Longe de casa {NamJin}

#13 - Ele e ela brigando por mim?

Os dias eram mais divertidos agora que estavam juntos. Nos intervalos entre trabalho e cursinho, Namjoon sempre ganhava beijos, abraços, sorrisos. Nunca tinha se sentido tão querido e cuidado assim. Quando estava nos braços de SeokJin, era como se tivesse toda sua energia recarregada para então seguir adiante.

Era nisso que estava pensando enquanto passava os dedos pelas lombadas dos livros devagar. Sentia onde os nós de senhor Bang foram imprecisos, onde a cola espessa havia escorrido além da conta. Observava os defeitos dos livros antigos, e se perguntava se não era como eles. Maltratado, rasgado e colado, amarelo e meio empoeirado. Seu conteúdo continuava ali, mas não era acessível de uma forma tão bela. Ele havia crescido. E pessoas crescidas carregavam cicatrizes emocionais e físicas.

Suspirou. Não queria pressionar Jin, a pessoa que estava tornando seu mundo colorido, divertido e feliz, mas sentia falta de uma definição. O que eles eram, afinal? Namorados, ficantes, amigos coloridos? Talvez ficasse mais calmo se o mais velho dissesse que precisava de tempo, de certeza ou que tinha medo. Mas ele não dizia. Ele sorria para Namjoon e o embalava nos braços, como se só existissem os dois, como se eles juntos formassem uma bolha de empatia onde não cabia mais ninguém. Entretanto, Namjoon já o tinha assumido e revelado para Jackson, que agora tratava o casal como sarna. E mordia a língua para não falar dele para todas as pessoas. O mais novo sentia-se culpado por não saber o que fazer quando abria a boca para explicar o que era SeokJin. O que ele era para SeokJin?

-O que está fazendo? - perguntou uma Na Yeon animada, com o corpo bem próximo do dele. Namjoon tomou um susto, levando a mão ao peito e dando dois passos para trás. A garota piscou três vezes, o cabelo preso em maria chiquinha a fazia parecer ainda mais nova.

-Precisa de algo, NaYeon-Nona? - perguntou, tirando um livro da estante e colocando-o em outra.

Ela deu de ombros.

-Vim ver se está cuidando direito do senhor Bang.

-Eu acho que ele não tem do quê reclamar.

A garota sorriu. Apostava que não tinha mesmo. A questão é que ela sentia uma certa saudade de Namjoon. O sorriso dele transmitia uma paz que ela não tinha, e desejava. Foi buscar em Namjoon essa tranquilidade. Encontrara todos os dias, menos hoje. O que havia de errado?

Na Yeon então começou a andar pelo sebo, tentando se lembrar do nome de um livro que precisava para a aula de economia. Ela odiava essa matéria com todas as forças. Não conseguia aprender. Era a terceira vez que tentava, e já sentia que reprovaria. E se não conseguisse terminar medicina por causa disso? Porque não conseguia fazer uma droga de planejamento financeiro?

Enfiou as mãozinhas no rosto, irritada consigo mesma.

-Namjoon-ah! - chamou - Já viu algum livro por aqui chamado "economia para idiotas" ou coisa do tipo?

Escutou ele rir. Era uma risada tão boa.

-O que?

-Algum livro que me faça entender economia para eu poder me formar.

-Não - respondeu, incerto, enquanto equilibrava alguns livros numa prateleira alta. -Podemos procurar no último corredor. Lá em muito material didático.

-Tá bem - disse Na Yeon, e caminhou para o último corredor. Ela odiava aquele corredor em específico. As prateleiras não eram mais altas, nem era mais estreito que os outros. Mas parecia perigosamente cheio e especialmente empoeirado. Os livros perigosamente apoiados e empilhados uns nos outros.

Tossiu. Nada mais macabro para justificar a maldade da coisa toda. Engoliu em seco e entrou no corredor.

Parecia que NaYeon estava travando uma batalha árdua contra o corredor e os livros, entre si mesma e as estantes. Namjoon observava ela entrar e sair do corredor com livros, resmungando baixo ou xingando por não alcançar alguma prateleira. Entre um cliente e outro, ele passava pelo corredor e a ajudava.