#27 - A família de Ilsan II

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SeokJin acordou depois de levar uma braçada de Namjoon. O mais novo se mexeu violentamente e acertou Jin no ombro. Ele estava pronto para xingá-lo, mas mudou de ideia.

-Amor, acorda - chamou, segurando Namjoon pelos ombros. Havia um rastro de lágrimas no rosto do mais novo, brilhando com a fraca luz do luar que entrava pela janela. - Acho que foi um pesadelo.

O garoto aperta os olhos e faz uma careta de dor antes de abrí-los. SeokJin o encarou preocupado. Namjoon se senta bruscamente, respirando alto e descompassado. Jin o acompanha, levantando-se. Observa enquanto o namorado apoia a cabeça entre os joelhos, respirando rápido. O mais velho esfrega as mãos nas costas dele, tentando confortá-lo. O que acabou de acontecer?

Aos poucos, as imagens de Sun Hee no campo de morangos ficam claras em sua mente, assim como a conversa. Namjoon esticou os braços para frente e ergueu a cabeça, como se pudesse tocá-la. Era realmente como se tivesse estado ali.

-O que houve, Namjoon? - Pergunta Jin, preocupado. O maior se abraça à ele, uma necessidade súbita de ter seu hyung nos braços. Ele começou a chorar, baixo, mas não contido. Era um choro doloroso de se chorar, era um choro dolorido de ouvir. - Você... sonhou com sua irmã, não foi?

O mais novo apenas acenou com a cabeça. Seokjin se abraçou à ele da forma mais protetora que pôde, deixando seu menino chorar. Era difícil para ele ver Namjoon, que era sempre fortaleza, se desmanchar em seus braços. Mas Jin estava feliz que era ele, e nenhuma outra pessoa no mundo, que podia estar com Namjoon enquanto ele chorava.

O dia amanheceu e o garoto de Ilsan dormia no colo do namorado. Chorar quando se guarda sentimentos por muito tempo podia ser muito cansativo, Jin sabia bem. Beijou a testa de seu amor e colocou-o sobre o travesseiro com dificuldade. Precisava muito ir ao banheiro.

Olhando-se no pequeno espelho do único banheiro da casa onde Namjoon crescera, Jin se sentia extremamente confortável. Ali seus ombros ficavam menos alinhados, o cabelo menos tratado e as roupas mais largas. Ali ele não precisava se preocupar em parecer uma coisa ou outra, mesmo que essa cobrança viesse de dentro para fora. Sorriu para si mesmo. Namjoon o ajudava a se libertar de uma antiga prisão a cada novo dia que compartilhavam.

Ao sair do banheiro, encontrou a sogra começando a preparar o café da manhã.

-Bom dia meu filho - ela disse, com um sorriso.

-Posso ajudar, eomoni? - Perguntou Jin, sendo sincero.

-Claro - disse, automaticamente esticando para Jin uma colher de pau. Ele assume uma das panelas. - Namjoo nunca foi bom na cozinha - continua ela, enfiando a mão coberta por uma luva numa vasilha com carne - nunca vi uma criatura tão desastrada.

Jin riu, sem maldade. Acabou contando à sogra sobre o incidente no primeiro dia em Seoul, quando ele e o namorado tiveram um encontro no meio do corredor.

-Acho que ele cresceu tão rápido que perdeu a noção do espaço que ocupa - comentou a mãe, balançando a cabeça negativamente.

-Deve ser isso - concordou Jin, sentindo o cheiro da comida se espalhar pelo aposento. - Também, ele é todo... - e tentou gesticular, esticando os braços para cima, depois para os lados - grande.

A senhora riu, depois observou Jin com carinho. Ele levou a colher de pau até à mão, depois da mão até à boca, conferindo o tempero.

-Você faz muito bem a ele - disse, encostando-se na pia. - O jeito que meu filho olha para você. Nunca o vi tão feliz.

Jin sente as bochechas corarem, encarando a panela como se fosse a coisa mais interessante do mundo.

-Ele faz o mesmo por mim - sussurra, constrangido. A senhora ri.

Longe de casa {NamJin}Where stories live. Discover now