Lua Branca abriu os olhos e viu que já havia amanhecido. Era um domingo de verão. Ela se levantou e foi ao banheiro tomar banho. Deixou a água morna cair em sua cabeça e corpo relaxando-a. Hoje seria um dia difícil.
Ela desligou o chuveiro, enrolou-se na toalha e voltou para o seu quarto. No corredor, encontrou Coiote Ligeiro, seu irmão mais novo, quase se arrastando para o banheiro, meio bêbado de sono. Ela riu.
Em seu quarto, abriu o armário para escolher uma roupa adequada para fazer suas tarefas. Pegou uma calça jeans velha e uma camiseta azul-clara. Ela se trocou, calçou os tênis e trançou seus longos cabelos ondulados em duas tranças que desciam uma de cada lado do pescoço. Amarrou-as com elásticos e prendeu em uma delas uma espécie de pingente com duas penas de águia.
Lua Branca era uma jovem muito bonita. Como as pessoas de seu povo, tinha a pele avermelhada e os cabelos negros. Tinha um metro e sessenta e cinco de altura, olhos amendoados negros e era magra.
Ela foi até a cozinha ajudar sua avó Noite Estrelada com o café da manhã. Depois de comer, dirigiu-se ao estábulo da reserva para cuidar de Pintado, seu cavalo. Pintado tinha um pelo macio branco com manchas marrons, sua crina e rabo também eram brancos. Ela o escovou e o alimentou.
Como havia terminado suas tarefas daquele dia, resolveu ir até a cachoeira Lágrimas do Céu que ficava próxima aos limites da reserva. Os membros de sua tribo não costumavam ir até ali, pois segundo as histórias de seu povo, fora lá o local onde há muitos anos Lobo Cinzento havia sumido e, por isso, era mal-assombrado.
Ela se embrenhou na floresta, seguindo pela trilha que levava ao seu refúgio particular. Os enormes pinheiros e outras plantas mais baixas formavam uma espécie de túnel, ladeando um caminho de terra.
Ela se sentou em uma pedra, dobrou as pernas da calça até perto dos joelhos e retirou os tênis. Com seus pés descalços, sentiu a terra ainda molhada pelo orvalho entre seus dedos e respirou profundamente o ar puro e úmido da manhã. Com os tênis em uma das mãos, ela seguiu pelo caminho. Esse era seu ritual particular e o fazia sempre que sentia a necessidade de renovar suas energias.
No fim da trilha, a floresta se abria em um trecho circular com aproximadamente dois metros de gramado antes de chegar à margem do rio. A cachoeira descia de uma pedra e formava um lago de águas calmas e cristalinas. Há alguns metros o curso do rio continuava.
Lua Branca deixou seu tênis no pé de uma árvore e andou até a beira da água. Sentou-se, colocando os pés na água refrescante. Colocou suas mãos no chão, apoiando o peso de seu corpo, que ficou levemente deitado para trás. Levantou bem a cabeça e sentiu o calor do sol em sua face.
Depois de algum tempo, levantou-se, pegou seu tênis e retornou para casa. A reserva era formada por diversas casas térreas de madeira dispostas umas distantes das outras, pois assim cada uma possuía porções de terras suficientes para fazerem hortas, pomares ou mesmo jardins de flores.
A casa em que Lua Branca morava tinha na entrada uma varanda de aproximadamente um metro, onde havia um sofá de balanço de madeira. Entrando pela porta, havia uma sala ampla dividida entre sala de estar e de jantar. Perto da sala de jantar, existia uma cozinha estilo americano, que dava em outra varanda na parte de trás da casa com vista para um lago. Ao lado da cozinha, estava o único banheiro, que ficava localizado mais ou menos no centro da casa para poderem ter acesso de todos os cômodos. Entre o fim da sala e a porta do banheiro, saía um corredor que levava aos quatro quartos: à direita, ficava o de Águia Negra, pai de Lua Branca, ao lado o de Noite Estrelada e, à esquerda, o de Lua Branca e de Coiote Ligeiro.
Lua Branca entrou em casa e foi direto para seu quarto. Tirou a roupa e a colocou no cesto de roupas sujas. Abriu a porta do armário e escolheu algo para vestir. Ela pegou uma calça jeans, uma bata branca de manga curta e suas botas de couro preto. Foi ao quarto da avó. Bateu na porta.
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A Xamã e o Lobo [AMOSTRA]
FantasiLua Branca mora em uma reserva Sioux nos Estados Unidos. Ela será a futura xamã de sua tribo e possui um grande poder de cura ainda não descoberto. Ela enfrenta os conselheiros de sua tribo para conseguir permissão de estudar medicina fora da reserv...