ʜᴀɪʀꜱᴘʀᴀʏ ᴀɴᴅ ɢʀᴇᴀꜱᴇ • ʟᴀʀʀʏ

I

•  olá! eis o primeiro capítulo da fanfic! 

•  eu tentei me basear em alguns calendários acadêmicos de colégios americanos no desenvolvimento da história e pode conter algumas informações erradas, mas nada que comprometa a narrativa. desculpem qualquer coisinha :) 

•  espero que você goste e, se esse for o caso, não se esqueça de comentar! 

Harry mordiscava incessantemente seu lábio inferior ao fitar-se no grande espelho fixado na parede se seu quarto, seus antigos colegas nunca foram bondosos quando ele usava aquela calça com estampa xadrez que delineava suas pernas delicadas e ele já ouvira muitos xingamentos em sua vida para que não ficasse inseguro antes de seu primeiro dia numa nova escola em um novo continente em que ele não conhecia quase ninguém.

Seus cachos estavam desarrumados e ele revirou os belos olhos verdes por causa disso ao alcançar uma lata de fixador para tentar controlar suas madeixas rebeldes e longas demais para um menino. Ao menos era o que diziam.

Havia muitas coisas que os outros rapazes não faziam e que ele adorava em segredo, mas ainda não tinha coragem o suficiente de assumir seus gostos peculiares numa sociedade em que descriminavam duramente até mesmo pessoas com a cor de pele diferente da sua – a qual era alva como a maioria dos britânicos e muito bem cuidada, mesmo que muitas vezes ficasse com hematomas escuros após apanhar de seus antigos colegas a cada vez que fazia algo considerado "feminino demais".

Mas ainda assim ele respira fundo e ajeita a gola de sua camisa de botões impecavelmente branca antes de colocar sua pequena mochila por cima do ombro. Ele havia acordado mais cedo do que o necessário e comera uma maça como café-da-manhã, então estava mais do que pronto para caminhar os poucos quarteirões para pegar o ônibus escolar:

- Estou indo, mamãe! – ele anuncia ao passar pela cozinha, vendo sua mãe passar roupas enquanto provavelmente sua irmã mais velha seguia dormindo e o pai já havia ido executar seu trabalho como engenheiro na grande empresa que os fizera mudar de país.

- Cuide-se, querido – Anne, sua mãe, sorri ao falar e assopra um beijinho carinhoso na sua direção quando o filho passa por ela em direção à porta.

O sol brilhava em Baltimore e o clima estava agradável como de costume, mas ainda era esquisito para o garoto que era acostumado com o nublado e os ares ingleses. Sua caminhada até o ponto do ônibus não era muito grande e ele tinha um pouco de tempo sobrando para observar as atividades matutinas da sua vizinhança, que incluíam duas fumantes com casacos maltrapidos fofocando, um velhinho alimentando as pombas e, consequentemente, alguns ratos e um jovem de boina entregando os jornais que marcavam a segunda semana de setembro de 1962.

Alguns estudantes já conversavam animados no ponto de ônibus ao que ele chegou, ficando lamentavelmente ruborizado ao atrair a atenção indesejada e sentindo como se fosse apenas um manequim insignificante quando os olhares curiosos percorrem seu corpo dos pés à cabeça – e precisando se conter para não conferir se havia esquecido de tirar as pantufas.

Harry desiste de tentar uma aproximação simpática diante da recepção a apenas abaixa a cabeça, mordiscando o lábio inferior com força e fingindo não ouvir os comentários sobre o seu vestuário enquanto tenta pensar em coisas boas. Ele nunca saberia o que havia de tão ruim em se vestir da maneira que ele sentia-se bem, usando calças pouco mais justas do que o normal e camisas delicadas que ele só encontrava na seção feminina, era daquele modo que ele sentia-se bem!

O ônibus escolar chega após alguns minutos de espera e os alunos apressam-se no embarque, o cacheado felizmente consegue um lugar ao fundo do veículo após ser rejeitado por vários de seus futuros colegas – os quais o olhavam com criticismo, tentando compreender como um rapaz tinha traços tão femininos: