Esquadrão dos Valentes: O resgate do soldado ferido

Capítulo 15 - História

Cezar confirmou que o soldado número um seria Benjamim e que Augusto seria o número dois.

— Benjamim será o líder de vocês e Augusto o segundo em comando. Os demais estão nesta sequência; Brian, Richard, Lucas, Edson, Emerson, Edmundo, Lúcio, Daniel, Nicolas e Thomas.

Antes de entregar as roupas camufladas, Cezar verificou se todos tinham comprado o coturno preto como ele havia pedido, mas Benjamim estava com um coturno marrom claro nas mãos.

— Benjamim, que coturno é este? Eu não disse que era para todos estarem de coturno preto, não existe soldado com coturno marrom, e claro ainda por cima. — falou Cezar inconformado.

— Eu queria preto, mas a mãe falou que este combina mais comigo.

Os soldados deram muita risada e Cezar mandou que eles vestissem suas roupas. As calças serviram, mas a camiseta de Benjamim ficou pequena.

— O professor comprou a camiseta pro Benjamim, mas deu o número da Cíntia. — brincou Richard.

— Não sei o que fiz, mas vá à loja do seu Alberto, foi lá que eu encomendei as suas roupas, com certeza ele deve ter uma camiseta do seu tamanho.

Seu Alberto era dono de uma loja de roupas e também o maior historiador da cidade. Ele tinha mais de oitenta anos e conhecia quase todas as histórias que marcaram a cidade de Peniel e até das cidades vizinhas.

Ele também trabalhava no jornal da cidade como colunista e era muito amigo de Cezar porque tinha sido seu professor de história no colégio.

Benjamim foi trocar a sua camiseta e seu Alberto entregou uma do tamanho correto para o soldado. O jovem sabia da fama de historiador de seu Alberto e perguntou.

— Seu Alberto, o senhor conhece um homem chamado Arthur Messina?

O historiador arregalou os olhos assustado.

— Eu lembro sim meu jovem, lembro sim.

— O senhor pode me contar sobre ele?

— Posso sim, mas é melhor você sentar-se para escutar.

­— Peniel foi fundada há 200 anos pelos ancestrais da família de sua mãe, os Hoff, para ser mais preciso, por Joel Hoff. Uma das primeiras coisas que ele fez foi fundar a grande igreja do centro, igreja que você frequenta.

— A igreja de Peniel, depois de cem anos passou a se chamar Assembleia de Deus e se associou a igreja da capital pertencendo assim ao maior ministério do nosso estado. A igreja de Peniel sempre foi muito cobiçada pelos pastores que queriam dirigir a segundo maior igreja do ministério.

— Há cinquenta anos, com o jubileu do velho pastor Zacarias, o pastor presidente enviou dois jovens missionários para esta região. O mais velho, Alexander, cuidaria da igreja em Peniel e o mais jovem, Arthur, seria o pastor da Assembleia em Betel.

— Arthur foi para Betel porque a direção da igreja o considerava ousado e intrépido para expandir o trabalho numa cidade que era hostil a pregação do evangelho.

— Alexander ficou em Peniel porque tinha muito bom relacionamento com as pessoas, além de ser um pregador muito eloquente que cativava as pessoas com o seu bom humor.

— Ele foi o pastor do meu pai quando ele era jovem, meu pai disse que ele era muito bom mesmo. — comentou Benjamim.

— Alexander era mesmo muito carismático, mas costumava desobedecer aos seus líderes da sede, o que trouxe muitos problemas a ele.

— E Arthur, o que aconteceu com ele?

— Arthur foi muito mal recebido pela população de Betel, mostrando despreparo e pouca paciência, ele abandonou o trabalho em Betel e veio para Peniel. A direção da igreja queria que ele voltasse para a capital, mas ele preferiu ficar em Peniel com seu irmão.

— Depois de um tempo Arthur começou a agir estranhamente e tentou convencer seu irmão a dividir a direção da igreja com ele. Alexander não aceitou e pediu para que ele voltasse para a capital.

— Arthur não gostou e junto com algumas pessoas tentou usurpar o poder de Alexander. Para isso ele prometia tornar a igreja independente de sua sede na capital, o que era desejo de alguns na época.

­— Alguns poucos irmãos o apoiaram, mas Alexander descobriu tudo e expulsou seu irmão da igreja, junto com ele saíram os membros que haviam se rebelado contra Alexander.

— Logo após sua expulsão da igreja, uma tragédia ocorreu na vida de Arthur, sua esposa, que não concordava com as decisões de seu marido teve um mal súbito e morreu quando estava grávida de cinco meses.

— Arthur, que já não estava bem, enlouqueceu. Ele foi morar fora da cidade em um velho casarão entre Peniel e Betel. Ali ele fundou uma seita e segundo alguns relatos vendeu sua alma para ter poder para destruir a igreja e toda a cidade de Peniel como vingança.

— Que casarão é esse?

— Ele é conhecido até hoje como o casarão da maldade. Dizem que a casa é repleta de passagens secretas e que abaixo dela existem muitas cavernas e lugares secretos, o que pode ser verdade pelo fato dela ter sido construída na encosta da montanha de Escol. Em breve eu pretendo ir lá tirar umas fotos para um artigo sobre o casarão que pretendo publicar no jornal.

— E Arthur? Ele se vingou da igreja?

— Durante anos ele se preparou e prometeu que voltaria para se vingar. Alexander soube disso e reuniu alguns jovens, entre eles, o seu pai, para defender a igreja.

— Eu próprio os vi sendo treinados por Saito, eles defenderam a igreja e não permitiram que Arthur tivesse sucesso em seus planos de vingança.

— Seu Alberto, esse tal de Arthur voltou e prometeu que vai atacar a igreja e estragar a nossa festa.

— Se ele prometeu vai cumprir. Já se passaram vinte e cinco anos do seu último ataque, mas acredito que vocês têm que tomar muito cuidado.

— Mas por que ele retornou somente agora?

— O que eu sei é que ele mora em Betel há décadas, dizem que nunca sai de casa e vive recluso. O fato de voltar agora pode ser atribuído porque somente agora ele conseguiu reunir forças e aliados. Ou pode ser que ele foi obrigado a esperar você, o filho de Cezar, seu maior inimigo, se tornar um adulto.

Benjamim se espantou com a dedução de seu Alberto e comentou colocando a mão no queixo.

— Pode ser mesmo, não tinha pensado nisso.

Benjamim agradeceu pelas informações e ao voltar para casa percebeu que estava sendo seguido.