- Anda logo! Venha aqui! - Grita o seu irmão.
( aff, que preguiça )
Você deixa o pão do seu café da manhã e vai até a sala onde o seu irmão está.
- Demorou demais, e por que você não está com o uniforme ainda?
( olha lá, já vai ficar estressado )
- É que... - Seu irmão te interrompe.
- Vai vestir ele rápido, temos pouco tempo.
Você sobe a escada, vira naquele corredor longo, escuro e sem janelas do segundo andar, se aproxima da primeira porta à esquerda e chega no seu quarto. No meio de toda aquela bagunça no armário, você tira o uniforme da pilha de roupas.
- Anda! Temos que ir para a escola agora! - Dizia o seu irmão, do andar de baixo.
- Já estou indo! - Você gritou.
Revirando os olhos, troca de blusa e desce correndo a escada.
- Perfeito, agora vamos embora.
Os dois irmãos saem pela porta, a caminho da escola.
O dia está nublado, o cheiro de chuva paira sobre o ar. Os únicos pássaros que se vê no céu são os urubus, que voam em círculo, acima de alguma carcaça por perto. A rua desértica torna o astral do lugar mais melancólico, devido a escuridão, as luzes ainda estão a brilhar mas, os postes acesos ficam piscando. Os cortes em seu braço começam a coçar, sabe que isso é um mau pressentimento, por isso você apressa o passo.
- Que isso? Por que está correndo?
( só me deixe em paz )
- Não vai me dizer não?
Você não dá atenção ao que seu irmão disse e continua a se apressar.
- Ei! Espere!
Com uma expressão de rancor você para. Olha para trás e continua na mesma velocidade da de seu irmão.
- O que está acontecendo? - Lhe questionou.
( vou ter que dar satisfação para ele? )
- Só quero chegar na escola rápido Stavo. - Você disse.
De repente um raio cai em uma árvore aqui perto. O barulho ensurdecedor tomou conta de todo o bairro, algumas janelas até estouraram por ali. Vocês dois olham com medo e admiração.
- Realmente, vamos nos apressar. - Disse Stavo correndo junto de você.
Olhando para trás, você observa o fogo na árvore e, curiosamente, repara em uma forma estranha no meio dele, parecia um animal com chifres, porém, não se assemelha a nenhum outro que já havia visto. Esse é maior que um bode, talvez até maior que um humano, e o mais assustador é que o fogo em volta daquela besta é azulado. Realmente aquilo é algo muito estranho. Com o gelar na espinha, você se vira para frente e alcança seu irmão.
- Algum problema?
- Não tem nada não, só vamos. - Você mentiu.
Com o medo e a preocupação na cabeça você tenta esquecer aquela figura que acabara de ver. Mas é difícil não se lembrar de algo que poderia ser o próprio Diabo, ou apenas delírios provocados pelos antidepressivos.
De longe dá para ver a escola, isso normalmente é um pesadelo, mas hoje é um alívio.
- Satã está entre nós! O apocalipse chegou! Arrependam-se de seu pecados! - Gritava o velho louco do fim do mundo, como sempre.
As palavras do louco nunca lhe fizeram tanto sentido quanto hoje.
( Satã? Será que foi ele quem eu vi? )
- Sim criança! Você viu ele, você viu ele, você viu a besta! - Gritava o velho, vindo em sua direção a passos largos.
Stavo, ao reparar essa aproximação agarrou o raquítico e indefeso velho pela gola da camisa e o levantou.
- Olha aqui, não se meta com a gente! Entendeu? - Disse Stavo com um tom ameaçador.
- Solte-o. - Você falou com voz baixa.
- Não nos incomode mais. - Ele o soltou.
- Ok, tudo bem. Não vou mais. Mas fiquem avisados, o mal está próximo, e essa criança viu ele. - Disse o velho apontando para você. - O fim está próximo! Arrependam-se de seus pecados! Satã está entre.... - O velho foi se afastando.
- Que idiota. - Você disse.
( caralho, caralho, caralho! Ele está certo! E realmente eu vi o Diabo. Meu Deus, e agora? )
- Esquece ele, vamos para a escola. Daqui a pouco começa a chover. - Disse o irmão, com a mão em sua cabeça.
Com uma última olhada, você vê a fumaça negra que sai daquela árvore. Se vira para frente e segue caminho.
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Pacto
HorrorA maioria das histórias têm um final feliz, de todos os variados gêneros, desde os contos de fadas, até alguns terrores. Porém, esse não é o caso deste livro. O que está escrito nele é macabro e perturbador. A esperança não é algo que define o que h...