Capítulo 2- Monólogo de uma Sombra

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Lisbela

Acordei cedo umas 6hrs, hoje pegaria meia cedo no trabalho, saí da cama calmamente para não acordar a Vika e fui até seu closet, que graças a Dionísio tinha roupas minhas pra dar, vender e fazer de pano de chão. Peguei um vestidinho branco soltinho e um coturno marrom(que aliás ela tinha usurpado de quando dormiu lá em casa) tomei um banho e me arrumei deixando meus cabelos soltos mesmo, maquiagem 0%.

Peguei uma bolsa emprestada dela (isso mesmo sem pedir, pois eu posso) coloquei minhas coisas, avisei a ela que estava saindo e fui em direção ao meu ganha pão.

Cheguei eram umas 7 e alguma coisa lá, estava sem tablet e sem óculos (mas esses tinham baixo grau, não faria tanta diferença). Hoje sou só eu e essa biblioteca enorme, ainda bem que terça o movimento é fraco.

Resolvi checar meu email e assim que loguei vi o nome Oli Murray e pirei, abri o email e lá estava, o que eu queria ouvir, quer dizer, ler:

"Bom dia Sta. Carvalho,
Gostaria de deixa-la a par do conceito do projeto antes que possamos tomar qualquer decisão. O projeto se chama "Shakespearian" e como o nome já indica traz como única inspiração o bardo, trata-se da realização de um espetáculo mundial que traz consigo grandes obras de Shakespeare como: Megera Domada, MACBETH, A tempestade e O Mercante de Veneza. Depois de todo o elenco selecionado os ensaios e a montagem do espetáculo se passará na Inglaterra, por motivos óbvios, durante 8 meses, posteriormente será feita uma turnê mundial apresentando o trabalhos aos amantes do teatro em todo o mundo.
Como já disse antes preciso urgentemente de uma atriz talentosa, e fui levado a acreditar que você é essa pessoa, espero que seja verdade, pois o que vi me agradou muito não só a aparência física, mas também a pessoa. Gostaria de chamá-la para um teste ainda sem qualquer papel definido.
O teste deverá ser feito em inglês.
No Teatro Belas Artes amanhã às 11hs.
Esperamos ansiosamente,
Sr. Murray."

Gritei internamente ao ler o e-mail, dei um mini ataque de ansiedade e olhei pros lados pra ver se tinha alguém ali e voltei a comemorar quando não vi ninguém.

Primeiro que era algo sobre meu amado bardo e tudo o que esse homem fez é ouro, tenho pra mim que ele viveu sob as mais abundantes bênçãos de Dionísio e hoje descansa ao seu lado no Olimpo, há glória em toda obra de Shakespeare. Segundo que esse projeto poderia mudar minha vida, virar tudo de cabeça pra baixo, provavelmente seria uma mudança ótima, mas ainda assim seria uma aposta cega.

Espero que Dionísio me ilumine com 1% do que ele dava pra Shakespeare, só o que peço aos Deuses.

Fui pra casa finalmente ao fim do expediente super animada, cheguei em casa e resolvi não falar pra ninguém sobre o teste, já que meu pai não gostava muito meu sonho de ser atriz e minha mãe me deixaria ainda mais ansiosa. Resolvi dormir cedo já que no dia seguinte eu estaria de folga da biblioteca, mas tinha o teste da minha vida. Antes de dormir fiquei pensando no que iria fazer e acabei escolhendo O monólogo de uma Sombra -era perfeito para aquele momento-, tive que traduzir pro inglês e até que não foi tão difícil, depois de decidida acabei indo treinar na frente do espelho (eu sempre fazia isso pra tentar relaxar e espantar o nervosismo ), o fiz do melhor jeito possível, e de novo, e de novo umas 80 vezes, só parei ao me perceber que não lembraria de nada no dia seguinte se ficasse repetindo igual um papagaio. Finalmente fui dormir e mais uma vez, ao fechar meus olhos a última coisa que pensei foi naqueles olhos perfeitos e envergonhados. Sorri e adormeci.

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Acordei bem cedo afinal não conseguiria dormir mais, estava transbordando de ansiedade. Fui tomar café da manhã, estava sozinha em casa, meus pais foram trabalhar e minha irmã foi levada por meu pai para a escola. Comi um pedaço de bolo de milho com coco e bebi leite com chocolate.

Se Shakespeare Escrevesse Nossas VidasOnde histórias criam vida. Descubra agora