MARC
O jovem desce do táxi, vestindo um terno preto e com um arranjo de flores nas mãos e vai em direção ao cemitério. Era uma manhã de quarta-feira quando isso aconteceu.
O tempo não estava muito feliz, o céu nublado, algumas gotas de chuva caem e pouco se ouve os pássaros a cantar. Ele segue o caminho principal por entre os túmulos, uma alameda longa que corta todo o cemitério. Em volta dela há várias árvores de Dama da Noite plantadas.
Olhando o número das ruas que cortam a alameda, Marc virou à direita, na rua sete, andando a alguns metros ele para, suspira e vira de frente aos túmulos de Laurence e Karla, devido à aproximação da hora da morte, resolveram deixar-las perto uma da outra. Ele tira duas flores do arranjo e põe cada uma em cima de cada túmulo.
Continuando nessa mesma rua, e seguindo esse mesmo sentido ele seguiu mais alguns metros e novamente parou, suspirou de novo e se virou de frente para os túmulos de sua mãe e seu. Uma lágrima escorreu do olho dele.
- Parece que nunca estarei preparado para isso. - Ele disse. - Vim lhe trazer flores, eu não sei de qual você gosta mais, nunca tivemos a oportunidade de conversar sobre isso, então eu trouxe um arranjo com várias.
A chuva começou a engrossar, já não dava para distinguir o que era lágrima ou chuva no rosto de Marc.
- Sinto sua falta. Me arrependo todos os dias de ter sido um covarde naquela floresta. - Marc desabafava enquanto se sentava em cima do túmulo de marmore preto no qual está escrito o seu nome. - Enquanto te sequestravam, um daqueles vermes deu um tiro em mim, mas ele passou de raspão.
Ele faz uma pausa e põe a mão em cima do próprio braço. Ele suspira e continua.
- Mas mesmo assim eu caí no chão e fingi estar morto. Me desculpe. Talvez se eu tivesse lutado lá na hora nós estariamos vivos até hoje. - Ele dizia enquanto se levantava. - Mas eu tentei! Tentei lhe ajudar. Depois do que aconteceu na floresta eu fui ao convento, contei para eles o que estava acontecendo, mas ao invés de irmos lutar, eles fugiram e me levaram junto. Estavamos saindo da cidade quando houve a explosão, quando quase toda a cidade foi destruída. Por pouco não morremos também.
Ele dá outra pausa, suspira e olha para o galho de uma árvore que ficava ali perto. Tinha um ninho lá, havia dois pássaros, a mãe e o filhote.
- Sabe, naquele dia eu perdi tudo também. Minha casa, meus pais, meus irmãos, meus amigos e você. - Ele se virou de volta para o túmulo. - Já fazem quatro anos desde que aconteceu, e eu nunca pude lhe dizer o quanto te amava, o quanto eu ainda te amo.
Marc pega o arranjo e o coloca no centro do túmulo, ele põe a mão sobre o mesmo, ajoelha e de olhos fechados se despede.
- Adeus. Descanse em paz, Bianca.
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Pacto
TerrorA maioria das histórias têm um final feliz, de todos os variados gêneros, desde os contos de fadas, até alguns terrores. Porém, esse não é o caso deste livro. O que está escrito nele é macabro e perturbador. A esperança não é algo que define o que h...