Má Sorte

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- Tai! – Letícia me chamou e eu não gostava nada daquele tom de voz – Lembra da minha prima Verônica? – franzi o cenho .

- Han... – eu me recordava dela e todos os piercings em seu rosto – Não é aquela que estava presa? - ela revirou os olhos.

- Aquilo foi um grande mal-entendido. - respondeu

- Atear fogo no ex-namorado é um mal-entendido? – interroguei tentando não ser grosseira

- Você sabe que o cara é um babaca. E bem... Isso agora é passado. – enruguei a testa.

- Tá... Mas o que tem ela?

- Eu trouxe ela aqui para acabar com a nossa má sorte. – Letícia estava empolgada demais para meu gosto – Agora que ela saiu da reabilitação ela é guru e tem um tipo de poção para nos trazer sorte. – pisquei os olhos algumas vezes

- Você está brincando, certo? – não acreditava mais aquele tipo de coisa, ainda mais vindo da prima maluca da Letícia.

- Claro que não. – a Verônica doidona surgiu na minha sala, não lembrava que além dos piercings, ela tinha uns três metros de altura – Eu acabei de sair da cadeia e preciso de grana. – Ela tirou um frasco da mochila e espichou na minha cara. Aquilo tinha cheiro de álcool e sinceramente, fiquei com medo dela ter um fósforo dentro daquela bolsa também. Logo em seguida ela borrifou a mesma coisa na Letícia.

- O que era isso? – interroguei.

- Vocês estão curadas agora. – respondeu – Me passa o dinheiro. – alegremente Letícia lhe passou uma nota de cem reais, encarei ela boquiaberta, estávamos na pendenga há dias ela simplesmente paga cem reais a aquela estelionatária?

- É isso? – questionei indignada – Joga álcool em nossa cara e mais nada?

- É. É isso. Por que, tem algum problema? – a brutamontes veio em minha direção.

- Não. De forma alguma. – Letícia respondeu por mim, Verônica me olhou feio.

- Tudo bem. – ela respondeu e foi em direção a porta, sua mão segurou a maçaneta por alguns segundos, mas ela vacilou – Vocês precisam de um beijo de amor verdadeiro até a meia noite ou o azar de vocês será dobrado. – assim que a Verônica doidona saiu encarei minha quase ex-melhor amiga.

- Opa. – ela disse envergonhada.

- Sua sorte, é que eu não acredito nessa baboseira. – afirmei.

- Mas e se ela estiver certa? Nosso azar será dobrado. Tem noção do quanto isso é ruim?

- Ruim seria se eu matasse você agora. – respondi – E acredite é impossível termos mais azar do que já temos.

- Imagine o tanto de coisas ruins que podem acontecer. Vai mesmo encarar?

- Vou. - me joguei no sofá e logo em seguida Letícia se juntou a mim

- Acha mesmo que mesmo que a Verônica está errada? Sempre achei minha prima muito sensitiva. Lembra na oitava série quando ela previu que eu ia sofrer um acidente?

- Qualquer um poderia prever isso Letícia. Afinal era você pilotando uma moto. O que queria que acontecesse? - ela revirou os olhos

- Mas de qualquer forma aconteceu, não aconteceu? E teve uma vez também que ela previu que eu iria ser assaltada. - olhei para ela incrédula.

- Foi a própria Verônica quem te assaltou. - expus – O que você queria? - ela pareceu pensar.

- Acabei de perder cem reais não foi? – choramingou.

- Sim, você perdeu. – afirmei.

- Você também está sentindo esse cheiro? - Letícia me perguntou de alguns longos minutos

- Parece que alguma coisa está queimando. - continuei sentada

- O que você disse que estava mesmo fazendo quando eu cheguei? - puxei a memória tentando me recordar, e não demorou muito para que o desespero me atingisse como um tiro, como uma corredora olímpica corri em direção a cozinha, havia me esquecido da panela que deixara no fogo e que simplesmente incendiara o ambiente.

- Apaga! Apaga! Apaga! - comecei a gritar com urgência.

- Sua casa não tem sistema de sprinklers? - Letícia surgiu também na cozinha em chamas.

- Não deve estar funcionando. - nos dirigimos até a pia e enchemos panelas de água para tentar a apagar o fogo, jogamos a água de qualquer maneira no desespero de controlar o incêndio, ao fim, minha cozinha estava completamente alagada, e com certeza os eletrodomésticos inutilizados.

- Tem certeza que a Verônica não estava certa? - Letícia me questionou duvidosa

- Foi só uma coincidência. - tentei ser firme, embora também estivesse balançada, mal havia terminado de falar e fomos atacadas por jatos de águas. Para o meu desgosto os sprinklers foram acionados e nós ficamos tão encharcadas quanto o restante da cozinha.

- Isso também é uma coincidência?

- Sim. - Não.

- Se você quer morrer, ótimo. Mas eu vou atrás do meu beijo de amor verdadeiro.

- E onde acha que vamos achar isso? – interroguei.

- Não é óbvio? - balancei a cabeça em negativa – No nosso livro é claro. Quem poderia nos amar mais?

-Está falando dos personagens? – questionei incrédula.

-Garota esperta.

- Certo. E o que você espera? Que de repente eles saltem do nosso livro e venham nos beijar? Ainda não aprendemos magia. – expus.

- Claro que não. - respondeu - É por isso que vamos contratar uma bruxa!


***

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