Perdoar

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Point of view narrador

O carro luxuoso estacionado em frente ao colégio chamava a atenção de todas as pessoas que passavam por ali, não mais do que a bela moça encostada nele. A morena estava ainda mais bonita, os cabelos mais longos e o corpo mais modelado, usava óculos de sol e tinha o celular em mãos.
O garotinho ruivo saía na companhia de Flávia e carregava o violão nas costas, havia combinado com as mães de ir embora com os pais da amiga, que ainda não tinham chegado. Ao avistar o menino, Daniela sorriu e algumas lembranças fizeram-se presentes, fazendo-a chamá-lo pelo nome.

— Miguel! — o menino dos olhos claros procurou pela voz. — Hey, Miguel, aqui! — Dani acenou, finalmente tendo a atenção do garoto, que franziu o cenho e não se aproximou. — Vem aqui um instante?

— Quem é você e o que quer comigo? — perguntou ao se aproximar.

— Não lembra de mim?

— Ah, você é a moça que levou a mamãe bêbada em casa aquele dia.

— Sim, sou eu. — sorriu.

— Tudo bem? — o menino estendeu a mão educadamente. — Esse carro é seu?

— Estou ótima. E sim, é meu.

— Caramba, que maneiro!

— Você quer conhecê-lo?

— Eu posso?

— Você não ligando, tudo bem. — tirou a chave do bolso e jogou para o menino que pegou e abriu a porta do veículo. Dani apenas observava do lado de fora.

— Esse carro é lindo e cheira muito bem.

— Você achou? — a mulher perguntou ao se sentar no banco do motorista, ao lado de Miguel, deixado as portas abertas.

— Claro que sim. — passou a mão no cabelo. — Como você conheceu a minha mãe?

— Você não lembra mesmo de mim, não é?

— Desculpa! Eu devia dizer que sim, mas se dissesse estaria mentindo. Não lembro.

— Quando você era praticamente um bebê, sua mãe e eu nos conhecemos e por um tempo fomos casadas. — começou a contar. — Eu adotei você e vivemos juntos até você ter quatro anos e meio. Depois disso aconteceram algumas coisas e...

— Espera! — o menino pensou por alguns segundos. — Você é a Daniela. Claro! A Daniela que machucou a mamãe Carol. Eu não posso estar aqui! — tentou sair do carro, mas foi impedido pela mão de Dani.

— Calma, Miguel, não vou te fazer mal algum. — suspirou. — Sim, sou eu. E sim, fiz muitas merdas, inclusive com você, mas já te contaram a história toda?

— Não! Só me disseram para não chegar perto de você, que você é má.

— Viu só? É muito fácil dizer isso quando não se deixa claro os dois lados da história. Olha para mim, eu pareço má? — arqueou uma sobrancelha.

— Não.

— Então você me permite contar a minha versão?

— Só não posso demorar muito, logo o pai da minha amiga vai chegar.

— Tudo bem, vou ser rápida. — respirou fundo. — Eu amava a sua mãe, amava muito, mas estava sobrecarregada com o trabalho ao ponto de me esquecer disso. A Carol foi a primeira namorada da Day e quando ela voltou eu vi que era impossível competir com ela. Eu sou bonita, mas ela também é, eu amava a sua mãe, mas ela também, eu adotei você, mas ela era a sua mãe biológica, ela estava em um patamar muito mais alto do que eu. Tudo virou uma bagunça em minha mente e eu tinha a certeza de que perderia vocês e então eu surtei. — parou de falar por alguns segundos, tendo a atenção de Miguel. — Fiz coisas horríveis, falei o que não devia, expulsei você e a Day de casa pela madrugada, gritei com você, te tirei das suas mães. Meu Deus, eu não estava bem! Foi um momento de loucura, uma fase ruim, uma fase ruim da minha vida que não existe mais. Eu fui má, mas isso não significa que eu seja má e agora estou curada.

Um Bebê Entre Nós - Segunda Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora