- Sam - a professora o chamou, mas ele continuou jogando. - Sam?
Sebastian não perdeu a chance de se esticar até a mesa do irmão, que ficava ao lado da sua, e puxar o celular de suas mãos graciosamente com a ponta dos dedos.
- Ei! - ele reclamou
Sam levantou os olhos azuis claramente raivosos para o irmão que deu um sorrisinho diante do Game Over estampado na tela. Então Sam olhou para frente, para o olhar repreensivo e provocativo da professora, que o encarava com os braços cruzados, esperando uma satisfação.
- Sam, você ouviu minha pergunta? - ela tentou, mesmo sabendo que era inútil.
- Ah... - ele insinuou falar, claramente perdido.
Tive que esconder uma risada atrás do meu exemplar de Romeu e Julieta. Abafada pelas páginas, ela não chegou aos ouvidos de Sam quando a professora revirou os olhos e deu um sorriso de quem já estava claramente acostumada com essas situações.
- Sam - ela começou novamente, cheia de graça e paciência -, na sua opinião, por que ela se matou?
Sam contorceu um pouco o rosto em uma careta engraçada, bem parecida com a que ele fazia quando estava enfrentando monstros demasiado difíceis - ao menos antes de sua partida ser interrompida. Alguns rápidos olhares na sua direção me fizeram perceber que ele estava realmente perdido.
Quando ele olhou para mim, buscando algum tipo de ajuda na multidão, apontei para o título na capa do livro e indiquei com a cabeça o exemplar que estava sobre sua mesa.
- Ah, claro! - Ele exclamou, pegando o mesmo e se agarrando a ele com mais empolgação do que deveria. - Romeu e Julieta, grande clássico da literatura! - ele sorriu para a professora.
Ele realmente estava esperançoso na bajulação, mas ela resolveu apenas prosseguir, assentindo desacreditadamente, mas talvez com um pouco de compreensão também.
- Por que você acha que a Julieta atentou contra a própria vida por Romeu?
- Está aí uma coisa que eu não entendo - ele começou, fazendo o irmão negar levemente com a cabeça e a sala explodir em risadinhas.
Por eu ter chegado um pouco depois, a professora me autorizou a me juntar com um dos colegas do meu grupo para o trabalho. Sam estava demasiado ocupado, e outros motivos mais só fortificaram minha vontade me juntar a Sebastian, que me recebeu ao seu lado com um sorriso no rosto. Então eu assistia de camarote a cena de implicância dos gêmeos e a necessidade óbvia de Sam em fazer algum sentido na matéria que ele com certeza odiava.
- O que você não entende? - a professora perguntou.
- Não consigo pensar num motivo convincente para se matar por alguém - ele deu de ombros.
A professora expressou um biquinho. Um clássico do Romance e um bando de adolescentes. Dois universos se chocando em um baile cheio de expectativas e dúvidas. Era isso que ela queria.
- Hum... - ela murmurou e o encarou como se pensasse em outra abordagem. - Sam, já se apaixonou?
A pergunta veio acompanhada de risadinhas e murmúrios por parte dos outros alunos. Sorri de canto me lembrando do comentário de Sebastian quando nos encontramos pela primeira vez.
- Ele se apaixonou, sim, professora - Sebastian se intrometeu -, e foi um amor tão cansativo que ele até esqueceu dos jogos dele.
Ele balançou o celular que tinha nas mãos, com um sorriso sacana no rosto. Sam tentou se esticar para pegá-lo, mas Sebastian o jogou dentro da minha bolsa e sussurrou um "não devolva" perto da minha orelha.

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RomansaColeen respira dança. Ela a vê em todos os cantos da existência de alguém, em todas as curvas do seu mundo. Determinada e intensa, ela não se proíbe de arriscar tudo o que tem para ir atrás do que a seduz, e seguindo esse ritmo desenfreado do seu co...