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Jeongyeon estava sentada em seu lugar favorito. Uma das rodovias mais altas da cidade, onde tudo que se via eram as estrelas e as luzes da cidade abaixo.

Ela estacionou sua caminhonete na lateral da estrada, pegou uma cerveja e sentou–se no capo do carro. Suspirou pela milésima vez, havia dito pra Nayeon que não demoraria e já fazia quase duas horas que havia saído de casa. Na verdade, tudo o que ela queria era fugir um pouco, fugir da voz animada de Nayeon pela casa, falando de Momo, fugir do sentimento de inferioridade que todo aquele assunto lhe causava, fugir da vontade incontrolável de pedir pra que sua colega de apartamento parasse e confessar de uma vez por todo seu sentimento por ela. Fugir de Nayeon.

Acontece que ela não sabia mais o que fazer, achou que seria fácil morar sob o mesmo teto que Nayeon, se conheciam desde pequenas e quando a mais velha disse que havia decidido sair da casa de seus pais pra morar sozinha mas estava insegura, Jeongyeon não pensou duas vezes antes de se candidatar a morar com ela pra que não precisasse viver sozinha. Mas acontece que tudo estava se tornando um grande tormento. No começo não, era ótimo poder cozinhar com Nayeon, assistir filmes até tarde com ela, ouvi–la reclamando por ter deixado a toalha molhada em cima da cama, tê–la todo minuto, o tempo todo, era ótimo mas tudo começou a desandar pra Jeongyeon quando Nayeon lhe contou está apaixonada por Hirai Momo, ninguém menos que Hirai Momo, a ex–namorada da namorada de sua melhor amiga, Sana a qual ela não parava de dizer o quanto odiava. Sana deixava isso mais do que claro pra quem quer fosse. Acontece que Momo traiu Dahyun, bêbada com uma menina do primeiro ano, chamada Tzuyu e Dahyun ficou completamente arrasada com o que houve. Foi nessa época que ela conheceu Sana. Quantas vezes Dahyun chorou nos ombros de Sana. E foi devido a isso que o ódio de Sana por Momo começou. "Quem trairia um ser humano incrível como Dahyun?" Ela dizia. "Quem faria uma menina tão doce sofrer assim?" Cerca de três meses depois Sana pediu Dahyun em namoro e logo veio o segundo e principal motivo do ódio de Sana: Momo não deixava Dahyun em paz. Ela tentava falar com Dahyun pelos corredores da escola, ligava pra ela com números desconhecidos, deixava bilhetes no armário de Dahyun e isso começou a irritar grandiosamente Sana. O problema é que Sana não é muito boa com as palavras quando ela esta com raiva, nem com palavra e muito menos com gestos, por isso Dahyun tinha medo do que Sana poderia fazer com Momo diante dessa situação, ela apenas beijava Sana, acariciava suas bochechas e dizia "Amor, só ignora" e isso era algo que Sana prometeu e realmente tentava a todo custo fazer. Ignorar o ódio que sentia de Hirai Momo.

Por isso foi incrivelmente irônico pra Jeongyeon quando Nayeon surgiu com uma paixão repentina por Momo, elas haviam se visto duas ou três vezes na escola e se tornaram tão próximas de repente. Ela estava sempre com aquele sorriso gigante pra sua coelhinha, combinando de ajudá–la com a matéria de química já que era muito boa. Nayeon caiu nos encantos de Momo e menos de uma semana e foi nesse pequeno tempo que Jeongyeon viu seu mundo desmoronando. E se Nayeon namorasse Momo? E se ela partisse o coração de sua coelhinha? E se Momo estivesse apenas jogando e brincando com os sentimentos de Nayeon? Havia milhões de possibilidades, mas Jeongyeon não conseguia fazer absolutamente nada em relação a isso. Todas as vezes que Nayeon falava sobre Momo ela apenas ficava quieta, ouvindo Nayeon dizer quanto Momo era incrível e inteligente e como ela era um gênio em química. Isso incomodava Jeongyeon gigantescamente, mas ela não dizia sequer uma palavra, apenas inventava qualquer outro assunto ou se retirava como havia feito dessa vez. Nayeon estava começando a achar estranho e ela sabia disso, as saídas repentinas, a falta de ânimo, o silêncio quase constante de Jeongyeon. E foi da mesma forma que fez, nas últimas quatro vezes essa semana, quando Nayeon começava a falar de Momo sem parar, que Jeongyeon entrou em sua caminhonete, comprou uma cerveja e deu voltas até seu lugar preferido.

Ela observava as luzes da cidade, o som do carro ligado em Heal do Tom Odell, tocando a mesma música desde que ela havia entrado no carro duas horas atrás, o vento fraco bagunçando seus cabelos curtos, a garrafa de cerveja em suas mãos. Seus pensamentos estava tão turbulentos que ela nem percebeu quando um carro foi estacionado atrás do seu e alguém sentou ao seu lado. Ouviu um suspiro alto, saindo se seus devaneios e tomou um susto ao ver Sana, sentada ao seu lado lhe encarando.

I hate Hirai MomoWhere stories live. Discover now