Prólogo

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- Quais são os reinos da Cália? – A voz baixa, rouca e aveludada do vulto negro soou na escuridão do quarto e dois pequenos olhos negros se apertaram forçando a memória.

- Artena, Montemor, Alcaluz, Vicenza, Andnar, Brunis, Castelotes, Sonciera e Morgenhof.  – Uma pequena pausa e a voz infantil seguiu. – E Lastrilha, que se uniu a Cália quando a Rainha Selena foi coroada.

- Muito bem, minha pequena princesa. E quem são seus governantes?

Dessa vez a resposta foi de pronto.

- O vovô por Artena, Rei Afonso por Montemor, Rei Rodolfo por Alcaluz, Rainha Sofia por Vicenza e Andnar, Rei Gustavo por Brunis, Castelotes e Sociera e Rainha Luzia por Morgenhof. Lastrilha eu já disse ma...

- Meu amor, lembre-se, você jamais deverá falar sobre mim e sobre minha existência, ninguém jamais poderá saber, não deves me chamar assim.

- Mas eu nunca vou poder te chamar de ma... – A pequena princesa interrompeu a fala quando uma mão delicada posou em sua boca.

- Na hora certa, no momento certo, quando todos os reinos forem seus e você for a maior Rainha que o mundo já viu, nesse momento estaremos juntas para sempre e você poderá me chamar como deseja. Você entendeu?

- Sim.

- Em quem você confia, meu amor?

- Em você, somente em você.

- Pra quem você pode contar sobre as nossas conversas?

- Pra ninguém.

- Muito bem, meu amor, agora feche os olhos e tenha uma boa noite de sono.

Com um sopro, a vela que flamejava ao lado da cama da pequena princesa se apagou e o vulto se afastou lentamente, porém, antes de romper a  grande janela, a luz flamejante se fez novamente fazendo o vulto se voltar para a princesa deitada na cama.

- Nem para o vovô? – A pequena quis saber. – Ele sempre fala sobre você.

- Seu avô é um homem bom, meu bem, ele sempre me amou e sei que ama você também, mas, nem mesmo pra ele, ele também é culpado de nossa separação.

O vulto sumiu na escuridão como se nunca ali estivesse estado, mas fez sua voz soar uma última vez antes que a pequena princesa adormecesse.

- Eu, e somente eu, te amo incondicionalmente, meu amor, jamais se esqueça disso.

Em seus pensamentos a pequena princesa respondeu aquela voz sempre tão presente em seus cinco anos de vida.

"Eu jamais vou me esquecer, mamãe."

ValentinaOnde histórias criam vida. Descubra agora