Capítulo 12- Um mês depois...

94 7 0
                                    

Tinha voltado há poucos dias para Argentina. Minhas férias tinham acabado e minha parte foi enfim comprada por Márcia na Conceitos.

Logico que as semanas passadas não foram fáceis, nem pra mim, e muito menos para minha família. Expliquei toda história para Márcia, que ficou enfurecida comigo, por ser precipitado e egoísta com Lety (o que discordo, pelo menos em partes) e com Lety por sua indecisão.

Passei há primeira semana na velha rotina de autocomiseração e uísque na casa de Márcia, ate que Jorge não aguentando mais aquilo (afinal estava atrapalhando a relação deles), me transferiu para casa de Carol e Omar, mas como seu cachorro ficou depressivo com minha presença, novamente fui remanejado. Dessa vez para casa de Ariel que estranhamente me tratou bem, mas eu não aguentei ficar lá, por que não suportava sua rotina de mulheres todas as noites.

Por fim fiquei com meus pais recebendo um sermão enorme a principio, e depois enfim, ganhei um pouco de compreensão e amor. Meu pai achava que tinha que falar com Lety de forma mais tranquila, e resolver as coisas de forma civilizada. Já minha mãe, rogava uma praga diferente a cada vez que o nome dela era pronunciado.

Sentia tanto sua falta. A dor consumia meus dias, e mesmo trabalhando não conseguia esquecê-la. Porém ela tinha feito sua escolha em ficar com Aldo DomenChato...

As semanas passaram se rastejando, fazia tudo de forma automática e mecânica, mais nada tinha cor ou brilho. Às vezes me pegava lembrando-se dos beijos de Seu Fernando, de nossa noite juntos, da forma única que fazíamos amor... Porém logo me vinha suas palavras tão ferinas. Como ele podia falar assim de alguém, ainda mais depois de morto?

O calor no litoral estava insuportável, tento ajustar o ar condicionado, mas não consigo ate que batem na porta. Abro e era Samuel:

-Oi chefe! Paloma esta pedindo para que desça, ela quer mostrar o menu do café da manhã que esta preparando (Diz sorridente).

-Ah sim já vou! (Digo tentando ajustar o ar condicionado através do controle irritada).

-Que foi? (Pergunta cruzando os braços).

-Esse controle idiota que não esta funcionando, esta uma sauna aqui dentro! (Digo apertando sem sucesso).

Samuel toma da minha mão, aperta outro botão e logo as lufadas do mesmo refrigeram o local. E percebo que estava apertando o botão errado, deixando o ambiente mais quente.

-Obrigada Samuel! Ai ando tão distraída... (Digo colocando a mão na testa).

-Tudo bem chefe... Bem, vamos descer? (Diz sorridente).

Todos no restaurante sabiam que tinha terminado, não porque mandei um memorando, mas estava mais calada e Seu Fernando desapareceu de lá. Sem dizer que meu humor oscilava entre triste e brava.

Chegando a cozinha, tomo um copo de água, devido ao calor, enquanto Paloma me mostra alguns pratos com o café da manhã de alguns países, ela tinha tido uma ideia brilhante, de oferecemos cada dia da semana um café da manhã típico de cada país.

Tinha que provar para selecionar sete e incluir no cardápio. Quando me aproximo, vejo um que levava peixe e me embrulha o estomago, e no outro tinha cheiro de ovo estragado e torço o nariz dizendo:

-Nossa senhora Paloma, esses pratos estão com cheiro horrível... Esse ovo está estragado e esse peixe também... (Digo tapando o nariz).

Ela franzi o cenho e cheira os pratos comentando:

-Esta tudo normal chefe! Eu mesma fiz cada prato. E o ovo estava perfeito e o peixe é fresco (Diz me olhando).

Quando penso em retrucar, me sinto fraca. Infelizmente não tinha comido nada pela manhã, e o calor intenso do litoral, era algo que me deixava mais vulnerável. E enquanto me abano, sinto uma forte tontura, minha vista escurece e já não vejo mais nada...

Abro lentamente meus olhos observando as paredes de um branco imaculado, e quando consigo focar observo Samuel e Paloma no local sentados conversando baixinho. Ate que tento me levantar, e eles se aproximam com uma expressão aflita comentando:

-Calma chefe! (Dizem em uníssono).

-Onde estou? (Pergunto confusa).

-No hospital. A senhora passou mal e desmaiou... (Comenta Paloma).

Sento na cama, percebo que tomava um liquido na veia, provavelmente era soro. E antes que pergunte algo, um médico entra no quarto com uma prancheta:

-Olá senhora Letícia, sou o doutor Heitor. Como se sente? (Diz sorridente).

-Um pouco fraca e cansada... Não comi nada hoje e o calor sempre me deixa vulnerável a desmaios (Digo calmamente).

-E o fato de estar grávida também! (Diz me olhando).

-GRÁVIDA? (Pergunto espantada).

-Sim grávida. Mais ou menos quatro semanas. Meus parabéns! (Diz sorridente).

Olho para meus funcionários que me olham sorridentes, e ao mesmo tempo surpresos, talvez não mais do que eu.

Estava grávida. Meu Deus eu estava grávida de novo... Olho para minha barriga e acaricio ternamente, não podia acreditar.

Como não pensei nisso? Era tão obvio: a aversão à comida, as mudanças de humor, o embrulho no estomago, o desmaio... Em apenas uma noite com Seu Fernando, tínhamos gerado um fruto daquele ato, uma consequência do nosso amor.

Nem tinha pensado em tomar ou usar nada, tinha tanto tempo que não tinha ninguém, que isso me fugiu da mente completamente. E como sempre fui desregulada, não achei estranho minha menstruação estar atrasada.

Sentia-me feliz por ser mãe, com medo porque não queria perder aquele bebê, animada porque tinha uma vida gerando dentro de mim, surpresa com toda aquela informação inesperada e triste... Triste porque aquele bebê tinha um pai, mas esse pai não queria me ver, nem pintada de ouro.

Segunda ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora