six

64 6 0
                                        

– Então, o que você sabe sobre o mundo dos amigos imaginários? – Marco está sentado no chão do meu quarto de frente para Maia. Ele tem o celular nas mãos e sempre que ela abre a boca ele começa uma nova pesquisa na internet procurando eu nem sei ao certo pelo que. – Tem outros lá?

– Já vi outros... – Maia responde. – Mas quando éramos crianças – ela olha para mim e da um sorriso e por um momento me sinto super saudoso. – Mas como eu já disse... – ela volta a encarar Marco e enfatiza as palavras, cansada de responder a mesma pergunta para ele pela quarta vez. –  só existo quando o Noah precisa de mim.

– O mais estranho é o porque podemos te ver – Jack percorre os olhos por Maia analisando-a como se ela fosse um objeto de estudo. – Tempo demais andando com um louco fez nós dois ficarmos louco? – ele se dirige ao Marco e eu jogo meu travesseiro nele.

– Noah, cheguei! – minha mãe invade meu quarto de supetão. – Se você e os meninos... – ela para quando seus olhos encontram Maia sentando no chão do quarto. – ah... Hoje temos uma garota aqui? – ela parece chocada demais e sinto minhas bochechas queimarem de vergonha, provavelmente estou vermelho.

– Senhora, Kellee! – Maia se levanta e abraça minha mãe empolgada.

Whoa, whoa, whoa, não! Minha mãe me olha com olhos arregalados enquanto Maia a abraça com força.

– Nós nos conhecemos, querida? – mamãe pergunta quando Maia a solta.

Vejo a expressão da Maia mudar. Ela me olha confusa e um pouco triste por mamãe não se lembrar dela. Sinto muito por isso mas logo entendo que mamãe não se lembra porque na verdade ela nunca havia visto Maia, ela mentia quando eu era criança, possivelmente para me confortar.

– Ééé... – Maia começa sem jeito.

– Eu falo muito da senhora pra ela, mãe – digo. – Tanto que ela sente que lhe conhece.

– Ah... Entendo – mamãe diz sem jeito, mas logo está sorrindo e agindo normalmente. – E qual é seu nome? Noah nunca me falou sobre garotas – ela olha para mim e pisca.

Oh, não! Isto está saindo do controle.

– Maia.

– Maia? Nossa, querida, esse nome me faz lembrar de ótimas histórias sobre quando Noah era criança – mamãe ri. – Não é uma grande coincidência, Noah?

– Sim, na verdade...

– Senhora, Kellee – Jack me interrompe. – Essas histórias meio que envergonhariam o Noah – ele limpa a garganta.

– Ah, sim – mamãe indireta a postura sem graça. – Vamos deixar para mais tarde – ela ri e segura a mão de Maia. – Só vim dizer que se vocês quiserem comer algo tem alguns sanduíches prontos na cozinha. Foi um prazer, Maia – mamãe sorri. – Depois eu te conto tudo – ela sussurra no ouvido de Maia e deixa o quarto.

– Mas que porra? – Jack fala baixo tentando se assegurar que minha mãe não pode ouvir. – Você ia contar para ela?

– Eu... – balbucio.

– Cara, não! – Marco diz. – Até sabermos melhor quanto tempo ela vai ficar aqui, porque ela está aqui e você sabe... - ele gesticula aportando para Maia. – qualquer coisa sobre... É melhor não contamos para ninguém.

– Valeu, nerd! – Jack aponta para Marco que franze a cara em reprovação ao "nerd". – Nada de sair contanto para as pessoas que ela é sua amiga imaginaria.

– Pelo menos sabemos que vocês não são os únicos que me enxergam – Maia sussurra. – É estranho ser visível.

Maia está com medo. Pela primeira vez vejo Maia com medo.  Pela primeira vez está acontecendo algo que nós dois não sabemos como lidar.

Quando éramos crianças, Maia me dava coragem. Eu gostava de estar com Maia. Ela me abraçava quando eu estava assustado e dizia que tudo ficaria bem enquanto tivéssemos um ao outro, e eu me sentia melhor.

– Está tudo bem – me aproximo dela e abraço como ela fazia comigo quando éramos crianças. – Tudo vai ficar bem porque temos um ao outro.

Imagination [short] + nc Onde histórias criam vida. Descubra agora