Capítulo 11- Se Shakespeare Tivesse Escrito Minha Vida

922 102 10
                                    

Benjamin

Acordei me sentindo confortável e bem depois de tantos dias, me arrumei melhor na cama antes de realmente abrir os olhos e percebi o que me fazia tão leve naquela manhã.

Pude ter a melhor visão da minha vida ao abrir os olhos, minha preta dormia profundamente em meus braços. A primeira coisa que senti foi o cheiro cítrico de seus cachos em meu rosto, afastei seus cachos e alcancei sua nuca onde dei um cheiro e deixei um beijo, ela se movimentou virando na cama ainda dormindo e eu pude ver seu rosto lindo ainda mergulhado no sono.

Eu faria tudo pra ter Lisbela de volta, me comprometeria com o que ela quisesse, pediria perdão de joelhos e jamais desconfiaria dessa mulher, eu só precisava ter certeza de que ela seria minha de volta.

Mas o que me preocupava era o que tinha acontecido no dia anterior, na verdade na semana anterior. Minha decisão de começar a beber quando ela foi embora, a promessa quebrada a Theo, a discussão com Mark, ir atrás dela bêbado, tudo contribuía pra eu ter a certeza de que tinha perdido o controle da situação. E a última vez que isso tinha acontecido foi uma dos momentos mais terríveis e decisivos da minha vida e eu não queria passar por aquilo nunca mais.

Tentei sair da cama sem despertá-la e consegui depois de lutar comigo mesmo que queria tanto ficar cercado do perfume dela. Não resisti e deixei um beijo em seus lábios antes de seguir pro banheiro.

Me olhei no espelho e vi que estava com olheiras e uma expressão completamente cansada e não pude conter a familiaridade daquela situação. Joguei uma água no rosto e fiquei mais um tempo ali tentando colocar minha mente em ordem.

-Dormiu bem? -olhei pra porta ao ver Lisbela ali parada me encarando- Você parecia cansado.

- Eu ainda pareço cansado. -dei um sorriso sem graça- Mesmo assim eu dormi muito bem.

- Ainda bem, assim você vai poder me explicar o que aconteceu ontem. -falou tranquilamente enquanto entrava no banheiro e me empurrava pro lado pra ter espaço na pia.

Sorri com sua atitude natural, talvez ela teria me perdoado e voltaria pra mim, e ao mesmo tempo fiquei apreensivo, eu sabia que ela queria uma explicação, mas não achei que fosse ser tão cedo.

- Não. -falou me olhando através do espelho enquanto terminava de escovar os dentes- Você não está perdoado. Mas pode tentar. -virou e saiu do banheiro.

Minha única reação foi cair na gargalhada com a honestidade dela, a espontaneidade que ela emanava era um dos porquês de eu querer tanto essa mulher pra mim.

Voltei ao quarto e vi uma muda de roupas minhas sobre a cama e estranhei aquilo estar ali, mas como Lis não estava mais ali não pude nem perguntar. Me vesti em meio às minhas dúvidas e saí do quarto indo até a cozinha e encontrando ela ali.

-Vai me explicar agora ou vai querer comer primeiro? -parou me olhando como se quisesse arrancar minha alma.

-Posso fazer os dois ao mesmo tempo?

-Fique à vontade. Vou trocar de roupa, só um minuto?

Aproveitei que ela foi se trocar pra pegar o celular e ver o que eu tinha perdido na noite anterior. Lá tinha uma mensagem preocupada de Theo perguntando se eu tinha tomado jeito e logo respondi o tranquilizando, também tinha uma mensagem de Mark pedindo confirmação de um projeto que começaria a ser gravado no dia seguinte na Croácia e essa eu ignorei.

Ela voltou já pronta e seguimos pra nossa já conhecida cafeteria, fizemos nossos pedidos e os aguardamos mantendo um silêncio que estava me corroendo, eu sabia que ela ia querer saber tudo, mas eu não tinha ideia de como seria difícil encarar aqueles olhos inquisidores dela.

Se Shakespeare Escrevesse Nossas VidasOnde histórias criam vida. Descubra agora