Vivian
Mark se afastou tão lentamente que eu poderia jurar que não queria sair de cima de mim. Ele se levanta e caminha em direção ao banheiro, dando-me a visão de todo o seu corpo nu, de costas. O homem que acabou de me proporcionar o melhor sexo consensual da minha vida vai ao banheiro e poucos minutos depois retorna, mas interrompe os passos ao fixar os olhos em algum ponto na cama, atrás de mim.
— Merda. Você está sangrando!
Penso em me levantar, mas Mark se aproxima, impedindo-me e virando com delicadeza meu corpo. Ele me deita de bruços.
— Não se mexa.
Olho para o lugar onde estava deitada na cama e me deparo com uma pequena poça de sangue.
Mark cuida do meu machucado e, quando termina, sinto sua boca tocando minhas costas. Eu me viro de lado observando-o se deitar.
— Você vai ficar bem — sussurra. Pela primeira vez demonstra, mesmo que infimamente, um traço de preocupação.
Sorrio enquanto meus dedos tocam seu rosto sério.
— Viu? Eu não estou traumatizada por ter feito sexo com você.
— Mas ainda carrega traumas. — Encaramo-nos por longos segundos. A impressão é de que cada um está tentando ler os pensamentos do outro.
— Eu sinto medo, mas não de você — e então, mais uma vez, Mark sorri. Talvez seja a segunda vez que o vejo fazer isso em um curto espaço de tempo.
— Eu sei — diz e eu o encaro, decidida a contar tudo que me aconteceu.
— Minha primeira vez não foi delicada como todas as garotas sonham, mas na verdade eu nem pensava nisso. Eu era uma criança. — Mark se ajeita na cama, observando-me com uma expressão séria. — Fui atropelada, invadida intimamente por um homem cujas mãos estavam "sujas" com o sangue da minha mãe. O problema é que aquele homem se tornou meu dono por anos. Eu me via a cada dia mais aprisionada dentro de um país desconhecido. Nunca saí da casa. A sorte é que sempre tive os livros e era neles que buscava informações.
— Como você fugiu? — Mark agora está com um cotovelo apoiado à cama, a atenção totalmente voltada para mim.
— Eu não menti quando disse que um dos funcionários dele me ajudou. Eu o seduzi, usei da única arma que tinha, meu corpo. Eu tinha acesso ao quarto de Ramirez e, mesmo que ele tenha escondido a senha do cofre, dei um jeito de memorizar quando tive a oportunidade. Um dia ele disse que tinha se apaixonado por mim, mas estava muito bêbado para perceber meus olhares atentos sobre tudo que estava acontecendo ali durante anos.
— Você esperou o momento certo. — Concordo com a cabeça.
— Sim. Eu tive que seduzir um daqueles homens nojentos e...
— E conseguiu fugir. Esse era o seu objetivo. Você não desistiu — Mark conclui o que eu ia dizer, mas eu olho para um dos meus pulsos.
— Eu quase desisti uma vez e... — mostro o pulso e Mark o analisa, mas não diz nada. — Eu era menor de idade, consegui documentos falsos, mas não pude voltar para o meu país de imediato. Tive que me esconder. Encontrei uma mulher, que me ajudou; uma professora de espanhol, e foi assim que me tornei uma também.
— Espanhol?
— Precisava de um emprego quando completei vinte um. Eu me especializei na língua e consegui um emprego em uma escola na Califórnia.
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FÚRIA ( DISPONÍVEL NO KINDLE/AMAZON )
AcciónNão devemos nos punir por algo ruim que fizemos no passado, mas Mark Vicent parece remoer alguns momentos em que cometeu erros incorrigíveis. Depois de anos vivendo na escuridão, decide que está na hora de voltar à ativa. Um ex-SEAL está pronto para...