Capítulo 5 - Enfrentando feras

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Lua Branca acordou e sentia fome. Pegou o celular e assustou-se com o horário. Era terça-feira e ela havia dormido direto desde o dia anterior. Noite Estrelada entrou em seu quarto trazendo uma bandeja com uma xícara de chá e torradas com manteiga. Lua Branca se sentou na cama e colocou o travesseiro em suas costas.

– Você está melhor, filha? – perguntou Noite Estrelada entregando a bandeja para Lua Branca e sentando-se na cama.

– Sim, vovó. Não deveria ter me deixado dormir tanto sem comer nada.

– Você comeu. Não se lembra?

– Não, vovó!

– Eu lhe trouxe uma canja perto da hora do almoço e outra na hora do jantar.

– Não me lembro de nada, vovó! – falou Lua Branca preocupada.

– Você teve bastante febre e chegou a delirar, falando em voz alta.

Lua Branca olhou assustada para Noite Estrelada. O que será que eu disse?

– Sobre o que eu falei?

– Sobre um lobo na floresta. Com certeza estava delirando, não?

Noite Estrelada olhava desconfiada. Ela achava que Lua Branca andava um pouco estranha há alguns dias.

Lua Branca levou a mão até o cordão em seu pulso e o segurou.

– Eu encontrei esse cordão com um pingente de lobo na floresta perto da cachoeira. – falou Lua Branca estendendo o braço e mostrando o cordão.

Noite Estrelada segurou o braço de Lua Branca e olhou o pingente bem de perto, analisando-o cuidadosamente.

– Parece ser algo bem antigo. Do tempo que nosso povo foi massacrado.

– Sério, vovó? Mas estaria tão conservado assim?

– Não sei, filha. Teremos que verificar com mais calma.

– Combinado, vovó. Agora, vou me arrumar. Ainda preciso ver o Pintado e lhe ajudar com o café da manhã antes de ir para a aula.

– O café da manhã já está pronto. Não se preocupe. Vá ver o Pintado e, depois, para a aula.

– Obrigada por tudo, vovó. – falou Lua Branca abraçando-a.

– Sempre que precisar, filha. – falou Noite Estrelada dando um beijo na testa de Lua Branca.

Noite Estrelada se levantou e saiu do quarto. Lua Branca levantou-se rapidamente, pegou uma toalha e foi ao banheiro tomar uma ducha. De volta em seu quarto, colocou uma calça jeans, uma bata bege e bota de couro. Pegou o material para a universidade, colocou a chave, o documento do carro e a habilitação na bolsa, e o celular no bolso da calça. Passou na cozinha e deu um beijo em sua avó.

– Vou ver Pintado e, de lá, direto para a aula, vovó. – falou Lua Branca abrindo a geladeira.

– Vai com a proteção do Grande Espírito, filha.

Lua Branca aproveitou que a avó estava de costas e pegou uma maçã e um bife, colocou cada um em um saquinho plástico e enfiou-os na bolsa.

– Até mais tarde, vovó.

– Até mais tarde.

Assim que Lua Branca se virou, Noite Estrelada ficou olhando-a sair pela porta.

– Essa menina está aprontando alguma coisa. – falou Noite Estrelada para si mesma.

Lua Branca foi até o carro e dirigiu até os estábulos. Lá, deu a maçã para Pintado e retornou para o carro. Foi até a entrada da floresta e correu até a gruta. Assim que ela entrou, o lobo levantou a cabeça, olhou para ela e abanou a cauda. Ela agachou-se e lhe acariciou a cabeça.

A Xamã e o Lobo [AMOSTRA]Onde histórias criam vida. Descubra agora