Morte Alienígena

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Era um sábado. E tudo que eu espero de um sábado é acordar depois das onze da manhã. E odeio quando as coisas saem foram dessa plano. Ninguém ousaria a me ligar as cinco da manhã de um sábado. Mesmo assim, acordei com meu celular tocando em cima da cômoda. Amaldiçoei a pessoa que estragara o resto do meu dia. E continuei deitada ignorando o fato de que um dia, eu realmente quis ter um telefone móvel. Me aconcheguei novamente no meu confortável travesseiro, quando meu celular parou de tocar, mas logo em seguida ele já estava novamente me importunando. Praguejando levantei-me do conforto da minha cama e busquei meu celular. Estranhei ao ver a pessoa que me ligava. Leticia mais do que qualquer outra pessoa entendia sabia o quando o sábado era sagrado para mim.

- São cinco da manhã Letícia. – reclamei

- Thais, onde você estar?

- Estou no México dançando o Ula Ula. – falei irônica – São cinco da manhã Letícia, eu estava dormindo. – enfatizei a última parte

- Thais, eu preciso de você agora.

- De zero a dez o quanto isso envolve alguém morrendo? – se esse não fosse o motivo, nada me faria sair de casa.

- Acho que matei o Cleidison. – senti o celular escorregar pelas minhas mãos e levei alguns segundos para pega-lo de volta.

- Tudo bem... acho que isso é dez. – engoli o seco – Estou indo para sua casa agora, não saia daí.

Calcei minha pantufas de unicórnio e agarrei minha bolsa, eu não tinha um carro, e achava muito difícil encontrar um táxi aquele horário. O filho do meu vizinho, tinha uma bicicleta, e eu sabia onde eles guardavam a chave da garagem. Uma emergência como aquela não poderia ser considerada como roubo. Além do mais, estava salvando a vizinhança do inferno que aquele garoto fazia pela manhã, com a buzina irritante que se assemelhava a risada de um macaco louco de circo. Sem me importar por estar saindo na rua usando pijama e pantufas, desci ladeira abaixo usando a bicicleta adesivada com patinhos. Se o Cleidison não estivesse morto, teríamos que dar um jeito de salva-lo. Não era todo dia que sua melhor amiga arrumava um namorado alienígena. Ou melhor, não era todo o dia que Leticia arrumava um namorado. E essa poderia ser a nossa única oportunidade.

Eu pedalava o mais rápido que podia, mas tirando a Letícia, sempre fui a pior aluna nas aulas de Educação Física, praticar esportes e corridas, nunca foram meu forte. Quando enfim cheguei em sua casa, meus pulmões praticamente não puxavam mais o ar. Respirar estava difícil, e eu duvidava conseguir salvar o Cleidison, porque eu mesma não confiava que conseguiria atravessar o jardim da casa da minha amiga com vida. Arrastando-me como pude, cheguei a porta de entrada que estava aberta. Choraminguei ao ver a escadaria a minha frente, e subi cada degrau com muito esforço.

- Você demorou! – não tive forças para reclamar – Ele está lá meu quarto! – apontou para porta do seus aposentos

- Não deveríamos chamar a polícia? - questionei

- Eu posso ter matado meu namorado, e você quer chamar a polícia?

- E o que vamos fazer? Esconder o corpo como se nada tivesse acontecido? E se os amigos alienígenas dele resolverem aparecer? Se eles quiserem... – segurei em seus ombros – se vingar de você.

- Você não está ajudando em nada Thais. – ela começou a andar de um lado para o outro e eu acompanhei seu nervosismo – Eu não quero virar purê de batata. – olhei para ela sem entender – É isso o que os alienígenas fazem com as pessoas no filmes, eles esmagam elas. - choramingou

- Tudo bem, preciso ver o corpo, fiz uma semana de aula de enfermagem. Deve ter servido para alguma coisa. – a quem eu estava tentando enganar?

O corpo do Cleidison estava estirado no chão do quarto da Letícia, aos poucos fui me aproximando e me agachei ao seu lado.

- Tudo bem... primeira regra básica de primeiros socorros. Olhar a pulsação da vítima.

- Alienígenas tem coração? – Letícia se agachou ao meu lado

- Acho que vamos descobrir. – com muito receio coloquei minha mão em seu pulso, mas não sentir absolutamente nada. – Sem pulso.

- Deveríamos chamar um médico?

- Para salvar um alienígena? - interroguei

- Tem razão. Tem razão. – choramingou mais uma vez

- Afinal de contas, como você deixou ele nesse estado?

- Bem... nós estávamos... estávamos... fazendo coisas... – ela limpou a garganta – coisas que...

- Ah meu Deus Letícia... não precisa dizer mais nada. – pedi, não tinha estomago para aquilo logo pela manhã. – Vou tentar fazer ressuscitação cardíaca. – posicionei minhas mãos sobre seu peito, mas no primeiro movimento sentir minhas mãos afundando contra o corpo, e ele simplesmente começou a se desfazer diante dos nossos olhos. A voz simplesmente parecia ter sumido, para logo mais voltar num grito de puro pavor.

- O que você fez Thais?

- O que eu fiz? Estava tentando salva-lo, não tenho culpa se você o matou! – exclamei

- Do que vocês estão falando? – completamente amedrontadas viramos para observar a figura parada em pé na porta, era o Cleidison.

- Você está mesmo vivo? – Letícia perguntou em choque

- Você está bem Amor? – ele se aproximou de nós, eu dei alguns passos para trás só para ter certeza que se precisasse conseguiria fugir...

- Cleidison... – falei – Você tem muitas coisas para explicar!

***

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