Diário de uma sombra, nas sombras

I - Início de um fim.

(Poema)
Não sei o que sentir
Não sei o que pensar
Não sei aonde ir
Não sei aonde parar

Mas eu sigo... não quero mais seguir
Isso dói tanto... me ajuda... por favor... me ajuda... alguém.

Fiquei louco
Estou rouco
Estou morrendo
Ainda vivendo
Estou em pé
Estou caído
Estou sonhando
Estou abatido
Ainda dói...
Me ajuda...

Ela passa por mim
Ela me olha
Me chama... me encanta
Eu a quero hoje
Eu a quero essa noite
Pq ela não vem?
Ainda é dia?... bem... não sei
Dói me ajuda...

Tropeçei
cai
Me cortei
Não senti
Me matei
Não morri
Corri
Temi
Chorei
Prometi
E outra vez
Menti
Dói me ajuda

Estou sorrindo
Estou sumindo
Estou chorando
Estou acabando
Estou beijando
Estou amando
Isso dói. ..me ajuda...por favor

Sou apenas o que eles querem
Eles terão o que merecem
Não importa o que eu sinto
O que importa é que se divirtam
Não importa aquilo que sou
O que importa é para onde vou
Céu e inferno se tornaram lugar de dor
Se tornaram o meu pavor.

Isso dói... muito...isso dói

A cicatriz essa noite será profunda
Sei que não adianta pedir desculpa
Desculpa... desculpa...

•••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
(História)

Hoje foi só mais um dia como qualquer outro,mas com uma diferença, foi tudo diferente.

Talvez isso a primeira vista pareça confuso, e é, a verdade é que nenhuma história precisa ter um certo  sentido, talvez o fato das histórias não terem sentido as tornam com um pouco mais de sentindo do que elas realmente tem.

O fato é que para compreender essa história sem sentido, é preciso esquecer tudo aquilo que sabe ou pensa que sabe.

Essa história começa na escuridão, sim, Escuridão, algo tão temido pelo ser humano desde o começo de sua existência, e que ,agora será cenário da minha mais bela história.

Poucos são aqueles que conseguem realmente enxergar o que a escuridão tem a mostrar, mas eu, cujo nome é... bem... não sei ainda (ninguém soube como me nomear). Bem, eu navegava pela escuridão a procura de algo que ninguém consegue enxergar, ou, se nega a enxergar. A luz.

- AH! MALDITA ESCURIDÃO! -murmurava eu em um tom alto- quem me dera ver para onde estou indo, de onde vim, em que estou pisando, para o que estou olhando... mas não. Estou só e preso nessa escuridão.

Eu andava nessa vida de puro sofrimento havia muito tempo, sempre reclamando ,sempre  sentindo - me só comigo mesmo.

Olá!- uma voz doce ecoou de repente - Tem alguém ai?

Ao ouvir essa voz senti um grande arrepio passear pelas minhas costas.

Olá!!!! - gritei desesperadamente- estou aqui!!!

Ao proferir essas palavras avistei algo que sempre sonhei em ver, algo que a princípio era desconhecido para mim, um minúsculo ponto de luz.
Corri até o encontro dessa suposta luz, e conforme me aproximava, mais forte a luz ficava, ao ponto de fazer meus olhos quase se fecharem novamente.

Quando eu estava bem próximo  mal conseguia manter meus olhos abertos, e, com a mão estendida, procurava alcança- la, derrepente deparei-me com algo sólido, porém liso e macio, diferente das enormes pedras que eu vivia tropeçando, esta parecia mais... gentil.

- Olá- disse novamente a voz doce, porém mais num tom mais baixo -quem é você? Está sozinho? Para onde vais? Que lugar é esse?

Repeti as mesmas perguntas com a voz trêmula, ainda com os olhos fechados.

-Primeiro abra os olhos- disse a voz doce e calma.

 Com muito medo, abri lentamente os meus olhos... até ver  se formar lentamente uma imagem ,e conforme  se formava a luz  diminuía até estar boa o suficiente para não fazer doer meus olhos.

A imagem que  vi se formar,  sem duvida jamais esquecerei.
De alguma forma era lindo e estava fora de tudo que sempre  havia sonhado ver... "ahhhh, então isso é ver", pensei comigo mesmo por alguns instantes.