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– Você se lembra, não é? – Ela pergunta calmamente e minha cabeça está girando, acho que estou morto.

Não! Já sei! Eu ainda estou em casa e acabei dormindo antes de ir a festa. É um pesadelo e quando eu acordar Jack e Marco estarão bravos porque me atrasei para a festa. É isto!

– Noah? – sua voz me chama de volta para ela.

Abro os olhos e ela ainda está ali. O que está acontecendo?

– Você pode parar de me seguir?

– Noah, eu...

– Essa piada não tem graça, garota! Eu vou descobrir quem te pagou pra ficar me seguindo e eu... eu... Eu vou chamar a polícia e você e quem armou isso vai se ver com eles.

Desvio dela e continuo andando em direção ao estacionamento.

– Noah, espera... – a garota vem andando atrás de mim. – Sou eu. Maia.

– Maia? – solto uma risada irônica. – Ok, Maia. Onde estamos? Eu morri?

– Morreu? O que? – ela me encara confusa. – Como assim?

– Eu estou de frente para uma garota que está dizendo ser a minha amiga imaginaria, a qual eu nem lembrava porque não a via há mais de dez anos. E ela está mais velha, não é mais uma criança. Nós não somos mais crianças. Então, como é isso? Como funciona? O que você está fazendo aqui?

– Você não precisa de mim? – a expressão da garota em minha frente muda para triste e eu estou ficando cada vez mais confuso.

– O quê? Sério, o que está acontecendo aqui? Quem é você e por que está dizendo ser a Maia? Como você sabe da Maia?

– Noah. – ela me encara seria. – Eu sou a Maia e eu estou aqui porque você precisa de mim. Você se lembra? Você precisava quando era criança.

– Ai, meu Deus, não! – começo a caminhar em círculos perplexo. – Não, não, não...

– Você falava mais palavras quando era mais novo. – ela diz. – O que aconteceu? De repente ficou burro?

A olho por completo, dos pés à cabeça, e paraliso quando meus olhos encontram os dela.

– Como você faz isso? Quando eu olho nos seus olhos, são os olhos dela. Como você faz isso, porra?!

– Noah... – ela se aproxima, me segura pelo braço fazendo me encara-lá. –  são meus olhos. Sou eu. Eu juro, Noah. Sou eu. Maia.

– Meu Deus.

Eu estou olhando em seus olhos e não posso acreditar. Maia está ali, na minha frente. Como isso é possível?

Eu a abraço forte e começo a chorar como um garotinho, correndo todo o risco de estar abraçando o vazio, mas eu não me importo. É ela. É Maia. Eu sei que é.

As respostas rápidas e inteligentes. A careta que ela fez ontem. A forma como ela parece estranhamente familiar. Os olhos...

– Você está velha. – nos soltamos do abraço, e enquanto seco algumas lágrimas  a encaro.

– Eu não estou velha. – Maia me dá um soquinho no ombro de leve.

– Não... você não entendeu. Como? Como você cresceu?

– Então, tem um lugar no céu em que nós ficamos olhando as pessoas que nos imaginam, vemos elas casarem, terem filhos e tudo mais, e enquanto isso nós envelhecemos também e morremos com vocês.

– Sério?

– Não! – ela gargalha. – Eu também não sei. Inventei agora.

– Oh, não! – rio. – Meu Deus.

– E então? – Maia junta nossas mãos e me encara. – Por que eu estou aqui?

– Como assim?

– A única coisa que eu sei sobre mim e sobre os outros como eu é que nós aparecemos quando nosso criador precisa.

Imagination [short] + nc Onde histórias criam vida. Descubra agora