Capítulo 17 - Guardiões

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No primeiro dia de julho, quando faltavam apenas quinze dias para a grande festividade na igreja, o pastor Anderson procurou a Cezar.

— A respeito da apresentação na igreja, os jovens estão bem ensaiados?

— Sim, pastor, será a melhor encenação do soldado ferido que já foi feita, pode ter certeza.

O pastor estava muito preocupado e pediu para que Cezar alertasse os soldados de que Arthur poderia atacar a qualquer momento. No penúltimo dia de treinamento Cezar falou com os valentes.

— Durante meses vocês foram treinados como soldados de verdade. A razão disto foi para que fizéssemos uma bonita apresentação na igreja e o outro motivo, e de maior importância, é proteger a nossa igreja contra um ataque das forças das trevas.

— É o tal de Arthur não é professor? Meu pai me contou sobre ele. — disse Richard.

— O meu também contou sobre como vocês lutaram contra ele. — falou Augusto.

Natália, com seu jeito despojado confessou.

— Professor, não querendo estragar, mas acho que todo mundo aqui sabe dessa história de ódio e vingança.

Cezar ficou surpreso e Benjamim completou.

— Pai, seu Alberto contou quase tudo pra mim, o problema maior agora é que não sabemos como ele pretende nos atacar. O senhor tem algum palpite?

— Não tenho filho, mas se Arthur resolver atacar a igreja, com certeza não será em nossa realidade.

— Como assim? — perguntou Brian.

— Escuridão somente pode agir com total liberdade na dimensão espiritual. Se ele atacar a igreja o tempo vai parar pra todos, menos para nós e o pastor Anderson. Toda a cidade ficará parada e nós teremos que lutar contra Arthur e seus aliados.

— Corremos o risco de se machucar?

— Estaremos em outra realidade Edmundo, vocês vão lutar e sentir como se tudo fosse real, mas caso sejam derrotados levando um golpe fatal, sairão da batalha e voltarão para a realidade normal, provavelmente nas suas casas.

— Mas como vamos saber quando será o momento de nos reunirmos?

— Vocês saberão Lucas, tenham certeza, mas fiquem atentos e venham para a igreja assim que sentirem algo errado.

— Agora eu quero mudar de assunto e perguntar quem são os soldados que foram à festa na casa de Keila algumas semanas atrás. Falaram-me que alguns jovens desta igreja estavam lá.

Os jovens se entreolharam e Richard respondeu.

— Eu fui professor, mas eu pedi para o pastor Anderson. Eu disse que era uma boa chance de evangelizar e de quebra, participar de uma boca livre.

Todos riram e Cezar comentou.

— Eu já sabia do seu caso, apesar de não concordar, você foi a um ambiente perigoso, mas Deus conhece o seu coração e o seu prazer em evangelizar. Agora eu pergunto, tem mais alguém aqui que foi para a casa de Keila?

Ninguém respondeu e Cezar questionou a Richard.

— Richard, tinha mais alguém deste grupo além de você lá?

Richard abaixou a cabeça e não respondeu, Cezar insistiu e ele confessou.

— Tinha sim professor, mas eu prefiro que eles falem, não vou contar, me desculpe.

Cezar encerrou o assunto e pediu para que todos fossem para a igreja onde Cíntia, Natália e mais dez meninas esperavam para fazer a encenação do soldado ferido. Natália, como sempre, era a primeira das meninas e era ela que levantava Benjamim do chão.

Durante a semana, em Betel, Arthur acompanhava o treinamento de 24 soldados, 12 rapazes e 12 moças. Eles também portavam escudos e espadas, que eram de prata. No centro dos jovens, uma mulher alta comandava o treinamento e pedia mais ferocidade aos seus comandados. Arthur a chamou e perguntou.

— Estes seus guardiões das trevas serão páreos para os soldados de Peniel, Keila?

— Com certeza, estão muito bem treinados e motivados com os prêmios que vão receber após a nossa vitória.

— Eu darei muito mais do que eles estão pensando se me ajudarem a estragar a festa daquela maldita igreja.

Keila sorriu e falou.

— E eu não vejo a hora de ver a cara de idiota de Cezar quando perceber que todo o seu trabalho foi em vão.

Em Peniel, ocorria o último treinamento com os valentes na segunda semana de julho. Mestre Saito passou a avaliação para Cezar dos soldados e como era de seu costume, não deu nota dez para ninguém. Benjamim era o melhor seguido de Brian e Augusto.

O velho mestre pediu para tirar uma foto com os soldados, Cezar e o pastor Anderson. Ele se despediu e comentou que estaria na festa da igreja no próximo sábado à noite.

Durante a semana, Cezar fez uma pergunta para Benjamim.

— Filho, sabe por que o leão é o considerado o rei dos animais?

— Não sei pai.

— O leão não é o maior, nem o mais rápido, nem o mais feroz dos animais, mas é considerado o rei dos animais porque ele tem algo que os outros animais não têm.

— O que é pai?

— O leão não tem medo de nada, o leão nunca foge e não recua diante de uma ameaça, por isso, nosso mestre é comparado a um leão na bíblia.

— Ele é o leão da tribo de Judá.

— Isso mesmo Benjamim! Portanto, não tenha medo de nada e não recue diante de nenhuma ameaça. Deus se agrada de quem mostra coragem para vencer os desafios da vida.

— E quanto a Arthur, se ele é tão poderoso mesmo, como vamos derrotá-lo?

— Ele não pode usar o seu poder para entrar em combate direto com vocês, por isso ele precisa de aliados.

— De que adianta ser tão poderoso então?

— É o preço que ele tem que pagar. Ele pode até atacar você e seus amigos diretamente, mas corre o risco de perder e ficar novamente sem poderes como da outra vez em que me enfrentou. — lembrou-se Cezar.

Finalmente chegou o dia da festa. Não se falava em outra coisa em Peniel e Cezar, preocupado, pediu para que os valentes montassem guarda em frente à igreja. Eric ajudou o professor a elaborar uma escala e na primeira hora da manhã, Brian e o seu irmão Nicolas ficaram na igreja.

Keila chegou com Karen e alguns funcionários para terminar a decoração da igreja. Ela sorriu e sussurrou para Karen.

— Justo quem eu queria está aqui, se prepare para entrar em ação assim que eu ordenar.

Esquadrão dos Valentes: O resgate do soldado feridoOnde histórias criam vida. Descubra agora