PARTE 3
me vi despedaçada mais uma vez
porém, desta vez
com os cacos sendo carregados com cautela
pelo calor de tuas mãos
calor este que talvez existisse por amor
ou sangue
ou o fogo que ateei
a todo álcool que ingeri por vocêmas mais uma vez
você não levou as lascas de dor
que te causariam cortes mais profundos
e me arrancou um pedaço de mim,
o jogou na caçamba de lixo
para ser esquecido
do mesmo jeito que um milhão de vezes
eu jurei que te esqueceriaah, quem me dera
ser fria como o amor que todos os teus beijos
diziam carregar por mim
gélida como todas essas garrafas
guardadas há meses na minha geladeira
que eu bebo aos poucos
pra não me lembrar de você
e nunca esquecereu me destruí
me desfiz
me desintegrei por você
e tudo que você conseguiu me dar em troca
foi vinho.
e, pelo amor de deus,
eu não aguento mais essa merda!
essas uvas fermentadas
que entram na minha corrente sanguínea
como veneno
sempre, sempre me lembrando
que acabei de perdoar você
e me fazendo enxergar no reflexo do vidro
a criança que você fez de mim
quase como se estivesse ouvindo
uma cantiga de roda.ciranda, cirandinha
vamos todos cirandar
vamos dar a meia volta
volta e meia vamos dar
a garrafa que tu me destes
era vidro e se quebrou
e o amor que tu me tinhas
era aguado
e agora o cuspo
bem na sua cara.- beabee
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-imensurável-
Poesía-beabee- "[...] e nada satisfazia as minhas mãos ainda tão jovens que já gostavam de escrever sobre tudo que descobriam na tentativa falha de tentar entender porque eu sendo assim tão ingênua e tão cheia de vida sentia (e sinto) todas essas coisas ...