0.2: Bilhetes anônimos

1.8K 235 235
                                    

A tarde daquele dia se resumiu em estudo e doramas. Logo depois de estudarem much, many, little, few, entre outros substantivos, foram sofrer por Daoming Si, Huaze Lei e Dong Sanchai.

— O Si é tão romântico, ele apanhou para salvar a Shancai – Taeyong comentou, sorrindo de canto, olhando para a TV.

— Pois é, nem parece o idiota que era no começo – Sicheng complementou, vendo a hora no ecrã do celular — Eu preciso ir, já está tarde.

Taeyong acompanhou o amigo até o portão e se despediram com um abraço. Foi até a cozinha, pegou algo para comer e voltou para o andar de cima. Lembrou da vergonha que havia passado, sentindo o rosto queimar de vergonha.

— E se o treinador me reconhecer? Ai, ok. Amanhã irei disfarçado, ninguém irá me reconhecer – falou para si mesmo, indo até o guarda-roupa e escolhendo o seu disfarce.

...

— Taeyong, você está sendo super discreto – o chinês disse, entrando na escola junto ao coreano.

— Sério? Obrigado – agradeceu.

— Eu fui irônico, idiota.

O Lee estava de óculos escuros e com um casaco preto com um capuz. Sicheng, ao seu lado, ria do melhor amigo. As duas primeiras aulas seriam de matemática, matéria que a maioria odiava, mas Sicheng amava. Dominante na área de exatas e natureza, tirava de letra as disciplinas de química, física e biologia.

Entraram na sala de aula, foram para seus lugares, e logo a aula começou. O conteúdo era sobre matrizes e funções do segundo grau, e Taeyong odiava aquilo mais do que tudo nessa vida. Estava quase dormindo, quando alguém tocou seu ombro e o entregou um bilhete.

''Então quer dizer que você gosta do Huta do time de basquete da escola? Interessante..."

Era o que estava escrito. O rosado sentiu o mundo cair ao ler aquilo, como ele ou ela sabia? Só quem tinha conhecimento daquilo era seu melhor amigo e o seu diário, a não ser que...

— Não pode ser, não, não, não... – procurou dentro da bolsa o caderninho, se desesperando ao ver que não estava ali. Mas como ele perdeu?

Lembranças do dia anterior vieram à sua mente. Quando estava fugindo, os livros tinham caído, lembrou de ter pegado todos, mas será que não havia esquecido do principal?

Estava tão perdido em seus pensamentos que não tinha percebido o sinal tocar, indicando o horário de intervalo. Se assustou ao ouvir Sicheng o chamar.

— Vai ficar aqui? – o loiro perguntou impaciente. Taeyong levantou e puxou Sicheng até uma parte afastada da escola, começando a chorar.

— Ei, o que aconteceu?

— Aconteceu uma coisa horrível! – se derramava em lágrimas — Eu perdi meu diário e uma pessoa mau o pegou, leia isso!

Mostrou o bilhete a Sicheng, que leu o que estava escrito.

— Mas ... como você foi capaz de perder seu diário? – o estrangeiro perguntou.

Sabia muito bem que Taeyong era capaz de perder qualquer coisa, mas logo perder aquele diário que ele guardava as sete chaves?

— Ontem, quando nós fugimos, deixei alguns livros caírem – explicou — Na pressa, peguei tudo tão rápido que esqueci do principal.

Sicheng ouviu tudo atentamente, queria ajudar de alguma forma. Abraçou Taeyong, dizendo que tudo ia ficar bem.

— Tenho que descobrir quem foi, tenho que recuperá-lo – Taeyong diz, cessando o choro.

— Você vai recuperar, ok? Agora vamos voltar para lá – voltaram para o pátio, e ficaram conversando.

— Mas e aí, conversou com o menino? – Taeyong perguntou.

— Não, estava sem internet lá em casa... – respondeu Sicheng.

— Está mentindo, vamos, estava com medo, estou certo? – o chinês revirou os olhos, assentindo.

— Estou, mas olha, eu estava com medo dele me achar um idiota.

— Sicheng, eu... vou aqui e já volto, ok? – Taeyong saiu rapidamente, e o outro ficou sem entender.

— Espere, onde você vai? – sentiu alguém segurar seu braço, sentindo o coração acelerar ao ver quem era.

— Oi – era Yuta.

— Oi, Yuta.

Sorriram um para o outro, agora ele entendeu porque Taeyong saiu correndo dali.

— Você quer... conversar? – Yuta perguntou um pouco inseguro, mas ficou com o coração aliviado ao receber a confirmação do outro.

Chamou Sicheng para um lugar mais afastado, e ele o seguiu. Taeyong observou a cena, orgulhoso por ver seu amigo finalmente gostando de alguém. Nisso, uma garota veio até ele e o entregou outro bilhete.

"Sim, eu estou com o seu diário. Você o quer de volta, certo? Então faça o que eu mandar, me encontre no estacionamento no final da aula (:"

— Isso foi uma ameaça? – se perguntou, indignado — Certo, só vou pegar o que é meu e ir embora, resolvido.

Não demorou muito para que o sinal para voltar a sala tocasse, e mesmo a contragosto, Taeyong voltou se arrastando. As últimas duas aulas foram para fazer a prova, e os alunos começaram a irem para seus lugares.

— Que cara é essa? – Sicheng perguntou, sentando ao lado de Taeyong.

— A que eu tenho – respondeu, frio.

— Nossa, já vi que está de mal humor – murmurou o outro.

Lee entregou o outro bilhete, mandando-o ler.

Ao ler, Sicheng respirou fundo e encarou Taeyong, que permanecia de cara fechada. Ele também o encarou, ficaram assim por, no mínimo, um minuto.

— Você não vai, não é? – o chinês disse, em tom sério.

— É claro que eu vou, mas você vai comigo – respondeu simples, ouvindo o outro falar alguma coisa em sua língua nativa, provavelmente tinha o xingado.

...

Fizeram as provas, e saíram logo depois. Taeyong estava tremendo, ele estava nervoso demais. Fique tranquilo, é só pegar o que é seu por direito e esquecer que esse dia aconteceu, era o que ele pensava durante o caminho.

Já era possível ver o estacionamento, e o nervosismo apenas aumentou. Olhou para Sicheng, que também procurava a tal pessoa. Aquilo estava parecendo cena de dorama, a garota está indo em direção ao seu carro, quando é sequestrada pelo vilão.

— Taeyong, eu estou com medo – agarrou o braço do coreano.

— Calma Cheng, a gente não vai morrer, relaxa – tranquilizou o loiro.

— Não tenham tanta certeza! – uma voz, em tom ameaçador, foi ouvida.

O desespero foi real. Não sabiam de onde tinha vindo, nem se estava perto ou longe. Acabaram se perdendo em meio a correria, a situação só piorava a cada instante. Sicheng estava escondido atrás de um carro vermelho, próximo a saída de emergência. Taeyong estava escondido atrás de um carro preto, um pouco distante de onde o chinês estava. Se corresse bem rápido, conseguiria chegar até lá.

E assim fez. Correu em direção a saída, mas não conseguiu chegar ao seu destino. Um rapaz mais alto e mais forte que ele o agarrou, tampando sua boca para não gritar. Se debateu, tentando se soltar, mas de nada adiantou.

— Ei, se acalme! Eu não vou te matar nem nada do tipo – o rapaz disse. Taeyong conhecia aquela voz, só não lembrava de onde.

Se soltou, encarando assustado o cara. O rapaz sorriu de canto, tirando a máscara e o óculos que usava.

— .... Você? – o rosado falou, sem acreditar no que seus olhos estavam vendo.

— Sim, sou eu.

E foi ali que Lee Taeyong soube que nunca mais teria paz em sua vida.

Secret Love - JaeYong (Volume 1) - ReediçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora