five

61 9 0
                                        

– Eu não sei... eu...

Meu celular começa a vibrar no bolso na calça, Jake esta me ligando.

– Droga! É o Jack. Os meninos estão me esperando. Eu costumo levar eles para casa depois da aula.

Volto a andar em direção ao estacionamento.

– Jack? – Maia se anima. – Senti falta dele. Ele ainda é baixinho?

– Sim, ele não cres... Calma, Maia – a encaro. – Você não pode falar com ele.

– O quê? Por quê?

– Eu estou te vendo, mas droga, Maia, você é invisível. Eu estou parado aqui falando com uma garota invisível – desencadeio a falar. – Eu estou aqui novamente nessa escola falando sozinho.

– Você não está falando sozinho. Isso não é legal.

– Eu não quero te magoar. Sério. Não mesmo. Mas nós dois sabemos que só eu te via. Só eu te vejo...

– Sei...

– Sinto muito, Maia. Mas vamos fazer como quando éramos crianças, okay? Vamos fingir que você não está aqui.

– Okay! – Maia concorda meio decepcionada.

Continuamos caminhando rumo ao estacionamento. Maia pega minha mão e entrelaça seus dedos aos meus, lembro que andávamos muito assim quando crianças. É estranho, mas ao mesmo tempo familiar.

– Então... – ela começa. – Você entrou pro time.

– Não começa, tá? Eu gosto.

– Sei – ela solta um risinho abafado. – Seu técnico já te viu correr? – ela ri alto e leva uma das mãos para a boca tentando controlar o riso.

– Eu sei correr! – a encaro com o ego um pouco ferido.

Maia começa a rir e sinto meu celular vibrar novamente no bolso.

Sério, Jack! Sério?

Puxa Maia pela mão e começamos a andar mais rápido. Avisto Marco encostado no meu carro e Jack com o celular na orelha.

– Achei que você tivesse sido abduzido. – Jack diz assim que me vê. – A pontualidade é uma coisa maravilhosa. Você deveria tentar um dia.

– A gratidão é uma coisa maravilhosa! – abro a porta de trás do carro e finjo arrumar a mochila no banco dando tempo para que Maia se aloje ali. – Eu te dou carona, então, você deveria tentar um dia.

Marco ri e se senta no banco de trás ao lado da Maia. Jack se senta no banco da frente e eu passo rapidamente o cinto pelo meu corpo e começo a dirigir com pressa.

Tenho que chegar em casa o mais rápido possível. Eu e Maia precisamos entender o que está acontecendo. Preciso saber se não estou ficando louco.

– Então... – Marco pigarreia. – O que vamos fazer hoje?

– Maratona de Freaks and Geeks? – Jack pergunta.

– Talvez Stranger Things – Marco diz. – Já que coisas sem explicações estão acontecendo nesse carro. Não é, Noah?

– O que? Hum? – estava meio desatento, apenas focando em chegar em casa o mais rápido possível e olhando constantemente pelo retrovisor para Maia que apenas observava a paisagem.

– O que vamos fazer hoje? – Jack pergunta sem paciência.

– Ah, sim... – relaxo um pouco o corpo e tento não parecer estranho. – Hoje eu não posso. Estou meio ocupado com umas coisas...

– Tem uma coisa a ver com a garota no carro? Porque, cara, uma hora você vai ter que falar dela.

Jack fecha a boca e eu paro o carro com tudo. Nossos corpos são jogados para frente. Graças a Deus todos estão de cinto.

– Mano... – Marco se recupera no banco de trás.

– Você é louco? Poderia ter matado a gente? – Jack me fuzila com o olhar.

– Vocês conseguem ver ela?

– Vocês conseguem me ver?

Maia e eu perguntamos ao mesmo tempo.

– Mas é claro. Por que não conseguiríamos. Bando de louco. Certeza que vai ficar a marca desse cinto no meu corpo e...

– Noah? – escuto Maia chamar baixinho. – Como?

– Eu não sei, Maia. Eu não sei...

– Maia? – Marco nos encara. – Espera a sua Maia?

– Sim.

E então Marco e Jack começam a gritar feito loucos.

Imagination [short] + nc Onde histórias criam vida. Descubra agora