Um Amor Secreto

017

Quando estava saindo pela porta do condomínio vi Rapha sentado na calçada, logo quando passei por ele tentando me esconder ele me viu e me puxou pelo pulso, o que me fez olhar pra ele.

— Precisamos conversar, Jenni.

Sua voz era suave mas séria. Não queria conversar com ele, queria ir ver Zayn, me explicar. Não podia o perder.

— Desculpa Rapha, mas eu tenho que ir, eu... - não consegui terminar, quando lágrimas começaram a brotar nos meus olhos, então Rapha interrompeu.

— Não chora. É sério, vai ser rápido, por favor podemos subir no seu apartamento?

Ficar sozinha com o Raphael depois de tudo o que aconteceu não me pareceu uma boa idéia, mas do jeito que eu estava, totalmente transtornada, disse a mim mesma que não seria uma boa idéia sair por aí sozinha.

— Tudo bem, mas tem que ser rápido, tenho que ir ver o Zayn.

— Não queria trazer problemas pra vocês. - ele disse e percebi sua sinceridade.

— Não importa, vamos logo.

Subimos pelo elevador sem falar uma palavra. Eu tentava me acalmar e parar de chorar, já Rapha não parava de olhar para o chão, sem me olhar nos olhos. Entramos no apartamento e nos sentamos no sofá.

— O que você quer? Já não basta me causar problemas com aquele beijo?

— Jenni, você também retribuiu o beijo. - abri a boca para questionar mas ele me cortou: — Mas não estamos aqui para discutir sobre isso. Jenni, eu não quero ser grosso mas vou ser sincero com você.

O olhei em seus olhos e assenti.

— Você sabe que nunca te vi mais que amiga, mas te beijei e sabe... foi bom, não acha?

Gelei. O beijo tinha sido bom, ainda mais porque tinha sido inesperado e intenso, mas aquilo era errado e eu já não sentia o mesmo que antes por ele. Agora meu amor por ele era como de irmão, não queria perder a amizade dele. E o Zayn... eu o amo?

— Foi. Foi bom mas não é a mesma coisa de um beijo com paixão. Ou você acha que é?

— Não, quer dizer, talvez. Eu gostei do beijo mas, sei lá, foi diferente. - ele riu.

— É... estranho, porque agora eu te vejo como um irmão, pela primeira vez posso dizer que não sinto nada a mais.

— Exatamente. Mas... podemos nos beijar de novo? - ele perguntou envergonhado. - Sabe, só pra ter certeza?

Depois que ele falou isso eu ri que nem uma foca louca.

— Um beijo? - perguntei

— Um beijinho só.

— Pode ser. Erh... Só para ter certeza. - nos olhamos por alguns segundos nos aproximamos, estávamos sentado lado a lado do sofá quando ele me beijou.

Coloquei minhas mãos em volta de sua nuca e envolvi meus lábios com os dele. Foi um beijo suave, mas sem desejo nenhum, um beijo lento e sem todo aquele fogo do nosso beijo de ontem. Tive certeza de que não sentia mesmo nada por ele. Não era como beijar Zayn.

Nos separamos e demos um sorriso fraco.

— Não, né? - ele perguntou.

— Definitivamente não. - respondi rindo.

Ficamos um tempo em silêncio.

— Então você gosta mesmo de Zayn?

— Eu... eu acho que amo ele. - eu disse incerta.

— Mas por que não tem certeza? Logo você não ter certeza de alguma coisa, essa é nova, cade a Jenni decidida que eu conheço?

Eu ri.

— Eu não sei. Eu gosto de verdade dele, mas parece que depois de que eu contei para ele do nosso beijo ele não quer falar comigo, nem atende minhas ligações.

Estava falando quando vi minha visão embaçar das lágrimas que ameaçavam cair, pisquei algumas vezes para segura-las.

— Óbvio que não Jennifer. Nenhum cara quer sua mina por aí beijando outro homem. Explica pra ele tudo o que aconteceu, se ele te ama mesmo ele vai perdoar.

Será mesmo?

— Eu vou tentar, na verdade eu estava indo quando você apareceu, ne Sr. Rapha?

— É isso mesmo, já te deixo ir, mas antes tenho que te falar um negócio.

— O que? - perguntei curiosa.

— Eu me aproximei bastante de Julie nesses últimos dias. Sério, Jenni, ela é muito doce e divertida. Sei que não parece, mas sempre enxerguei esse lado dela, e agora ela está mostrando para mim. Não sei como aconteceu mas acho que estou me apaixonando por ela. Não é como antes, aquela paixãozinha adolescente, é real. E acho que ela também gosta de mim, saímos umas duas vezes e conversamos muito.

Fanzi a testa. Era possível Julie Marguie gostar de alguém de verdade?

— A cobra venenosa gostando de alguém? Essa é boa. - disse em tom de zoação.

— Ela se arrepende por ser otária com você. Sei que é verdade, mesmo com tão pouco tempo estando com ela, sinto isso.

Coloquei minhas mãos em seu colo e o olhei nos olhos.

— Se você realmente confia e gosta dela, se entregue, Rapha. Mas se essa piranha te magoar eu mesmo vou lá arrancar fio por fio do cabelo dela.

Ele riu.

— Pode ter certeza. Mas agora pode ir falar com o Zayn, tô me sentindo estranho do lado da minha melhor amiga que por acaso eu já beijei.

— Tá bem, tá bem, quer ficar aqui no meu apartamento ou vai sair também? - perguntei

— Ah, não. Vou me encontrar com a Julie, vamos ir ao cinema.

— Só vê se não esquece das amigas viu.

— Pode deixar, você é a número um ainda.

Saímos do prédio e nos despedimos, chamei um Uber e fui direto para a casa de Zayn.