Capítulo 2 - Início das aulas

626 26 4
                                    

Uma semana havia se passado. Lua Branca estava em seu quarto ouvindo música quando alguém bateu na porta.

– Lua, você pode vir até a sala um momento? – perguntou Águia Negra.

– Já estou indo, papai.

Lua Branca se levantou da cama, calçou os chinelos e foi para a sala. Águia Negra estava sentado no sofá. Ele era um homem alto e forte de pele morena e olhos negros. Seus cabelos negros e lisos eram compridos, um pouco abaixo dos ombros. Ele vestia uma calça jeans, uma camiseta branca e botinas marrons.

– Sente-se aqui ao meu lado. – falou ele batendo com a mão no sofá em um local próximo ao seu corpo.

Lua Branca se sentou, mas permaneceu calada.

– Daqui uma semana suas aulas começam. Todos os dias pegará estrada tanto para ir quanto para voltar. Quero que dirija com muito cuidado porque você sabe que existem muitos loucos lá fora.

– Fique tranquilo, papai. Eu vou dirigir devagar e com muita atenção.

– Sei que é uma menina muito responsável, mas você é a única filha que tenho e como seu pai, devo zelar pelo seu bem-estar. Eu podia ficar de olho em você enquanto estava nos nossos limites. Mas, lá fora tudo é diferente. Você pode encontrar pessoas que não irão tratá-la muito bem ou até mesmo que terão preconceito por você ser nativa.

– Papai, eu não tenho receio de encontrar pessoas assim. Vou lá para estudar, se fizer amigos será porque eles me aceitam como eu sou. Se não me aceitarem, o melhor a fazer será ignorá-los.

– Qualquer problema, me avise. Você pode se transferir para a universidade Sinte Gleska, que é Sioux e Lakota.

– Está bem, papai.

Lua Branca olhou para Coiote Ligeiro que estava sentado à mesa da sala de jantar fazendo seus deveres da escola. Ele tinha quinze anos e estudava na escola da reserva. Ele era um rapaz alto e magro. Seus olhos eram escuros e seus cabelos eram negros, compridos e ondulados.

Coiote Ligeiro sabia que Lua Branca não queria estudar em Sinte Gleska, pois queria ter contato com os conhecimentos dos homens brancos. Ele sorriu para ela lhe dando seu apoio.

– Bom, minha filha. Agora, vamos ver o carro que comprei para você.

– Vamos.

Lua Branca se levantou e Águia Negra colocou a mão em seu ombro. Seguiram até a porta e ele saiu na frente para lhe tapar a visão. Essa era sua forma de lhe fazer surpresa.

– Caramba!

Ao ouvir o que Lua Branca disse, Coiote Ligeiro levantou-se e veio correndo para ver o carro. Como Lua Branca parou de repente, ele colidiu com ela.

– Fala sério! Que carrão! – disse Coiote Ligeiro.

Parado perto da entrada da casa estava um Jeep Cherokee Sport preto. Águia Negra andou até o carro e abriu a porta, convidando-a para entrar. Lua Branca andou até o carro e entrou.  Ela passou a mão no banco de couro preto macio e depois no volante, que também era revestido de couro preto.

– Ele tem teto solar, faróis de neblina, tração nas quatro rodas, aparelho de som e conexão bluetooth com celular. – falou Águia Negra.

– Mas eu não tenho celular, papai.

– Não tinha, filha. Olhe no banco do passageiro.

No banco do passageiro havia uma caixa retangular preta média com um laço de fita rosa. Lua Branca pegou a caixa e a colocou em seu colo. Puxou delicadamente a fita, desfazendo o laço. Abriu a tampa e dentro da caixa encontrou umnotebook e um celular. Ela olhou para o pai com lágrimas nos olhos.

A Xamã e o Lobo [AMOSTRA]Onde histórias criam vida. Descubra agora