Espalha-se pelo meu corpo mais rápido do que o sangue que corre pelas minhas veias; dá voltas pelas minhas curvas e depressões; trás, junto de sí, a adrenalina. Não sei se vem dos pés ou da cabeça, não sei se o ritmo está nos meus ouvidos ou na minha pulsação, mas sei que é Dopamina, é prazer.
Essa é a coisa que mais me fascina nos seres humanos: o corpo. Não de uma maneira maliciosa, mas de uma maneira musical, ritmada. O corpo é expressão, é movimeto, é música.
É dança.
Desde meus seis anos, isso era tudo o que eu entendia.
Não consigo me lembrar bem de como eu era antes da dança. Não me vejo sem ela sustentando cada um dos sentimentos dentro de mim. Talvez, meramente uma criança com dificuldades para se expressar. Uma caixa lacrada, e ninguém tinha a chave. Não conseguia, simplesmente não saia. A vida da minha família estava marcada e isso fez com que qualquer progresso que eu tivesse feito, fosse cancelado. Não falava papai, não falava mamãe.
Não falava nada.
Fonodiólogos diziam que não entendiam o problema, Neurologistas diziam que não havia nada de errado no meu cérebro, mas os Psicólogos nos deram a chave: "ela só precisa encontrar um jeito de se expressar".
Uma chave.
Uma semana depois, eu estava na minha primeira aula de balé. A mais nova da minha turma, apesar de ter começado atrasada.
Lembro-me de fugir da primeira aula. Eu havia odiado aquela professora de nariz pontudo me dizendo palavras estranhas e querendo que eu traduzisse aquilo em comandos. Sempre odiei receber ordens, e ela claramente pegarano meu pé por causa de vários quesitos no meu histórico.
Não podia sair daquela escola de Artes, tinha que arrumar algum lugar para me esconder. Nos corredores, me trombei com um garoto mais alto do que eu de olhos inesquecíveis que, pela escultura que eu o fiz deixar cair no chão e se espatifar, era aluno de artes plásticas. Ele apenas falou um "Ei!" e encarou tristemente sua escultura destruída. Eu não falei nada - não conseguia -, apenas o encarei desejando pedir desculpas e que ele não chorasse, mas depois de alguns segundos tentando, voltei a correr em silêncio pelos corredores.
Parei por ouvir uma melodia diferente da enjoativa que nos obrigavam a dançar na minha classe. Era uma turma de alunos maiores, todos estavam sentados no chão com as pernas cruzadas. No centro do circulo de pessoas, um garoto e uma garota faziam uma coreografia misturada. Era cntemporâea, mas com a graça de um Balé, ainda sim, o ritmo era radical demais para Lago dos Cisnes. Era encantador. Hipnotizante.
— Ei! Coleen!
Eu me virei e vi minha professora correndo até mim, olhei para frente, mais uma vez tentando captar com os olhos cada detalhe e ângulo da coreografia, que permanecia inabalável. Nada parecia tirar-lhes a atenção deles.
— Fialmente te achei! Você não pode sair assim no meio da aula! — ela chegou até mim, colocando as mãos nos meus ombros, ofegante.
A olhei com os olhos arregalados, não conseguindo tirar nenhuma palavra das minhas cordas vocais. A professora olhou para frente, para saber o que prendia minha atenção.
— Oh! Essa turma é realmete hipnotizante. Dança contemporânea, Balé, Hip Hop... Eles são quase mutantes, daçam de tudo e misturam tudo. São muito avançados — ela voltou-se para mim, abaixando-se para ficar a minha altura. — Mas todos eles começaram de baixo, o mesmo lugar em que você está. - Eu continuei em silêncio, como sempre. - Quer ser igual a eles, Coleen? Quer se expressar pelos movimetos do seu corpo?
Tudo que eu queria era dizer um alto e empolgado "sim", mas só consegui balançar positivamete a cabeça.
- Então esforce-se, Coleen. Você pode chegar lá. Não precisa usar palavras para fazer todos se hipnotizarem por você.
No início, eu era péssima.
Mas a cada tombo, me levantava com mais vontade de continuar. Um mês depois, comecei a falar, exatamete depois de receber meu primeiro elogio, vindo de uma das alunas mais velhas. Meus pais quase choraram de alegria, eles estavam me tendo de volta!
Eu praticava Balé depois da escola, Dança Cotemporânea à tarde e era pega ensaiando passos de Hip Hop em casa. Quando completei onze anos, comecei a usar meus horários de almoço da escola para dançar Sapateado no auditório, depois comecei a fazer aulas de Tango à noite, daí veio Valsa e outros ritmos.
A cada ano, meu amor pela dança aumentava a níveis inimagináveis, até que eu não precisasse falar para hipnotizar as pessoas. E hoje, com dezessete anos, ganhei uma bolsa para terminar o Colegial em Soleil Bleu, uma escola renomada com exelentes projetos de arte, inclusive dança. A maior de toda a França. Esse era meu sonho, essa escola é o sonho de todos os dançarinos mirins.
Mas agora, não importa mais onde estou e o que estou fazendo. Cada paço é dança, as minhas curvas são dança.
Cada movimeto do meu corpo é dança.
E nada pode ser mais importante que isso.
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°°®°°Coleen, cherri, será mesmo?
Olá, pessoas! Como vão? Sejam bem vindos à BODY! Eu tenho certeza que você vão amar essa história e seus personagens envolventes!
Então, arrasa o dedo na estrelinha, comenta o que você espera e segue comigo!
Beijos da Rose🌹
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Body
RomanceColeen respira dança. Ela a vê em todos os cantos da existência de alguém, em todas as curvas do seu mundo. Determinada e intensa, ela não se proíbe de arriscar tudo o que tem para ir atrás do que a seduz, e seguindo esse ritmo desenfreado do seu co...