Dopamina

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— Olá! Você deve ser a Coleen, certo?!

Uma garota de cabelos curtos e com um gravador na mão se aproximou de mim. Ela me abordou enquanto eu adentrava no Campus. Usava um vestido cinza com bolsos por todos os lados, uma mochila nas costas e uma bolsa à tira colo. Falava rápido, como se cada instante do seu tempo fosse extremamente precioso. Seus olhos brilhavam de curiosidade enquanto me pressionava mentalmente, com o gravador próximo da minha boca.

— Sim, sou eu — eu disse, ainda um pouco assustada com a aparição repentina dela.

— Você veio para o projeto de dança, não é? Parece realmente boa dançarina. É tão boa quanto os professores falaram? — Ela perguntava rápido, cada vez mais perto de mim.

— Eu... Não sei o que os professores falaram e... Não sei seu nome.

— Ah! — Ela se afastou, tomando postura. — Meu nome é Bea, eu sou responsável pelo jornal da escola. — Ela disse orgulhosa.

— Isso explica tudo — murmurei.

— Enfim, como era sua antiga escola? Sempre quis vir para cá? Conheceu alguém interessante? Os garotos daqui são mais bonitos que os da sua outra...

— Beatrice!

Ela se virou para ver quem a tinha chamado. Virei-me também e vi um garoto de cabelos lisos e escuros, os olhos azuis pareciam extremamente estrategistas e o sorriso sacana mostrava que estava aprontando. Não sei porquê, mas me senti aliviada ao vê-lo se aproximando de nós, atraindo a atenção dela.

— O que foi? — Ela perguntou um pouco irritada.

— Um completo estranho entrou na sala da diretora, não sei quem é, mas usava uma camisa com o nome do jornal da cida...

— Oh, meu Deus! — Ela o interrompeu, empolgada, pegando nos seus ombros e o balançando. — Será que eles vão oferecer estágios?! Isso, sim, é um furo! — Ela o soltou bruscamente. — Nos falamos depois, Coleen!

E saiu correndo, tentando sustentar suas duas bolsas. Com uma sobrancelha arqueada, a observei se afastar.

— Então... Desculpe por isso — o garoto se virou para mim, com as mãos os bolsos. — Bea geralmente é bem intrometida, basta não falar nada e ela te deixa em paz depois de um tempo... Eu acho.

Ventava um pouco, apenas uma brisa leve. Essa mesma brisa levou alguns fios negros para frente de seus olhos no momento em que ele sorriu de modo amigável. Ele tinha um sorriso largo e brilhante.

— Não peça desculpas, está tudo bem. — Sorri e, depois de olhar para os dois lados como se estivesse conferindo se ninguém iria me ouvir, me aproximei como se fosse contar um segredo. — Mas, mesmo assim, muito obrigada. Não sei mesmo como eu me livraria dela.

Ele riu e eu o acompanhei, me afastando novamente.

— Meu nome é Sam — ele estende a mão.

— Eu sou Coleen — estendi a minha também, e demos um aperto de mãos.

— Bom, disso eu já sei. Como pode perceber, as notícias se espalham rápido por aqui.

Ele fez um sinal com a cabeça, apontando a direção que Bea havia ido. Eu ri de leve, soltando sua mão.

— Está procurando a diretora? — Ele perguntou, voltando com suas mãos para os bolsos.

— Na verdade, não. — Tombei a cabeça para um lado. — Não estou com a mínima vontade de ir parar em uma sala de diretoria. Se é que me entende. — Eu pisquei o olho direito para ele, que riu.

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