Argila

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- São sete prédios. O principal é onde acontecem as aulas normais e o Grêmio, o lateral menor é o da gestão, salas de reunião, diretoria, tesouraria, assistência social - ele deu de ombros. - E os outros - ele olhou para mim e sorriu - bem...

Sorri de volta, arfando no ato:

- São Os Prédios.

- Soleil Bleu ofereceu cinco projetos que, com o passar do tempo, se tornaram os melhores projetos para Colegial. A escola, junto dos projetos, ganhou vários prêmios e patrocinadores, o que faz a nossa infraestrutura se tornar a melhor - ele disse com um brilho orgulhoso nos olhos.

Andávamos pelo corredor, em direção à saída do prédio principal. Alguns alunos passavam por nós, olhando. Outros, lendo, sentados no chão. Os corredores eram preenchidos por cheiro de ideias e barulho de conversas. Os olhos das pessoas brilhavam diante da expectativa e do esforço. Todos estavam ali porque deveriam estar. Os sotaques diferenciados, os olhos puxados, as diferentes cores. Havia pessoas de todo o mundo ali.

- E você tem muito orgulho disso, não é? - Perguntei, colocando as mãos nos bolsos da calça.

Francis vaguejava por ali conhecendo cada pedaço de cada prédio como conhecia a palma da sua própria mão, andava confiante e orgulhoso. Não era uma pessoa quieta e introvertida. Sabia o que queria.

Ainda assim, suas bochechas coraram levemente diante da minha pergunta pretensiosa.

- Sempre quis estudar aqui, e desde que cheguei, muitas coisas boas começaram a acontecer. Então, sim, eu tenho muito orgulho de fazer parte disso tudo - ele olhou para o chão, sorrindo apenas com os lábios. - E agora - ele se virou para mim - você também faz.

Eu sorri, vendo Francis se virar novamente para o caminho.

Comecei a me perguntar de que projeto ele fazia parte. Olhando-o assim, com sua pose superior, simpatia controlada e olhar tênue, sem grandes extremos na sua primeira impressão, eu não conseguia adivinhar. Ele podia ser um artista, mas não tinha um brilho nos olhos pelas coisas que via, como o grupo do lado de fora. Não achava que ele fosse ator, pois me parecia constrangido demais para encenar uma cena de beijo, por exemplo. Francis era alguém honesto a si mesmo, não era, nem de longe, alguém que saberia mentir, mesmo que em uma encenação.

Eu sei, o silêncio coloca a prova minha habilidade de observar.

- O primeiro projeto criado foi o de teatro - ele disse quando atingimos o pátio central, do lado de fora. Apontou em direção ao prédio mais robusto e elegante ao qual nos direcionávamos. - Tudo começou quando, há alguns anos, o professor Barnabé começou a organizar várias apresentações teatrais, quando a escola ainda era pequena e desconhecida.

- Soleil Bleu era uma escola pública, certo? - perguntei ao começarmos a subir as escadas.

- Já vi que alguém andou lendo nosso folheto - ele me deu um leve empurrão com o cotovelo. - É exatamente isso, nossa sorte foi ter muitos talentos concentrados num mesmo período de tempo. O Action foi o primeiro projeto, e descobriu muitos atores e atrizes, hoje em Hollywood, Brodway.

- É uma fábrica de talentos - eu concordei.

- Esse aqui - ele parou ao lado de uma porta - é nosso auditório. O Action é o que mais ocupa essa parte da escola, nas aulas, nos ensaios e nas apresentações. Mas em geral, temos apresentações de dança, música e até palestras de eventos Geek aqui. É uma sala coringa.

Ao abrira porta nos víamos no fundo do auditório, que ficava no alto. Parecia com uma sala de cinema, dezenas de fileiras de poltronas desciam, com apenas três passarelas com piso de carpete vermelho, uma no centro e duas nas laterais. Lá embaixo, o palco, com as cortinas de veludo pesadas abertas, um grupo bastante grande de pessoas - provavelmente o Action - estava no palco, ouvindo as instruções de um tutor.

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