de gole em gole
sentia-me viva
acordada
e meu coração acelerado
dançava em meu peito
como se ouvisse a melodia mais bonita
que o universo fosse capaz de criarde amanhecer em amanhecer
sem perceber
acostumei-me
com o moço de dentro da xícara
que mexia em meus cabelos
remexia o calor de meu corpo
e me fazia querer mais goles
do café doce e forte
que eram os lábios deleé uma pena
foi sinceramente triste
quando a xícara caiu
e se quebrou
em centenas de micropedacinhos
sem ninguém perceber quem a derrubou
e de caco em caco
o café do moço se tornou
forte
amargo
e pungenteacostumei-me à doçura
e após todo esse tempo
finalmente encarei
que parar de beber café
é sempre a melhor escolha.
desde então sinto ardente
a certeza de que acostumar
é fácil como um gole
num café doce como as mãos dele
e desacostumar é cortante
como um punhal descendo pela minha garganta
me dizendo, enquanto me rasga de dentro pra fora
que nunca deveria ter posto minhas mãos naquela maldita caneca de porcelana, para início de conversa.- beabee
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-imensurável-
Poetry-beabee- "[...] e nada satisfazia as minhas mãos ainda tão jovens que já gostavam de escrever sobre tudo que descobriam na tentativa falha de tentar entender porque eu sendo assim tão ingênua e tão cheia de vida sentia (e sinto) todas essas coisas ...