V

2.2K 284 473
                                    

• olá! eis o quinto capítulo da fanfic!

• receio ter que iniciar mais um capítulo avisando que haverá cenas de homofobia, mas estamos em janeiro de 1963 e seria indispensável citar essa triste realidade. também gostaria de reforçar que não apoio nenhuma espécie de violência ou preconceito.

• espero que você goste e, se esse for o caso, não se esqueça de comentar!


Embora já estivesse acostumado com olhares preconceituosos, o cacheado sentiu-se extremamente desconfortável diante da intensificação daquelas singelas demonstrações de ódio quando chegou à escola naquela gélida segunda-feira de janeiro, sendo o primeiro dia de aula depois do encontro no drive-in e as pequenas férias natalinos. Os rumores sobre ele fluíram em telefonemas e em visitas durante as férias, então muitas pessoas cochichavam sobre ele quando ainda estava no ônibus e a atenção indesejada apenas piorara agora que caminhava pelo corredor em direção ao seu armário, mantendo os ombros encolhidos como se quisesse sumir e ruborizando pela vergonha de ser alvo daqueles olhares indiscretos ao seu corpo esguio.

Harry sentia-se exatamente como na sua antiga escola, exceto pelo fato de que agora eram rostos diferentes e um sotaque diferente ao seu naqueles cochichos. E ele ao menos tinha um lugar para esconder-se daquilo tudo como costumava fazer na outra escola, onde passou muito tempo numa sala vazia e completamente sozinho. 

Uma folha de papel estava colada em seu armário e expressava o xingamento tão comumente expressado a ele, pois ouvira aquilo pelos últimos anos de sua vida, embora ainda fosse doloroso de alguma forma a declaração de "bicha imunda" num bilhete maldoso que soava tão eloquente em canetinha preta. Aqueles valentões sempre sabiam como abalar suas estruturas e mexer com sua mente, ainda mais quando havia a humilhação de todos estarem assistindo ao seu declínio, pois ele arranca a folha rapidamente e percebe ter o mesmo escrito no armário, marcado no metal de forma permanente, assim como estava marcado em sua alma e em suas piores memórias, embora os valentões de sua antiga escola não fossem mais tão criativos em maneiras de torturá-lo, pois logo ele percebe o chiclete grudado no cadeado que fechava o armário, bloqueando a entrada da chave e causando uma enorme nojeira que o faz ter vontade de desaparecer do mundo, mas ele só ignora a plateia da melhor forma que pode e usa o papel que estava colado no armário para limpar o máximo possível daquela sujeira antes de enfiar a chave de qualquer maneira. Ele só não se importava mais.

É obviamente mais difícil, mas o cacheado ainda assim consegue abrir o armário e pegar tudo que precisaria para o dia inteiro antes de fechar novamente o cadeado, sabendo que não abriria mais o armário até o próximo dia, quando traria um novo cadeado para substituir aquele estragado por vândalos – pois quem fez aquela maldade merecia ser chamado dessa forma, uma vez que era propriedade pública, essa pessoa anônima era um criminoso.

Os olhares continuam nele quando ele segue seu caminho à sala da primeira aula, mas ele é parado e colocado contra o banheiro masculino brutamente, sendo obrigado a adentrar o ambiente por um dos colegas mais idiotas que já tivera em toda sua jornada escolar – o que era um título difícil diante do esquadrão de babacas que já cruzara seu caminho nesses anhos. James McKenzie poderia ser o rapaz mais popular da escola, mas era apenas um babaca ao olhar do cacheado, pois sua popularidade era formada apenas pelo dinheiro da família e por seu rostinho esteticamente agradável, pois ele não poderia ser considerado bom em absolutamente nada além de intimidar os colegas que não se encaixam no maldito padrãozinho. Era um idiota, mas era um idiota que metia medo pra caralho e que fez o cacheado tremer no momento em que o empurrou contra a parede:

- O que aconteceu no seu armário hoje é apenas um avisinho do que acontece com aqueles que não seguem as regras nessa escola, bicha – ele resmunga com ódio em seus olhos enquanto mantém o cacheado contra a parede, sendo indelicado ao agarrar a gola da camisa que usava por baixo de um suéter e rasgando um pouco do tecido pela firmeza que o prende ali.

ʜᴀɪʀꜱᴘʀᴀʏ ᴀɴᴅ ɢʀᴇᴀꜱᴇ • ʟᴀʀʀʏOnde histórias criam vida. Descubra agora