Capítulo 24- Vai dormir

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Benjamin

Os preparativos finais estavam quase prontos, eu já tinha recebido alta, o carro já me esperava no estacionamento na tentativa de me livrar dos paparazzi, minha mãe entusiasmada, Sarah e Rute já planejando cada passo e Lisbela do meu lado tentando manter a calma, mas eu sabia que ela não estava bem assim.

-Rute, Sarah e Sra. Stewart vão no primeiro carro e o casal mais bonito da Inglaterra no outro. -Mark falou e bateu na própria boca- Desculpe, acho que isso é blasfêmia aqui, mas não sou só eu que estou dizendo isso e sim o mundo .

Todos rimos da sua piada infame, nós precisávamos disso. Mark concordou que a "pausa/recuperação" de alguns meses longe das câmeras era o melhor e ele aproveitaria esse tempo pra tirar férias de mim, quando ele falou isso eu ri tanto que a enfermeira teve que nos dar bronca pra dar uma acalmada, e além do mais eu preciso desse tempo pra mim mesmo também, colocar a vida em ordem e depois vem meu casamento, então muito agito para um recém renascido. Sem considerar Lisbela, que está enigmática como nunca foi antes, ela sempre fora um livro aberto e vê-la como agora é no mínimo assustador, eu também usaria esse tempo pra puxá-la de volta pra mim.

Foi até tranquila a ida até o carro, talvez pela quantidade de segurança ali, protegido eu tenho certeza que estava. Ao me acomodar no veículo só senti o desconforto pelo braço direito que tinha quebrado, o percurso não foi tão longo, mas dava pra sentir o corpo tensionado de Lisbela ao meu lado. Dei um beijo em sua mão e ela me deu seu pior sorriso, bem amarelo e forçado.

A chegada em Oxford foi o que eu chamo de reminiscência, tudo parecia igual, a vizinhança era a mesma, as casas combinadas e metricamente afastadas, a grama verde que se estendia pelos quintais, o céu cheio de nuvens brancas e os moradores convivendo pacificamente.

Descer do carro em frente a casa da minha infância foi magnífico, nem sabia que eu estava a tanto tempo assim longe dali e aquele lugar nunca me pareceu tão simbólico como agora.

Lembrei de quando me mudei daqui, com rumo traçado para Londres buscando sucesso profissional e acho que deu certo, tudo aquilo valeu a pena tendo em vista o que tenho hoje.

Acordei das minhas lembranças com Lis ao meu lado segurando minha mão na sua, ela parecia incomodada, mas se mantinha perto como se eu fosse seu ponto de referência e talvez eu até fosse, afinal aquele era terreno novo então o receio é explicado.

-Essa é a casa onde eu fui criado.

-É.. Clássica, combina com você. -na hora reparei que ela admirava a casa, talvez pensando se teríamos aquilo no futuro, pelo menos era aquilo que eu pensava.

-Vamos entrar gente, meu bebê precisa descansar. -minha mãe e seu poder de me fazer passar vergonha.

-Vamos lá bebezinho. -Lis me puxou pra entrar me fazendo rir.

Ao entrar em casa vi que pouco havia mudado exceto algo que eu não esperava ver, meu pai veio me abraçar ignorando meu braço, era estranho tê-lo ali depois de tantos anos, eu não esperava vê-lo, mas pude ver nos olhos de minha mãe que não era surpresa nenhuma pra ela, ela já sabia que ele estaria ali.

-Benjamin George dessa vez você passou dos limites.

-Pai. -proferi algo que tornasse aquele encontro algo mais real.

-Meu menino, eu que se morri do coração ? -meu pai parecia preocupado.

-Bom eu adoro quase morrer às vezes. -tentei soar o máximo do casual e ele ficou finalmente quieto- Pai, essa é a Lisbela minha noiva, Lis esse é meu pai Marvin.

Se Shakespeare Escrevesse Nossas VidasOnde histórias criam vida. Descubra agora