Meu novo mundo

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Terça feira

Estou sentada com meus amigos esperando dar o sinal para o início das aulas, contei para o Marcelo ontem sobre a carta, então ele veio até minha casa ontem, conversamos horas sobre cada informação deixada pelo meu pai, era um assunto doloroso, mas ajudou para aliviar o que eu estava sentindo e me acalmou, pois eu não conseguia dormir.

Depois de um tempo, acabei pegando no sono. Ao amanhecer, ele já havia saído, deixando um bilhete dizendo que precisava resolver um problema familiar. Ele e o Mateus não vieram hoje, provavelmente o Mateus foi com o Marcelo. Tenho medo que essa amizade dos dois acabe prejudicando minha relação com o Marcelo e dando chances para a irmã do Mateus.

O sinal toca e então seguimos para a sala, como de costume sentamos nos mesmos locais. A sala estava clara e com as venezianas abertas, o que permitia a entrada de um ar limpo e agradável. O professor de história entra, faz chamada e então começa a ler um trecho de um livro chamado "O menino que acreditava em milagres" de Oleary,John. O livro conta a história de um menino que teve seu corpo queimado por um acidente que causou o incêndio em sua casa, durante o livro o homem chamado John, conta sua história, nada bonita, mas muito inspiradora. Como teve que ser forte e ter fé de que ficaria tudo bem, para que assim desse força a sua família. Acreditou que ele seria feliz novamente. Logo, que o professor termina sua leitura, peço licença e saio da sala.

Sabe aqueles momentos que precisamos parar e refletir sobre nossa vida? Pois é, esse livro me exigiu este momento.

John, o personagem do livro, teve 100 % do corpo queimado e, mesmo podendo desistir várias vezes, ele permaneceu forte e hoje serve de inspiração para milhares de pessoas. Percebo que meus problemas não são nada comparados com os dele, provavelmente eu nem devesse reclamar de minha vida. Entretanto, quando John esteve fraco e queria desistir, ele tinha uma família o apoiando, ele tinha um pai, tinha uma mãe presente, tinha irmãos que o amavam, o que é bem diferente do apoio que tenho de minha família. Pois não tive meu pai comigo na maior parte de minha vida, meu pai biológico me quer morta, meu irmão, bem... não sei nada sobre ele ou ela e nem o que aconteceu, minha mãe é tudo que tenho, mas está sempre tão ocupada que o que me resta são meus amigos, eles são minha família e preciso valorizar isso. Nossos pais não viverão para sempre, nem todos tem a chance de ter um irmão, mas todos tem a oportunidade de ter amigos e tem o dever de ama-los e protege-los para sempre, mas de qualquer maneira, quero minha família unida, pois esse laço de amor é maior que tudo.

Após uma longa manhã de aula, podemos finalmente ir para casa, mas antes nos reunimos no estacionamento para combinarmos um dia de ensaio entre nós, da nova música que o professor deu para a turma ensaiar.

Retorno para casa, minha mãe está me esperando para o almoço, mas percebo que ela não está sozinha pois ouço sua voz e outra voz familiar.

Tici - Oi Nike, olha quem veio nos fazer companhia!

Nisto o Marcelo e o Mateus se levantam e eu vou até eles para cumprimenta-los.

Nike - Que surpresa boa! O que fazem aqui? Você me disse que estaria ocupado o restante do dia hoje. - Direciono a última frase para o meu namorado.

Marcelo - Mas eu estarei ocupado... com você. Ah, e o Mateus também. - ele se aproxima de mim como se fosse me contar um segredo - Temos uma missão quase impossível de fazer com que o Mateus consiga arrumar uma namorada na festa hoje.

Mateus - Ei, eu estou ouvindo sabia?! - Ironiza, ambos riem com aquela risada debochada que só os dois tem.

Nike - Ok, acho que sobreviveremos a isto. - falo em tom de deboche- Mas que festa é essa?

Mateus - Ouvi o Guilherme dizer que o Charlie Brown Jr. estará fazendo um show aqui hoje e pensamos que seria legal ir.

Nike - Caramba! Claro, será perfeito. Já avisaram o pessoal?

Marcelo - Sim, estarão todos lá, mas não preciso de muito, tendo você já me dou por satisfeito.

Nike - Eu também meu amor.

Nos abraçamos e então sentamos para almoçar. Indescritível é a sensação de ter eles ao meu lado.

Após um breve momento de silêncio, percebo que se eu for, minha mãe ficará sozinha.

Nike - Vai junto hoje a noite mãe?

Tici - Ah, não sei se será uma boa ideia... - pela sua expressão é notável que ela está mais preocupada com o trabalho e manter as contas pagas do que se divertir. Eu até compreendo, pois como não estou mais trabalhando, sobrou apenas para ela a responsabilidade de manter as nossas despesas.

Marcelo - Mas seria bom, você vai adorar, e, além do mais, estará com seus amigos e nunca se sabe quem pode encontrar em lugares assim.

Nike - Vamos mãe, por favor..... - faço expressão de criança mimada e ela sorri e após confirma.

Tici - Tudo bem, eu irei, mas não sei nem que roupa vestir.

Neste instante meu telefone toca, retiro do meu bolso e vejo que é uma chamada da Môni, antes de atender olho para minha mãe e digo:

- Já achei a solução para esse pequeno detalhe.

Os meninos foram embora logo após o almoço, mais tarde a Môni chega e vamos então escolher as roupas que iremos. Estou animada com essa festa, sinto que algo bom irá acontecer, espero que não seja apenas uma sensação.

Fomos primeiro no quarto da mãe, mas como ela não tinha nada mais simples e confortável para usar, fomos ao meu quarto encontrar algo que ficasse bom nela.

Nike - Sorte sua usarmos quase o mesmo número.

Tici - Sinceramente, eu não diria que seja sorte... - diz com uma cara de espanto olhando um de meus vestidos pretos curto, com uma estampa de uma fênix gravada nas costas.

Eu e minha amiga gargalhamos entendendo o porque dela ter tido tal expressão. Jamais imaginaria minha mãe usando um vestido tão aberto, ainda mais uma que marcaria bem seu corpo. Ela gostava de ser mais discreta nas vestimentas, por conta de seu trabalho.

Após uma tarde de risadas, estávamos prontas para a festa.

Sentamos na sala para esperar as nossas caronas. Para variar estavam atrasados.

Tici- Filha, você chegou a falar com o Sidnei? Ele disse que estava te procurando a dias, mas não conseguiu falar contigo ainda.

Nike - Não vi ele não mãe. - olho para a minha amiga que me olha indicando que não sabia disso - Sabe o que ele queria comigo?

Tici - Não, mas parecia ser importante. Ele disse que o Gui não te avisou e que ele deveria fazer algo para te achar agora. Não entendi nada...

Môni - Nós menos. - minha amiga força um sorriso e antes que o silêncio começasse a ficar mais constrangedor ou a conversa tomasse um rumo pelo qual eu não gostasse, alguém bate na porta. Minha mãe vai até lá atender, assim que ela abre conseguimos ouvir a voz do Maikel perguntando pela Mônica.

Ela esta incrivelmente linda em seu vestido preto curto com uma leve abertura na lateral e seu tênis branco. Linda e confortável. Bela escolha. Nós três basicamente escolhemos a mesma cor de vestido, porém eu escolhi um cinza, curto, que marcava a cintura, uma bolsa pequena e um tênis branco para poder aproveitar mais a festa, estou levando uma jaqueta jeans caso esfrie.

O segredo das notasOnde histórias criam vida. Descubra agora