capítulo quatro

22 2 0
                                    

Todas as escolas possuiam suas regras e leis. Algumas escolas da região não permitiam bolsas de outras cores se não pretas. Algumas escolas não permitiam a entrada dos alunos se esses chegassem um minuto atrasados.

Na ETC eram proibido poemas.

Poesias,textos,crônicas,letras,desenhos, qualquer coisas que viesse embriagada de sentimento ou eu-lírico era permanentemente dispensável na escola.

Literatura era a matéria mais crua e massante que se podia existir.Apenas coisas necessárias e teóricas eram pregadas pelos professores.O mínimo de poesias vinham para dar exemplo de autores nos livros,na maioria das vezes era apenas um,e normalmente esse um,por mais que pudesse ter sentimento,perdia o interesse nos olhos de um aluno.

O motivo superficial era a influência que poemas ou qualquer um de seus derivados poderiam ter sob as pessoas. E a ETC era uma escola que lutava incessantemente pela "liberdade" dos alunos proibindo então qualquer veículo de influências que pudessem desestruturar os alunos.

Houve um suicídio.Há muito tempo,quando a ETC ainda era um internato religioso apenas para meninos.O garoto foi encontrado pendurado pelo pescoço em uma corda bem no centro de seu dormitório.A sua carta de despedida foi um poema.A família abriu mão de ficar com o poema de despedida do menino e a escola provavelmente deve ter queimado.

Depois encontraram um diário repleto de poemas.Cada uma ia decompondo cada vez mais a sanidade mental que restava no rapaz.

De quem poderia ser a culpa por um suicídio? Independente da lógica ou da questão de empatia que responsáveis poderiam ter tido,a escola achou melhor proibir poemas e qualquer coisa "sentimental" já que não podia impedir o suicídio.

Poesias,principalmente.Eram palavras proibidas e tóxicas por ali.

Por isso que aquele poema colado do lado de dentro do portão foi uma explosão.Uma emoção a mais.Um sentimento que atingiu em cheio todos os seres humanos presentes naquela escola.

E trouxe a tona a existência de uma sociedade secreta que existia apenas para poetizar.Para poetizar num ambiente opressor e rechea-los de rebeldia.

E Bella estava maravilhada com isso tudo.

Claro que o poema já havia sido retirado do portão da escola e por mais que o comentário não saísse da boca dos alunos,a diretoria agia como se nada tivesse acontecido.E por fazer isso,muito provavelmente logo logo seria como se nada realmente tivesse acontecido.

Eles tinham esse poder.

Bella estava sentada sozinha no horário do intervalo.Mari estava se recuperando e Miguel não veio para escola.Sem dar explicações,ele apenas não veio.E Bella também não via Luís por lugar nenhum,era uma coisa natural em Bella.Procurar por ele em qualquer lugar.

Mas a menina gostava da solidão.Era a condição perfeita para refletir em paz.Depois de ter feito um interrogatório com os alunos da sua sala e de salas inferiores a respeito da Cidade da Meia Noite ela precisou tirar um tempo para refletir.Para alguns podia ser desnecessário,mas Bella não estava nem ai.

O fato de suas pesquisas particulares terem indicado que uma grande parcela da escola sabia da existência da sociedade,até mesmo alunos mais novos,fez com que Bella se recolhesse ao seu canto.Como ela,que estava no terceiro ano do colegial,veterana da escola há mais ou menos dez anos não sabia da existência da Cidade da Meia Noite?

Por mais que a menina se culpasse por isso,ela sabia que o principal motivo para ela não saber era porque a sociedade simplesmente nunca havia aparecido.Até agora.

Bella sentiu uma necessidade gigante de saber tudo a respeito disso.Como surgiu,quem fundou,o que faziam,as poesias que criavam,os sentimentos que cultivavam.Ela queria fazer parte da Cidade da Meia Noite.Só não sabia como.

Cidade da Meia-NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora