Espera Por Mim

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Meus dedos já doíam de tanto pressionarem as cordas do violão, as letras mal feitas formavam frases soltas, mas a parte mais difícil de compor com certeza era encaixar uma boa melodia.

Havia mais uma vez entrado em contato com o sequestrador de Milena, pedindo para abaixarem o valor para quatrocentos mil, porém não deu certo. Selma e Day entraram em desespero na busca pelo dinheiro pedido, mas o que elas não sabiam era que eu tinha aceitado o acordo proposto por ele.

Hoje, no horário marcado, nos encontraríamos e ele libertaria minha filha. Em troca, ficaria no lugar dela.

— Amor, o que está fazendo? — Day perguntou ao entrar no quarto.

— Aprendendo algumas músicas novas. — menti. — Preciso distrair um pouco. Onde está o campeão?

— Com a mamãe, na piscina. — assenti.

— Vem cá. — fechei o caderno e coloquei o violão de lado, ela se aproximou. Me levantei para que ela pudesse se sentar na cadeira e sentei no seu colo, envolvendo seu pescoço com meus braços. — Você é a pessoa mais especial que Deus colocou na minha vida, todos os dias agradecerei a ele e sei que já falei isso, mas quero reforçar. Desde o primeiro momento eu soube que seria a mulher mais feliz do mundo ao seu lado e você me presenteou com o seu coração e com dois lindos filhos. Eu te amo!

— Por que me tombou? — me olhou no fundo dos olhos e segurei algumas lágrimas. — Não estava preparada, fiquei até sem graça. — ruborizou.

— Eu amo tanto você. — uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto e Day logo tratou de secá-la.

— Hey, eu também te amo. O que foi? — esfregou o nariz no meu. — Não precisa chorar por me amar. É recíproco. — brincou.

— Não estou chorando por não ser recíproco, boba. Só estou chorando, porque meu amor é muito grande e eu não saberia viver sem você.

— Meu anjo, você não viveria sem mim nem se quisesse. — sorriu. — Nem se eu morresse hoje. — não disse nada, apenas a abracei mais forte e afundei meu rosto em seu pescoço, sentindo aquele cheiro gostoso. Senti sua mão acariciar minhas costas. — Está tudo bem?

— Eu te amo. — falei novamente.

— Eu também te... — não esperei ela responder, a puxei para um beijo longo e significativo. Como se aquele fosse o último... e talvez fosse.

***

Minhas mãos escorregavam do volante devido ao suor. Sentia um frio na barriga, parte por saber que veria minha filha e parte por não saber o que aconteceria comigo. Deixei meu celular com a tela desbloqueada, somente para ver a foto do meu filho e da minha esposa enquanto dirigia.

— Sinto muito. — cochichei, como se eles fossem me ouvir.

Depois de algumas horas dirigindo, estacionei no local que o GPS havia instruído, mais especificamente uma estrada de terra. Um arrepio atravessou minha espinha, o que me fez olhar para os lados e ter a visão de um matagal. Esfreguei as mãos na calça, deixando um pequeno rastro de suor. Peguei o celular, mas não tinha sinal. Por alguns segundos cogitei a ideia de entrar no carro e ir embora, o que não durou muito.

De repente, todo o medo, angústia, tristeza se esvaíram. A figura de um homem, com quase dois metros de altura, pele clara e cabelos lisos foi se aproximando de onde eu estava e para a minha felicidade ele trazia nos braços uma criança. A minha criança! A minha Milena.

— MILENA! — gritei e ela levantou o rostinho, que antes estava apoiado no ombro do homem.

— Mamãe? — tentei correr.

— Fique onde está. — ele gritou. — Levante as mãos. — assenti e obedeci, sem deixar de olhar para a minha filha, que parecia tranquila e bem. — Tem mais alguém no carro? Está armada?

— Não. Estou sozinha.

— Chuta o celular. — chutei o celular para perto de seus pés.

— Certifique-se. — o homem falou para o outro ao seu lado, até então não tinha notado sua presença. O mais baixinho se aproximou e começou a me tocar, acredito que buscando por alguma arma. Logo após, revirou o meu carro.

— Tudo limpo. — falou e o mais alto colocou minha filha no chão, dando um sinal para que ela corresse e mesmo com certa dificuldade ela correu até a mim, com os braços abertos. Me joguei de joelhos no chão e abri os braços. Assim que nossos corpos se chocaram, nossos choros se misturaram.

— Mamãe.

— Céus, eu não acredito! Filha. — a apertei com força, sem me importar se estava ou não machucando-a. — Você está bem? — afastei o abraço e segurei em seu rosto. — ela assentiu várias vezes. — Certeza?

— Sim. Mamãe, você está aqui?

— Sim, princesa, estou aqui.

— A mamãe, o Mimi.

— Eles vão ficar tão felizes em ver você. — a abracei novamente e voltei a chorar. — Senti tanta saudade, tanto medo, filha. Você está viva! Eu sempre soube. Deus, obrigada.

— Hora de colocar fim no show. — o homem falou. — Entrega a menina ao meu parceiro. — levantei com minha filha no colo.

— E como vou saber que vão levá-la em segurança para casa?

— Acredite, somos fiéis a acordos. — ele cuspiu de forma nojenta. — Você é tudo que queremos agora. Digamos que é a galinha dos ovos de ouro.

— Promete não machucá-la? — pedi ao homem mais baixinho e ele assentiu.

— Ela está bem, não está? — o mais alto perguntou. — Não vai ser agora que vamos machucá-la.

— Princesa, você conhece o tio? — perguntei e ela assentiu. — Ele já fez mal a você?

— Ele não. Mas aquele... — apontou para o maior. — Me assusta. — cochichou, como se fosse um segredo.

— Preciso que vá com ele. — engoli o nó que se formou na garganta. — Você vai para casa, vai ver a mamãe e o Miguel. Vai ter suas coisinhas, sua cama, seus brinquedos... — falhei miseravelmente ao tentar segurar o choro. — Sua vida, sua paz.

— Você não vem?

— Espera por mim. — dei um selinho nela e um beijinho de esquimó. — Eu te amo.

— Eu te amo sempe. — sorri e a entreguei para o homem.

— Leve-a em segurança e depois destrua o carro.

— Sim, senhor. — caminhei até o grandão e fiquei observando minha filha entrar no carro e ambos desaparecerem na estrada.

~••~

Oi, galerinha do bem, tudo bom com vocês?
A MILENA ESTÁ DE VOLTA!

Chorei tanto escrevendo esse capítulo que vocês não têm ideia. Aguenta coração.

Deixa eu só lembrar que nem tudo é o que parece. Pay attention on signals.

Até o próximo!

Beijox.

Um Bebê Entre Nós - Segunda Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora