Bem, Alteza, qualquer coisa que esteja trajando, sempre lhe cairá bem, mas... - Hulda fez uma breve pausa procurando as melhores palavras. - mas, essa é uma noite de celebração e não consigo entender porque escolheste um vestido tão simples... tão desinteressante.

- Quer dizer que achas meu vestido desinteressante? - Perguntou Valentina num tom leve e agradável.

- Me perdoe, Alteza, mas sim, o achei desinteressante. - Respondeu Hulda com sinceridade.

- Ótimo! - Valentina sorriu para a Dama de Companhia. - Era exatamente esse o efeito que eu desejava.

- Se me permite, Vossa Alteza, não é a roupa que faz o monge. - Hulda argumentou com um sorriso tímido.

- Seja mais direta, Hulda. - Valentina pediu com um ar curioso.

- Mesmo que o vestido seja desinteressante quem o veste não o é. É como eu disse, a roupa não faz o monge. Vossa Alteza poderia vestir-se de trapos que, mesmo assim continuaria sendo a mulher mais bela do castelo.

- Hum! - Valentina refletiu por alguns segundos a fala de Hulda antes de continuar. - Bem, vamos esperar que você esteja errada, Hulda.

- Sim, Alteza. - Hulda respondeu rindo baixinho da tola esperança da princesa.

Valentina saiu do quarto em passos apressados, seu avô não gostava de atrasos e muito menos ela, mas nesse dia em especial não se importaria em chegar já no final do jantar. Perdida em seus pensamentos não notou quando um vulto surgiu de traz de uma das colunas.

- Valentina, vais me evitar por uma semana? - A voz rouca e grave de Guilhermo surgindo inesperadamente no meio do corredor escuro lhe fez tremer com tanta intensidade que seus joelhos dobraram.

- Não quis assustá-la! - Guilhermo abraçou Valentina impedindo que ela caísse. - Perdão!

O som inesperado somado ao toque mais inesperado ainda, deixou Valentina sem fala e forças por alguns segundos e, consequentemente, nos braços de Guilhermo por mais tempo.

- Fale comigo, Valentina! - Guilhermo pediu preocupado girando Valentina nos braços para que ela ficasse de frente para ele. - Vamos, princesa, tens sempre algo a dizer. - A mão de Guilhermo tocou o rosto de Valentina e seu polegar buscou-lhe os lábios movimentando-os suavemente. - Está me deixando assustado, Princesa.

Valentina respirou fundo expulsando do corpo as sensações e emoções que aquele entrevero lhe causara.

- Me solte! - Valentina sussurrou entre os dentes ao mesmo tempo que apoiava as mãos no peito de Guilhermo e o empurrava.

- Certamente, desde que me diga que pode ficar de pé sozinha. - A mão que a pouco estava no rosto e lábios de Valentina agora corriam por suas costas até parar na base de sua coluna. - Não foi minha intenção assustá-la, não é necessário que fique brava comigo.

- Não estou brava. - Valentina respondeu num tom neutro. - Apensa me assustei, o que não é comum. - E o empurrando com força afastou-se dos braços de Guilhermo. - Como pode notar já consigo me manter em pé. - E virando-se em direção ao seu caminho voltou a caminhar. - Alias, não acredite nem por um momento que eu cairia, eu me assustei sim, mas não ao ponto de perder as forças.

ValentinaOnde histórias criam vida. Descubra agora