Capítulo 5 Entre Provocações e Família

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Hoje os terrores noturnos se misturavam com um sonho erótico estranho. Isso nunca havia acontecido. Meu aniversário era amanhã e eu só queria chorar, mas precisava ser forte. O problema é que precisar não significa conseguir. Eu já estava na rua da empresa quando meu celular tocou.

— Maninha, feliz aniversário adiantado – dizia um Carlos animado do outro lado da linha.

— Oh meu Deus. Quanto tempo! – respondi um pouco animada demais. Como Carlos servia ao exército, quase não nos falávamos.

— Tive permissão para fazer uma ligação em forma de recompensa. Lógico que eu aproveitei que você vai fazer seus vinte e cinco aninhos.

— Ah Carlos... – Não consegui completar, pois meus olhos já estavam lacrimejados. Era tão bom falar com ele.

— Ah não. Eu não vou gastar meus poucos minutos ouvindo você chorar. Achei que ficaria feliz.

— Eu estou, e muito. Queria você e o Isaac aqui pertinhos de mim. – Fiz bico, mesmo que ele não pudesse ver.

— Eu sinto muito não estar aí com você. Quando minhas férias chegarem, e infelizmente vai demorar um pouco, vou passar com você. Ainda assim, consegui te mandar um presente, porém esse vai chegar no dia dez mesmo.

— Me conta o que é. – Já estava curiosa. Todo ano ele tentava me mandar alguma coisa.

— Nada disso, Senhorita. Será surpresa. – Ele sempre misterioso. Estava sentindo que nossa ligação estava chegando ao fim e eu queria chorar de novo. Cheguei no meu andar e continuei a ligação.

— Você sabe que te amo né? Tanto que chega a doer. – Poderia apostar que o rosto dele estava vermelho. Ele não era adepto a elogios. Ri sutilmente só de imaginar.

— Eu também. Fica bem, ok? Agora preciso ir. Abraços.

— Muitos abraços e beijos. – E assim finalizei. Quando olhei para minha mesa, Brittany e Harry me encaravam. Brittany parecia curiosa e Harry bufava.

— Hum... Esses olhinhos brilhando pela ligação, tem nome? – Brittany e sua sutileza, pensei.

— Sim, Carlos. Tenho foto dele, quer ver? – Nem precisava perguntar. Abri a galeria do meu celular simples e mostrei a ela.

— Nossa Senhora das calcinhas molhadas, que morenão é esse?

— Brittany! – Eu e Harry gritamos juntos.

— Desculpem. Ele é lindo, mas que engraçado, parece um pouco com você e por que está fardado?

— Isso é um interrogatório, agora? – Harry me encarava com fúria, de certo tendo mil ideias erradas e eu estava adorando enganá-lo um pouquinho.

— Ele é o noivo dela – respondeu Harry.

— Eu não disse isso! – Retruquei.

— Você disse que o amava e mandou beijos. Ouvimos.

— E daí? Eu amo Brittany e não estamos noivas – disse cruzando os braços. A sacola da marmita pendendo de um dos braços. Brittany estava sentada e nós dois em pé. Ela ficava olhando de um para o outro nesse duelo de palavras.

— É diferente – respondeu coçando a barba rala.

— E por que não pode ser diferente com Carlos? – Brittany pigarreou e nos demos conta que estávamos fazendo um showzinho particular.

— Enfim. Quero as duas em minha sala em breve e, senhorita Helen, não precisará de sua marmita. – Já foi andando.

— Vou guardá-la na geladeira e já vou bater meu ponto. Ainda tenho dez minutos. – Harry bufou e entrou em sua sala.

Entre Disfarces e Segredos (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora