Capítulo 9

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- Mãe.

- Mãe.

- Mãe.

   As lágrimas escorrem, o desespero bate e a tristeza toma conta.

- Mãe!

   Por mais que já tenha virado rotina, perder aqueles que ama, mas dessa vez, foi você quem matou.

- Mãe!

   O sentimento de perda nunca lhe foi tão forte.

- Mãe!

   Ela foi a última pessoa que lhe sobrou.

- Mãe!

   A mais importante da sua vida.

- MÃE!

   E você a matou.

- AHHHHH...!

   De longe, o Diabo ria da sua cara de desespero e de seus gritos de tristeza.

   Memórias do seu passado começam a aparecer. Milhares de flashbacks ao mesmo tempo. Momentos em família, festas com os amigos, abraços que recebeu, a chatice de Stavo e...

( Stavo? Oh meu Deus, eu me lembro, eu me lembro do meu irmão. )

   Suas mãos tremem, seus olhos se fecham, você se ajoelha e abraça o corpo, sem vida de sua mãe, como uma forma de se despedir e se desculpar por tudo.

( Eu errei mãe, sinto muito. Você não merecia isso, nenhum de nós merecíamos isso. Mas agora eu vou consertar toda essa merda. )

   Deixando a raiva penetrar até o ponto mais profundo de sua alma, você se levanda e vai em direção ao Diabo, que também vinha ao seu encontro.

   Os dois cruzam a avenida a passos largos. É possível ver o poder se manifestando em ambos, de formas diferentes. O Diabo mudava de forma, a forma clichê mais conhecida dele, com chifres, rabo, pele vermelha e ficava com uns cinco metros de altura, além de ter asas de morcego. Enquanto você simplesmente corria em direção a ele. Sua aura está mais densa, seu ódio está encarnado e seu poder demoníaco está no máximo que pode atingir.

   O impacto era iminente, a velocidade a qual estão correndo é alta, a distância entre vocês é pequena. E então, um soco, no joelho do Diabo. Ele parou, e você também.

- Isso? Você está com metade do poder do Diabo e só fez isso? - Ele lhe perguntou. - Vou te mostrar como é que se usa o meu poder de verdade.

   Ele ergueu a mão e lhe apagou com um golpe.

- Não, de novo não! - Você gritava ao ver-se novamente naquele pesadelo.

   O sol azul brilhava no céu escuro, o vento está mais fraco e a igreja está de pé. As portas da catedral estão abertas e suas pernas lhe conduzem direto para dentro sem você querer.

   Lá dentro estão, em cima do altar, todas as pessoas a sua volta que morreram.

( Stavo! )

   Você corre até seu irmão, chegando perto aparece por trás do pescoço dele uma mão, empunhando uma faca, e essa mão corta a garganta dele.

- Não! - Você gritou.

   Chegando ao corpo dele, você percebe que já estava frio.

- Stavo? - Perguntou Karla ao seu lado. Olhando para ela você se espanta.

- Karla, o seu peito está...está...está sangrando!

   Ela cai, sem vida.

- Não, não, não, não! - Você já nem chorava , pois nem tinha mais lágrimas.

- Confie apenas em si. - Disse Laurence, com sangue escorrendo pela boca.

   Ao ver todos eles morrendo você corre para a porta, mas Suzi está lá, parada.

- Mãe! - Você disse, parando em frente a ela.

- Estou bem, eu te amo. - Ela disse, te abraçando.

   Seu coração se acalmou. Aquela era a melhor sensação que havia sentido nos últimos tempos, o abraço quente e forte de sua mãe.

- Eu também te...mãe? Mãe? Mãe! - Ela morreu em seus braços. - Me desculpe! AHHHHHH...! - Você grita em meio ao choro que lhe consome.

   Ainda abraçando sua mãe, o corpo dela evapora e tudo a sua volta. Você retorna a realidade.

- Por que faz isso? - Você pergunta ao Diabo.

- Porque eu gosto. - Ele respondeu.

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