Capítulo 11 - Betel

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Cíntia ameaçou correr, mas Benjamim a pegou pelo braço e pediu calma. O carro veio a toda velocidade e Benjamim deu dois passos para trás junto com sua irmã ficando protegido entre duas grossas árvores.

O carro veio rápido e antes de se aproximar diminuiu a velocidade. O motorista abaixou o vidro e quem estava dentro era Richard, que ofereceu carona para os dois. 

— De quem é este carrão? — perguntou Benjamim.

— É do Eric.

Eric era um jovem e fiel pastor que era assistente do pastor Anderson, o substituindo quando necessário.

­— E por que ele emprestou pra você?

— Ele me emprestou porque amanhã vou fazer um favor pra ele, agora sobe aí grandão.

No sábado seguinte, Diego não apareceu novamente e Cezar com tristeza comunicou que a partir daquele dia ele não faria mais parte do esquadrão. Mestre Saito não comentou nada e Cezar disse que ele ainda poderia ser reincorporado.

O treinamento começou com um clima pesado, mas mestre Saito mandou os soldados trocarem de roupa e após alguns exercícios físicos os fez correrem duas voltas em torno da igreja.

Após a corrida o mestre pela primeira vez os fez terem contato com as espadas e os escudos. As espadas que eles usariam eram iguais as da igreja, mas não eram afiadas, assim não haveria o risco de se machucarem.

Os rapazes ficaram empolgados, mas em seguida o mestre os chamou para a sala de aula e ficou o resto da manhã dando uma aula teórica sobre como manejar as espadas.

No domingo cedo Cezar ministrou uma interessante aula na escola bíblica onde falou sobre Eleazar, que era um dos valentes soldados do rei Davi.

Ele contou que um dia houve uma batalha contra os filisteus, inimigos do povo de Israel. Eleazar lutou tão bravamente que sua mão não desgrudou da espada até que ele derrotasse o último filisteu. Cezar comentou sobre a importância de lutar até o fim, de perseverar, que Deus não gosta de pessoas que recuam.

Cezar dispensou os alunos ficando apenas com os soldados.

— Vocês que estão aqui são os valentes de hoje. Naquele tempo Davi era o rei de Israel e tinha os seus valentes, hoje, vocês são os valentes do Senhor.

— Vocês fazem parte de um esquadrão, um Esquadrão de Valentes, a partir de hoje, eu os chamarei de Valentes.

Os jovens gostaram e tiraram sarro de Nicolas.

— Professor, tem um soldado aqui que não pode ser um valente.

— Por que Richard? — indagou Cezar sorrindo.

— Parece que um de nós tem medo de barata.

Os soldados riram muito e Cezar comentou.

— Pode ter certeza que ele vai perder esse medo, tenha fé.

No sábado seguinte, Saito continuou o treinamento prático com as espadas e os escudos. Ele dividiu a turma em dois grupos, enquanto um grupo se exercitava com Cezar, o outro treinava com as espadas.

Após o culto de domingo, Cezar chamou a Benjamim, Brian, Richard, Augusto e Edmundo e pediu um favor. Eles deveriam ir à cidade vizinha de Betel e levar um contrato para Keila assinar, já que a empresa dela tinha sido escolhida para decorar a igreja nos dias de festa.

— Mas hoje é domingo pai, a empresa dela deve estar fechada.

— Na verdade vocês irão a casa dela Benjamim, nesse endereço. — Cezar entregou um papel com o endereço para Benjamim.

— Podem ir com o meu carro, mas não demorem, as irmãs pediram esse favor por não poderem ir a Betel, mas tentem voltar rápido. E cuidado para não encontraram com Max e a turma dele, mas caso os encontrem não briguem.

Cezar entregou as chaves do carro para Richard por ele ser o mais velho e deu um último recado.

— Uma vez quando eu tinha a idade de vocês eu fui a Betel e me envolvi em uma briga. Eu paguei muito caro por aquilo, então, tenham cuidado, por favor.

— Pode deixar professor, trago tudo mundo de volta inteiro, quem sabe a gente arruma uma namorada pro Augusto.

Todos riram muito porque Augusto, por ser um jovem muito sério, tinha dificuldade em arrumar uma namorada.

Augusto retrucou a brincadeira do seu primo.

— Olha só quem está falando, se não é o próprio senhor encalhado.

A ida a Betel durou apenas vinte minutos e ao chegarem Richard reclamou.

— Pessoal, eu perdi o almoço em casa e estou com fome, vamos comer um lanche, topam?

Augusto não concordou com o seu primo.

— Você só pensa em comida Richard, vamos primeiro entregar o contrato, depois a gente come.

— Pra você é fácil ficar sem comer com essa magreza toda.

— Pelo menos eu não passo vergonha ficando pra trás nos treinos do mestre Saito.

— Bom, eu quero comer primeiro, quem concorda?

Benjamim e Brian levantaram a mão timidamente e Edmundo confessou.

— Eu estou com fome também.

Contrariado, Augusto concordou e Richard apontou.

— Vamos naquela lanchonete que tem ali na praça, depois vamos à casa da Leila.

— É Keila. — Augusto corrigiu seu primo e eles foram comer.

Os jovens escolheram uma mesa e fizeram os seus pedidos. Tudo estava tranquilo, mas três carros em alta velocidade estacionaram em frente à lanchonete. Max e mais dez rapazes desceram dos carros armados com cassetetes e socos ingleses.

— E então Benjamim, veio fazer uma prévia da nossa luta na capital! Levanta daí, eu não gosto de gente de fora na minha cidade! — gritou o valentão.

Brian olhou para Augusto e perguntou.

— E agora, o que vamos fazer?

— O problema não é a gente Brian, é o Benjamim, ele não é de brigar, mas eu nunca o vi fugir de ninguém.

Brian olhou para o céu e clamou.

— Senhor, nos ajude. 

Esquadrão dos Valentes: O resgate do soldado feridoOnde histórias criam vida. Descubra agora