014 - Por trás da máscara ~Rapha~

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-----------Raphael-----------

Passei o fim de semana inteiro depois do que aconteceu no meu aniversário em casa, pensando. Não queria perder minha amizade com Jenni, ela sempre esteve comigo apesar de tudo e todos, e eu deixei ela e fugi. Mas ela tem que entender meu lado também, ela mentiu pra mim todos esses anos, podia ter conversado comigo e quem sabe... não. - disse a mim mesmo - Eu nunca vi Jennifer como mais que amiga, ela sempre foi como uma irmã pra mim.

Espero não ter estragado nossa amizade depois de tudo aquilo. Será que eu nunca senti nem um pouquinho de amor por ela a mais que amizade? Bem, se sim eu nunca percebi. Mas estava certo que não.

Hoje no colégio iria falar com Jennifer sobre o que aconteceu, mas não sei como vou olhar pra ela depois de tudo.

Tomei um banho, coloquei uma calça jeans preta e uma blusa branca, depois coloquei um tênis da nike e passei gel no cabelo. Passei um perfume e saí correndo pela porta porque já estava atrasado.

Quando cheguei lá fiquei esperando no corredor da entrada, Jenni provavelmente ainda n tinha chegado na escola.

Vi Jennifer e Zayn conversando na calçada da porta do colégio. Mas será que eles já estavam juntos? E tudo o que aconteceu na noite retrasada? Não vou pensar nisso, eles devem estar falando alguma coisa sem importância.

Quando Zayn se virou e foi embora ela me viu, e fui em direção dela. Conhecia Jenni e ela estava um pouco tensa.

— Jenni, me desculpa mesmo pelo que eu fiz, - falei quando cheguei nela - eu fiquei tão sem ação depois de saber que você estava mentindo pra mim que não conseguia mais ficar la, eu fiquei muito chateado mas em nenhum momento consegui pensar no que você sentiria, me desculpa mesmo.

Era verdade, mas estava um pouco envergonhado de falar com ela depois de tudo.

— Tá bom, Raphael - ela suspirou - Me desculpa também, não quis mentir pra você mas eu precisava.

Nos olhamos por alguns instantes sem saber o que falar e eu a abracei forte. Acho que estávamos no caminho certo para continuar a amizade como antes, pelo menos eu tinha esperanças.

Quando estava indo para sala ouvi um choro meio abafado vindo de algum lugar. Olhei em volta tentando localizar de onde vinha, fui mais pra frente e achei Julie sentada no chão com o joelho dobrado contra seu peito. Ela estava com a cabeça enterrada em suas mãos e chorando.

— Ei - a chamei, o que fez ela me olhar, mas não falou nada. Ela tentou limpar o rosto com a manga de sua blusa e respirar fundo. - Tá tudo bem? - perguntei chegando mais perto e sentando do lado dela.

— O que? Eu tô ótima, não tá vendo? - ela falou irônica.

— Estou vendo que você não tá nada bem. - retruquei.

Ela me olhou com um olhar frio.

— Bom, não somos amigos, não tenho obrigação de te contar nada.

Dei um sorrisinho de canto mas logo escondi.

— Não nos conhecemos porque você nunca me deu oportunidade. Sempre achei você uma garota linda, e sei que por trás dessa sua aparência fria e que não liga pra nada tem uma menina maravilhosa e que se importa com as pessoas que você gosta. E você pode contar comigo, Julie.

Ela me deu uma longa olhada e suspirou.

— Olha, não quero que você conte que me viu chorando pra ninguém, ok?

Julie ficava mais linda ainda chorando, seus olhos verdes mais claros e mais intensos, suas bochechas avermelhadas mais vivas e seu cabelo loiro mais dourado. Sempre gostei de Julie, mas nunca tive mesmo oportunidade de me aproximar dela, ela sempre colocava uma barreira entre nós.

Na festa da Jenni ela foi super legal comigo, mesmo em pouco tempo, até que ela foi uma completa otária em relação a Jenni. Mas eu podia ver que ela estava preocupada, e ela não era toda essa figura de “eu não ligo pra nada” que ela mesma impôs.

— Não conto pra ninguém, segredo nosso. - falei pegando sua mão e colocando apoiadas em meu colo. - não quer mesmo desabafar? Sabe, como você mesmo disse, eu não te conheço. Não vou implicar com você, você só vai colocar tudo pra fora, e eu vou estar aqui pra ouvir.

Ela desenroscou sua mão da minha e novamente limpou as lagrimas de seu rosto que ainda estavam lá.

— Não preciso desabafar, já disse que estou bem, você é surdo por acaso? - ela disse revirando os olhos - Nem sei porque estou perdendo meu tempo aqui com você, e nem você comigo.

— Julie, eu já disse que gosto de você. Porque você não me dá pelo menos uma chance de me aproximar? Você tem sempre que colocar essa barreira em todos que querem ser legais com você?

Ela engoliu em seco, meio que digerindo minhas palavras.

— Está bem, desculpe.

— Não tem porque se desculpar. - confortei-a.

— Se eu falar com você, você tem que me prometer que vai levar tudo que eu te falar até o caixão.

Levantei minhas mãos e disse:

— Prometo que nada vai sair da minha boca.

Ela suspirou novamente.

— Eu estava na casa do Luccas de manhã, estávamos sozinhos e fui lá para virmos para escola juntos. Quando cheguei lá ele estava completamente bêbado e agressivo. Ele sempre ficava assim quando bebia, mas eu já estava acostumada.

Olhei para ela tentando a examinar, foi quando vi uma mancha roxa em seu braço e alguns machucados no seu pescoço. Um ódio subiu sobre meu corpo em pensar que Luccas tenha feito isso com ela.

— Eu tentei convencer ele a tomar um banho, e a beber alguma coisa para ele ficar melhor. Ele me puxou com força e me colocou pressionada contra a parede, eu já estava morrendo de medo mas ele estava fora de si. Ele... - ela olhou pro chão e não parava de mexer suas mãos encostando seus dedos um no outro. - Eu sei que ele não queria me machucar, ele estava bêbado. Por favor, não fala pra ninguém.

— Eu... Julie... você sabe que ele sempre foi assim, você sabe que ele já tentou fazer coisas com a Jenni e... - não consegui terminar de tanta raiva.

— Eu sei, me perdoa pelo jeito que eu agi aquele dia na festa dela. Eu não queria acreditar que Luccas fosse realmente assim. De verdade.

— Tudo bem. Mas o que você vai fazer quanto ao Luccas.

— O que eu posso fazer? Já falei sobre com isso uma amiga e ela disse que eu tinha que aguentar, que não posso fazer nada!

— Julie, você pode sim. Polícia existe pra isso.

— Nem pense em falar com ninguém sobre isso! Eu... eu tenho que ir.

Ela se levantou rápido e saiu dali correndo.

Eu estava fervendo de raiva, Luccas sempre faz o que quer e sempre fica impune. Eu não podia ficar na escola depois de tudo aquilo, então fui pra casa pensar sobre tudo o que aconteceu.

Dois dias se passaram, eu não tinha visto Julie desde aquele dia, e quando falei com Jenni ela me disse que estava com o Zayn. Então liguei pra ela e marcamos de nos encontrar na cafeteria Fiptz na manhã seguinte.

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