Bella tem o ótimo costume de se sentir incomodada.E esse negócio da sociedade secreta e dos alunos que agem como se nada tivesse acontecido realmente é uma coisa que a incomoda.Ela não saberia explicar o porquê de se importar tanto,porém ela também nunca esteve afim de ser coerente.
Foda-se o mundo,não?
- Por que você nunca me disse a respeito dessa sociedade? - ela pergunta ao amigo,estavam os dois e Mari jogados nas escadas da entrada e se expremendo para o lado quando algum aluno entrava na escola.
- Você nunca me perguntou - Miguel respondeu simplesmente.A indiferença dele a tudo isso estava deixando ela maluca.
- E desde quando eu preciso perguntar algo para você me dizer esse algo?
- Bem,desde os primórdios da civilização se você quer saber de algo você pergunta.
- Ah,sim,porque ideias como essas simplesmente apareceriam na minha mente,tipo: "Hum,eu realmente acho que existe uma sociedade secreta na escola,acho que vou perguntar para o Miguel a respeito disso" - ela disse com toda a carga de ironia em sua voz fazendo Mari rir.
- Fica calma,Bella - ela pede - É só uma sociedade secreta de mais de oitenta anos - a menina disse e deu ombros.
- Exatamente.Que merda tem de impressionante numa coisa dessas? - Miguel pergunta.
- Vocês dois são insensíveis - Bella reclama - É uma sociedade secreta que surgiu para fazer poesia! - Bella não entendia porque que isso não impressionava os amigos tanto quanto a ela.
- E dai? - Miguel perguntou teimoso.E Bella estreitou seus olhos para ele por trás dos óculos - Aquariana,você quer um concelho?
- Não - Bella respondeu prontamente.
- Esquece isso - Miguel disse,ignorando-a - É só um bando de caras que se reúne pra fazer merda nenhuma e se auto-intitulam de Cidade da Meia Noite.Se você quiser nós três podemos abrir uma sociedade secreta também e nos reunirmos uma vez por semana e dar um nome ao nosso grupo - ele disse dando de ombros.
- Eu gostei disso - Mari comenta.
- Eu não quero "abrir" uma sociedade secreta - Bella diz - E você é um babaca,Miguel.
O menino riu.
- Por que você se chateia tanto? - ele perguntou - Veja a Mari - ele disse passando o braço pelos ombros da menina - Ela está de boas,e é assim que você deveria estar também.Sem paranoias - ele disse.
- Eu sou de boas em relação a tudo - Mari refletiu.E Miguel assentiu.
- É poesia,Miguel.Poesia!Você sabe que eu sou apaixonada por poesia - a menina disse.
E era a mais pura verdade.A admiração de Bella por poesias a fazia ser uma escritora de ponta e uma analista de sentimentos e expressões quase profissional.
- É poesias que você quer,minha aquariana? - Miguel perguntou - Me peça e eu escrevo todos os poemas do mundo para você - o rapaz se ofereceu.
Fazendo Bella perder a fala e depois se recompor em uma gargalhada.
- Você,Miguel? Poesia? Até parece - ela desdenhou,gargalhando. O amigo apenas estreitou os olhos com uma feição leve.
Bella ria tanto que nem percebeu quando Luís se aproximou,mas quando colocou os olhos na imensidão verde dos olhos dele,a menina começou a se recompor.
- Fróes,grupo de estudos com os meninos do time hoje a tarde - ele avisou,olhando para Miguel. O rapaz fez um aceno com a cabeça.
- Espera,você também? - Bella perguntou,indignada.O loiro a encarou - O que anda acontecendo com vocês,meninos populares,um golpe de consciência? - ela perguntou revezando o olhar entre o amigo e Guerra.
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Cidade da Meia-Noite
RomanceBella Montês olhava para os fatos recorrentes em sua vida como se fossem comuns a uma adolescente numa cidade pequena. Ela estava relativamente confortável a sua situação: Ao seu melhor amigo astro do futebol e rei do intervalo; A sua única amiga v...